terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O talento persa enlouquece Israel


MK Bhadrakumar

A expressão popular “Me segurem!”, que os israelenses usam muito, é útil quando, numa briga de rua, você pede que os amigos o segurem e impeçam que você dê uns sopapos no grandão que o desafia e que tem boa chances de, se quiser, pôr você a nocaute.

Israel aprendeu a manobrar a expressão “Me segurem!” com perfeito timing. O timing é importante, porque, a menos que você grite “Me segurem!” a tempo, você estará à frente do grandão, sem opção de fuga; e ameaçado de ser visto como arrogante, que finge que é o que não é e que pode o que não pode.

Mais uma vez, Israel está requentando a ‘ameaça’ de que estaria à beira de atacar o Irã. Al-Jazeera publicou um interessante artigo de MJ Rosenberg, conhecido comentarista judeu-norte-americano, que oferece o histórico de muitas ameaças israelenses desse tipo, na história recente[1]. Claro que nenhuma das ameaças recentes foi cumprida. Por quê? É simples: o establishment militar e de segurança israelense é constituído de seres racionais, que conhecem bem as próprias potências e fragilidades e que não se deixarão arrastar por políticos ensandecidos.

Assim sendo, por que Israel insiste em fazer, dessas ameaças verbais ocas, meio de vida? De fato, as ameaças não são completamente ocas: têm excelente lógica e objetivo claro. Israel está enviando sua mensagem aos políticos em Washington: ‘Façam mais alguma coisa, além do que estão fazendo no front iraniano’. Também nesse caso, o timingé importante. Nada horroriza mais Israel que a possibilidade de se reiniciarem negociações sobre a questão nuclear iraniana. O espectro de recomeçarem as negociações ‘5+1’ e de avançarem provoca pânico em Israel. Portanto, Israel trabalha dedicadamente para boicotar qualquer via política/diplomática. Israel sabe que, mais cedo ou mais tarde, se se seguir a via diplomática, os passos lógicos seguintes porão frente a frente os diplomatas iranianos e norte-americanos.

Então, Israel recomeçou, aos gritos de “Me segurem!”. Vale a pena ler o despacho (hilário) da Associated Press[2], sobre o desespero que cresce entre os israelenses. Mas o grito de guerra dos israelenses já começa a ecoar em Washington. O pessoal no Capitólio que recebe generosa contribuição do lobby israelense já está exigindo mais ação contra o Irã. Parece que já se estuda outro conjunto de sanções a serem impostas pelos EUA[3] ao Irã.

O governo dos EUA tem um problema a resolver. E tem também de prestar atenção ao que diz o influente canal Fox News: que o Irã pode vir a ser o coringa que decidirá as eleições presidenciais de 2012[4]. O presidente Barack Obama sabe que a eleição será disputa apertada – a menos que os Republicanos indiquem Newt Gingrich para fazer-se de idiota na campanha, em comparação ao qual o atual presidente parece candidato infinitamente melhor.

O desafio para Obama é conseguir surfar a onda da histeria de guerra que Israel tenta inflar; e extrair daquela histeria o maior número possível de votos conservadores durante a campanha; mas sem ter de atacar o Irã (ação para a qual, como Obama sabe melhor que qualquer um no planeta, os EUA não têm nem motivação nem capacidade).

Do ponto de vista de Obama, o melhor dos mundos seria poder ordenar ataque militar limitado contra o Irã – como fez Bill Clinton, que disparou velhos mísseis contra Kandahar, mantendo-se bem longe, em distância segura). Mas essa não é opção hoje, a menos que houvesse total, absoluta, completa garantia, 100% garantido, que Teerã não retaliará. Essa garantia, evidentemente, não existe.

Felizmente, Obama conta com os préstimos de um político experimentado: seu secretário de Defesa Leon Panetta. Panetta entrou logo em ação[5]. Desdisse tudo o que dissera antes e passou a dizer que o Irã tem capacidade para construir uma bomba no prazo de um ano, se resolver ter bomba; que se isso acontecer, e se a inteligência dos EUA apresentar provas de que o Irã persiste em seu programa nuclear, ele, nesse caso, não descartaria nenhuma opção, para impedir o avanço do Irã. Muito bem posto! Nesses termos, o Irã não precisa preocupar-se demais. E, ao mesmo tempo, Panetta consegue não desmentir nem contradizer Israel... apesar de ter lançado boa água fria na histeria israelense contra o Irã.

Simultaneamente, o Pentágono despachou mais navios de guerra para o Golfo Persa. O maior risco dessa encenação é que de repente, sem que nenhum dos hábeis protagonistas desejem, surja uma faísca que pode, em pouco tempo, desencadear conflagração apocalíptica.

Não é descabido o medo dos israelenses, de serem condenados a viver em planeta deserto, dada a alta competência dos iranianos no front diplomático. O Irã é mestre consumado das artes da diplomacia e confia nos próprios talentos para servir, na máxima amplidão, aos interesses centrais do país. A saga pós-Iraque depois de 2003 é exemplo brilhante.

Como bem se poderia prever, o Irã já começou a extrair importantes dividendos políticos da visita que os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) fazem a Teerã. A equipe inclui dois inspetores de armas cuidadosamente selecionados os quais, muito provavelmente, já saíram de Viena com ordens de não voltar de Teerã sem alguma coisa que prove que a bomba existe.

Pois os iranianos sugeriram que os inspetores prolonguem a visita, prevista para três dias, até depois de 30/1,[6] para que os inspetores possam visitar mais instalações nucleares no Irã e conversar o quanto queiram com cientistas iranianos, até que se convençam de que não existe programa iraniano para construir bombas atômicas.
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[1] 30/1/2012, Al-Jazeera, em http://www.aljazeera.com/indepth/opinion/2012/01/2012128122641676605.html
[2] 30/1/2012, Washington Post, em http://www.washingtonpost.com/world/middle-east/israeli-officials-say-the-window-of-opportunity-to-strike-iran-narrowing-fast/2012/01/30/gIQABJf2cQ_print.html
[3] http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5h8Ka00kVoWzrLPfv-C5RaCTTrD9w?docId=CNG.bcdec355a00fa740b8ffef84b1330e0c.251
[4] http://www.foxnews.com/politics/2012/01/30/iran-may-be-wild-card-in-2012-election/
[5] http://www.rferl.org/articleprintview/24467286.html
[6] http://www.newsday.com/news/world/iranian-nuke-inspectors-can-stay-longer-1.3491163?print=true

Tradução Vila Vudu

domingo, 29 de janeiro de 2012

É ótimo para Israel que o mundo não pare de falar sobre ‘Irã nuclear’



Robert Fisk

É muito difícil, no jornalismo, voltar atrás na história – e raras vezes pode ser mais difícil que voltar atrás na história, no caso do Irã. Irã, a sombria ameaça da revolução islâmica. Irã xiita, protetor e manipulador do Mundo do Terror, da Síria, Líbano, Hamás e Hezbollah. Ahmadinejad, o Califa Louco. E, claro, Irã Nuclear, preparando-se para destruir Israel numa nuvem-cogumelo de ódio antissemita. Irã pronto a fechar o Estreito de Ormuz – no instante que forças ocidentais (ou de Israel) ataquem.

Dada a natureza do regime teocrático e a repressão à oposição em 2009, para não falar dos vastíssimos campos de petróleo, qualquer tentativa de injetar algum senso comum na cobertura precisa vir com alerta do ministério da saúde: “NÃO, a vida não é possível no Irã.” Mas...

Examinemos a versão israelense, segundo a qual, apesar de repetidas provas de que os serviços de inteligência israelenses são no mínimo tão eficientes quanto os sírios, continua a ser repetidamente trombeteada pelos amigos de Israel em todo o mundo – nenhum deles mais subserviente que os jornalistas ocidentais. O presidente de Israel avisa que o Irã está às vésperas de produzir sua bomba atômica. Que Deus nos proteja. Sim. Mas nenhum jornalista escreve que Shimon Peres, então primeiro-ministro de Israel, disse exatamente as mesmas palavras em 1996. Há 16 anos. E ninguém tampouco escreve que o atual primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu disse, em 1992, que o Irã teria sua bomba atômica em 1999. Deveria tê-la tido há 13 anos. Sempre a mesma velha história.

A verdade é que ninguém sabe se o Irã está ou não está construindo a bomba atômica. E, depois do Iraque, chega a ser engraçado ver que as velhas armas de destruição em massa voltam a pipocar com a mesma frequência com que pipocavam denúncias sobre o titânico inexistente arsenal de Saddam. Para nem falar da questão das datas. Quando tudo isso começou? O Xá. O Xá queria poder nuclear. Chegou a dizer que queria sua bomba “porque EUA e URSS têm bomba atômica” e ninguém reclamou. Os europeus correram a satisfazer o desejo do Xá. Quem construiu o reator nuclear em Bushehr foi a empresa Siemens – não alguma Rússia.

E quando o aiatolá Khomeini, Terror do Ocidente, Apóstolo da Revolução Xiita etc., assumiu o poder no Irã em 1979, imediatamente ordenou que todo o projeto nuclear fosse cancelado, porque era “obra do demônio”. Só quando Saddam invadiu o Irã – com nossas bênçãos ocidentais – e pôs-se a matar iranianos com gás venenoso (feito de componentes químicos que o ocidente lhe fornecia, é claro) foi possível convencer Khomeini a reiniciar o programa nuclear do Irã.

Tudo isso foi apagado dos registros históricos; quem inventou o programa nuclear foram os mulás de turbante negro, associados a Ahmadinejad, o doido. E Israel está obrigada a destruir essa arma terrorista para salvar-se da destruição, para salvar o ocidente da destruição, para salvar a democracia etc. etc.

Para os palestinos na Cisjordânia, Israel é potência brutal, colonial, ocupante. Mas no momento em que se fala do Irã, a Israel brutal, colonial, ocupante é convertida em pequeno estado frágil, vulnerável, pacífico, que enfrenta iminente ameaça de extinção. Ahmadinejad – e aqui, mais uma vez, são palavras de Netanyahu – é mais perigoso que Hitler. Todo o arsenal de bombas atômicas de Israel – absolutamente reais e existentes estimadas hoje em quase 300 – some da cobertura jornalística. Os Guardas Revolucionários do Irã estão ajudando o regime sírio a destruir a oposição. Talvez estejam. Mas até hoje ninguém viu disso uma prova sequer.

O problema central é que o Irã venceu praticamente todas as suas guerras recentes, sem precisar disparar um tiro. George W & Tony destruíram o arqui-inimigo do Irã, o Iraque. Mataram milhares do exército sunita ao qual o Irã referia-se como “o Talibã negro”. E os árabes do Golfo, nossos amigos “moderados”, tremem de medo em suas mesquitas douradas, quando nós, no ocidente, pintamos o quadro de seu destino no caso de uma revolução iraniana xiita.

Não surpreende que Cameron continue a vender armas a essa gente repugnante cujos exércitos, em todos os casos, mal conseguem operar fogões de quatro bocas, imaginem se saberão operar as sofisticadas armas aladas de bilhões de dólares que nós lhes empurramos goela abaixo, sob a sombra do medo de Teerã.

Que venham as sanções. Convoquem também os palhaços.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Kadafistas retomam cidade líbia de Bani Walid


Partidários de Muamar Kadafi retomaram hoje o controlo sobre a cidade líbia de Bani Walid, matando o chefe da guarnição local, içando a bandeira verde do regime da Jamahiriya (Poder Popular) sobre o quartel. A cidade encontra-se nas mãos dos kadafistas e o Governo está organizando tropas para enviar de Trípoli à reconquista de Bani Walid. O levante ocorreu quando partidários do novo governo quiseram prender partidários do líder martirizado.

A Agência France Press relata que os kadafistas insurretos estavam "fortemente armados", com metralhadoras e RPG, e, segundo um responsável local, M'Barek al-Fotmani, atreveram-se em pleno dia a atacar "a Brigada 28 de Maio, a mais importante em Bani Walid e a única que depende do Ministério da Defesa". Em seguida tomaram o controlo de toda a cidade.

Segundo o mesmo Fotmani, citado pela AFP, "os combatentes gritavam 'Allah, Kadafi, a Líbia é tudo!' Na véspera tinham distribuído comunicado dizendo: 'Vamos voltar em breve e vamos eliminar os ratos'".

Segundo o site SPIEGEL ONLINE, foram mortos cinco e ferido entre 20 e 30 soldados pró-governamentais. Fotmani afirmou à AFP que não foi possível evacuar os feridos porque franco-atiradores colocados na escola e na mesquita impediam as ambulâncias de se aproximarem. E lançou uma apelo a que os partidários do novo Governo viessem do resto do país apoiar os seus correligionários ainda cercados em Bani Walid.

Uma fonte militar do Conselho Nacional de Transição (CNT) afirmou que vão enviar tropas a Bani Walid. As autoridades locais do CNT na cidade parecem, contudo, pouco confiantes nestas informações. Mahmud el-Werfeli, porta-voz do conselho local, citado pela AFP, afirma recear "um massacre" e acrescenta: "Pedimos uma intervenção do Exército, mas o Ministério da Defesa e o CNT traíram-nos, deixaram-nos entre o martelo e a bigorna. Há dois meses que lhes pedimos para encontrarem uma solução".

A crise de Bani Walid vem, assim, somar-se à crise do Governo central, com o vice-presidente do CNT, Abdelhafidh Ghoga, a apresentar ontem a sua demissão na sequência de diversas manifestações, incluindo uma de estudantes da Universidade de Bengazi que o agrediram fisicamente. Em Bengasi, a sede do CNT foi saqueada no sábado.
Estes acontecimentos são apenas o início da vingança do povo árabe líbio ao martírio de seu líder, Muamar Kadafi, que tombou heroicamente lutando pela defesa de seus país, diante da maior força militar do planeta, a Otan e as maiores potências imperialistas.
O regime da Jamahiriya (Poder Popular) criado por Muamar Kadafi não será destruído pelas forças invasoras estrangeiras, e em breve a bandeira verde voltará a tremular em todas as cidades líbias, para honrar a memória e os sangue dos mártires – mais de 200.000 líbios foram covardemente assassinados em bombardeios aéreos pela Otan e países imperialistas.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

EE.UU. amenaza con sancionar a países de Latinoamérica que recibieron a Ahmadineyad


El Departamento de Estado de Estados Unidos (EE.UU.) advirtió a los países de América Latina que recibieron la semana pasada al presidente de Irán, Mahmud Ahmadineyad, que podrían estar sujetos a sanciones en caso de profundizar sus relaciones comerciales con la República Islámica.
“Si (decisiones a puertas cerradas) van a llevar a esos países en la dirección de comprar más petróleo iraní y a hacer mayor uso de sus bancos, entonces se hacen más vulnerables a las sanciones de Estados Unidos", señaló la vocera del Departamento de Estado, Victoria Nuland.

Al ser consultada por la prensa acerca de que si los países que visitó Ahmadineyad se expusieron a potenciales sanciones por parte de Washington, Nuland dijo que las reuniones por sí mismas no son las expuestas a sanciones, sino ‘los compromisos con bancos iraníes y las compras de crudo’, destacó.

El líder de la Revolución Islámica concluyó el pasado jueves en Ecuador una gira por América Latina, que también lo llevó por Cuba, Venezuela y Nicaragua en la que obtuvo promesas de apoyo para afrontar las crecientes sanciones de occidente por el desarrollo de un programa nuclear con fines pacíficos.

Sin embargo, Nuland dijo que si bien es competencia de la soberanía de cada país decidir a que gobernantes reciben, los mandatarios anfitriones saben que Estados Unidos no considera que la visita de Ahmadineyad sea útil a la política mundial.

Reiteró que Washington vio la gira de Ahmadineyad como el intento de “desesperación” de un país que por sus “malas decisiones” se ha puesto cada vez más en dirección del aislamiento internacional.

Al responder si el acercamiento de Venezuela, Ecuador, Cuba y Nicaragua con Irán dañaría los lazos con Estados Unidos, la vocera del Departamento de Estado indicó que su país tiene con varios de ellos dificultades que van más allá.

Fonte: TeleSurTV

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Militares norte-americanos humilham suas vítimas



Nas fotos aqui publicadas duas versões da moral dos soldados norte-americanos. Em uma delas um yanque humilha e pratica violência sexual contra um civil no Iraque.
Na segunda foto, militares norte-americanos urinam em afegãos assassinados pelos imperialistas.
Estas fotos - e o vídeo http://youtu.be/_d7tAyDd8Hs - retratam a moral dos militares representantes de uma sociedade (capitalista-sionista) doente, predadora e perniciosa para o mundo.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Multitudinarias manifestaciones en las calles de Siria en apoyo a Bashar Al Assad

Damasco, enero 11 - Un día después del discurso del presidente de Siria, Bashar Al Assad, el pueblo sirio salió este miércoles a las calles de las principales ciudades para apoyar a su mandatario y a las reformas políticas que lleva a cabo. Los manifestantes expresaron su rechazo a la intervención extranjera y a todo acto de terrorismo en la nación árabe.

El corresponsal de teleSUR en el Medio Oriente, Hisham Wannous informó este miércoles que los manifestantes ocuparon las plazas de las principales ciudades de Siria en respaldo al presidente Al Assad, al programa de reformas que está llevando a cabo y para manifestar su rechazo a la intervención extranjera y al terrorismo.

Los sirios también condenan la postura de la Liga Árabe (LA) que está intentando justificar una intervención militar, luego del fracaso de obtener una resolución de condena a Siria en el Consejo de Seguridad de la ONU (Organización de Naciones Unidas), reportó Wannous.

"Los manifestantes han respondido al llamado del presidente sirio cuando dijo en su discurso de ayer (martes) que su pueblo es el único capaz de superar y poner fin a la crisis" marcada desde marzo pasado por enfrentamientos entre fuerzas policiales y grupos de terroristas armados denunciados por el Gobierno.

El pueblo sirio ha salido a las calles para "decirle al mundo entero que apoyan a su presidente y que rechazan todo terrorismo y la intervención", reiteró el corresponsal.

Por otra parte, el periodista informó que este miércoles "el terrorismo volvió a golpear a Damasco (capital siria), cuando un grupo de terroristas atentó contra un autobús de las Fuerzas del Mantenimiento del Orden y causó la muerte de cuatro personas".

Este martes durante su alocución, el mandatario sirio propuso crear una nueva Constitución, que será aprobada mediante un referendo popular.

También destacó que el pueblo sirio pide mano firme contra los grupos terroristas que azotan al país y que según fuentes oficiales son financiadas desde el exterior.

Asimismo, reiteró que Siria ve de forma positiva la visita de los observadores de la Liga Árabe, que llegaron al país el pasado 27 de diciembre, porque "queremos mostrar la realidad", pero denunció que la Liga Árabe está "manipulada por Occidente".

"Dentro de las intenciones de Occidente está la división del pueblo árabe y el quiebre de su identidad", enfatizó.

La misión de observadores, integrada por 163 personas, se encuentra en Siria con el objetivo de buscar caminos hacia la solución de la crisis.

Según la Organización de Naciones Unidas (ONU), más de cinco mil personas han perdido la vida en Siria desde que comenzaron las protestas a favor y en contra Al Assad en marzo pasado; en tanto, el Gobierno, responsabiliza por estas víctimas a grupos de infiltrados apoyados por las potencias para sembrar caos en el país.

Autor: TeleSUR

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Eleições na Líbia 2012


Notícias recentes de Trípoli informam que em muitos bairros, vilas e aldeias líbias estão faltando gêneros alimentícios para comprar e os bancos não estão liberando o dinheiro dos correntistas. As multinacionais não estão pagando pelo petróleo que levam da Líbia porque estão cobrando as “despesas de guerra”.
A Líbia é um país que, sob a liderança de Muamar Kadafi, denunciou ao mundo a enganação do processo eleitoral exportado pelos EUA. Hoje, no lugar dos Comitês e Congressos Populares, onde o povo exercia a democracia direta, sem políticos e sem representantes, o novo governo [fantoche do Ocidente] prepara eleições fraudulentas, financiadas por países estrangeiros.
Após a eleição, os líbios passarão a ter aquilo que os ocidentais têm na maioria dos países chamados democráticos: uma quadrilha de ladrões em cada bairro, em cada cidade, em cada estado – nas câmaras municipais, prefeituras e governos estaduais e governo federal.
Ao verificar hoje a maioria das cidades líbias destruídas, a falta de gêneros alimentícios, o envio de petróleo ao exterior para pagar a guerra imposta pela Otan, os líbios se perguntam: “para isso assassinaram mais de 200.000 líbios? Para roubar o país e regredir na organização política?”

Associação dos Apoiadores do livro Verde no Brasil

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Eleições na Líbia 2012

Plataforma política’ e ‘utilidade’ da Fraternidade Muçulmana
Pagamentos’ aos países da OTAN por serviços de ‘mudança de regime’
Nova ‘legislação’ eleitoral, escrita pelo CNT

Franklin Lamb (de Trípoli), Counterpunch

Nas entrevistas e conversas com muitos líbios – estudantes, advogados, juízes no Ministério da Justiça, donos de lojas e conhecidos em Trípoli, a impressão que se têm é que a Fraternidade Muçulmana (FM) não tem apoiadores nessa sociedade religiosa, conservadora, de muçulmanos sunitas. A opinião que mais se ouve segue, em linhas gerais, alguma coisa como “a Fraternidade é muito diferente de como os líbios vemos o Islã”; “São estrangeiros e querem intervir na vida dos líbios”; e “Não nos interessa trocar um regime autoritário, por outro.”

Isso posto, para muitos observadores na Líbia, é altamente provável que a Fraternidade Muçulmana vença as eleições previstas para o mês de junho.

A causa de a Fraternidade Muçulmana estar ganhando força, segundo a opinião de vários especialistas, é o apoio do Qatar e o fato de a FM ter organizações muito bem estruturadas no Egito, Tunísia, Marrocos, Argélia e Turquia. Os voos que chegam a Trípoli, vindos do Egito, vêm sempre lotados de agentes da FM, segundo o professor [que chamaremos de] “Dr. Ali”, cientista político pro-Gaddafi que, pelo menos até agora, ainda não foi demitido da universidade onde dá aulas.

A FM já está muito bem organizada e trabalha com grandes orçamentos nas periferias de várias cidades líbias, recrutando membros e organizadores de campanhas sociais, operando sempre com extrema discrição. Os membros foram instruídos a raspar as barbas; prometer governo sem corrupção; evitar discussões acaloradas; lembrar aos líbios mais ansiosos que “a Líbia não é o Afeganistão” e que, na Líbia, todos querem segurança, paz doméstica e nenhuma interferência externa.

Mesmo assim, um novo documento de orientação geral distribuído pelo Guia Geral da FM no Egito, Dr. Mohammad Badih, e que sugere que a FM estaria trabalhando a favor de um Califato Islâmico, conforme os princípios definidos pelo fundador da FM, o Imã Hassan al-Banna, gerou muita controvérsia nos círculos políticos líbios, depois de ter também gerado muita discussão no Egito.

EUA, Grã-Bretanha e França apenas observam, por hora, tentando avaliar o rumo dos acontecimentos – como me disse o embaixador de um país do sul da África.

Muitos – entre os quais funcionários do Conselho Nacional de Transição, além de advogados e juízes do Ministério da Justiça (onde estive semana passada para entrevistas, durante dois dias, à procura de informação sobre várias pessoas que permanecem sob custódia do Conselho Nacional de Transição e das milícias) – dizem que o Departamento de Estado dos EUA dá a impressão de ainda não ter definido qualquer política clara para a Líbia, porque os americanos ainda não têm posição clara sobre a Fraternidade Muçulmana.

Para várias das pessoas com quem falei, alguns especialistas norte-americanos insistem na ideia de que estaria em rápida formação um ‘crescente’, um ‘arco’ da FM, por todo o Magreb; que esse ‘arco’ também estaria crescendo na Turquia; e que a FM rapidamente dominará a Síria, a partir do momento em que (e se) o governo Assad for derrubado.

A Fraternidade Muçulmana pode ser muito útil a Washington.

Muitos no Congresso e no governo Obama (e o lobby sionista dentro e fora do Congresso) entendem que, depois de o governo dos EUA ter falhado no esforço para provocar guerra entre sunitas e xiitas em toda a região, a Fraternidade Muçulmana pode ser a ferramenta inesperada com a qual contarão para o mesmo objetivo – que é a única política dos EUA para essa parte do mundo, desde o final dos anos 1980s.

Esses mesmos grupos também dão sinais de esperar que, depois de obter fatia considerável de poder no próximo governo da Síria, a Fraternidade Muçulmana conseguirá, em pouco tempo, implantar-se também no Líbano; com isso, a comunidade sunita reencontraria, afinal, a liderança política forte que perdeu há sete anos, desde o assassinato do primeiro-ministro Rafiq Hariri; e teria meios para deslocar do poder o Hezbollah xiita.

Em resumo, é bem provável que os países da OTAN nada façam para alterar o atual rumo das eleições; que se ‘descolem’ do Conselho Nacional de Transição (o qual, de qualquer modo, só tem mais seis meses no poder); e que deixem que a Fraternidade Muçulmana aproxime-se cada vez mais de controlar o próximo governo na Líbia.

A Fraternidade Muçulmana na Líbia tem, de fato, muitas propostas a encaminhar, todas diretamente conectadas com vários dos problemas cruciais que os líbios enfrentam; e o grupo tem longa experiência na organização de partidos políticos à moda das democracias representativas, algo de que os líbios estão distantes desde 1972, quando se organizaram os Comitês Populares Revolucionários com competência para tomar decisões legislativas e administrativas.

Os líbios enfrentam hoje muitas graves questões, dentre as quais as seguintes:

– falta de segurança, com as milícias cada vez mais agressivas, tanto nos confrontos com a população quanto nas disputas entre as próprias milícias (como aconteceu em Trípoli, essa semana);

– rumores crescentes de corrupção dentro do Conselho Nacional de Transição. Um dos assuntos de que mais se fala em Trípoli é que não há dinheiro no Banco Central da Líbia para abastecer os bancos em todo o país. Não há dúvidas de que algo há aí, e mais dia menos dia, à medida que se acumulem as dificuldades bancárias, o escândalo explodirá. Ainda no verão, o governo Gaddafi limitou os saques a 500 dinars mensais ($475). O novo ‘governo’ aumentou esse limite para 750 dinars mensais, o que ainda não é suficiente, com preços que aumentaram quase 18% em média desde aquelas primeiras regras, que incluíram congelamento de preços, ainda sob Gaddafi; e preços que não param de aumentar.

Começaram a acumular-se suspeitas de corrupção, no caso das dificuldades bancárias, porque – segundo funcionário do novo Banco Central Líbio, que trabalhou durante 15 anos nos serviços que monitoram pagamentos recebidos por petróleo líbio exportado –, embora o petróleo continue a ser embarcado e enviado, como sempre foi, e as transações apareçam na contabilidade como pagamentos feitos, nenhum dinheiro entra, realmente, no caixa do Banco Central. Isso, explicou aquele funcionário, porque os países da OTAN estão recebendo petróleo (também o Qatar, rico em gás e petróleo) gratuito. Esse é o arranjo que o Conselho Nacional de Transição fez com a OTAN, para ‘pagamento’ dos serviços prestados pela Aliança na ‘mudança de regime’.

Não há dúvidas de que, mais dia menos dia, o escândalo eclodirá, por menos noticiadas que sejam essas questões. Tentando verificar a verdade das informações que obtive daquele funcionário, falei também com a funcionária encarregada diretamente da entrada daqueles pagamentos. Ouvi dela que os funcionários do Banco Central estão indignados, porque falta moeda em todas as agências pelo país, onde se formam filas de clientes desesperados que, muitas vezes, têm de esperar horas e, quando chegam ao caixa, são informados que terão de voltar outro dia, para sacar os 750 dinars do próprio dinheiro que podem sacar, por mês.

Essa semana, assisti a cenas tristes nas agências bancárias próximas à face sul da Praça Verde e na rua Omar Muktar, onde eu tentava, em vão, encontrar uma máquina de saque automático que funcionasse. É triste, sim, ver idosos em fila, sob chuva forte, por horas, tentando sacar dinheiro que é deles; e quando afinal chegam ao caixa, ficam sabendo que terão de voltar outro dia, quando,enshallah, talvez ainda haja dinheiro para os que estavam no fim da fila. Muita gente diz que deveria ter sacado todo o dinheiro dos bancos, logo em fevereiro, quando ainda era possível. Agora é tarde, e a irritação é crescente.

O candidato preferido do Qatar, Abdel Hakim Belhaj – comandante do Conselho Militar de Trípoli; ex-líder do Grupo de Combate Líbio Islâmico [ing. Libyan Islamic Fighting Group] ligado à Al-Qaeda; e que está processando ministros e o M-16 britânicos, acusando todos de cumplicidade no complô do qual resultou que ele e sua esposa foram entregues em março de 2004 ao serviço secreto da Líbia, em cujas mãos, segundo Belhaj, ele teria passado sete anos sob tortura – está prometendo que, se eleito, resolverá o problema dos bancos. Conta, provavelmente, para isso, com a ajuda do Qatar, enquanto se aproximam as eleições previstas para junho.

A Fraternidade Muçulmana, por sua vez, converteu em item de sua ‘plataforma eleitoral’ na Líbia o pagamento devido aos combatentes, com promessa de criar empregos para os arregimentados nas milícias mercenárias, vários dos quais absolutamente não confiam em Belhaj (dentre outros motivos porque prosseguem os confrontos armados entre milícias do leste e milícias do oeste da Líbia).

A Fraternidade Muçulmana apoia até os direitos das mulheres... ou quase. O grupo fala sempre mais de reconstruir a cidade; de limpeza urbana e recolhimento do lixo; de organizar o trânsito – os engarrafamentos praticamente paralisam algumas ruas do centro de Trípoli (mais de um milhão de líbios acorreram à capital e não dão mostras de pensar em voltar às cidades de onde fugiram, ainda completamente destruídas); e nunca esquece o diálogo entre as seitas.

A necessidade de desarmar as milícias, de conseguir que os jovens armados entreguem as armas às autoridades; que se alistem, se quiserem, nas forças policiais ou num novo exército líbio regulares; ou que procurem emprego ‘normal’, abrindo mão dos soldos que as milícias ainda pagam – são apenas algumas das questões extremamente sensíveis, sobre as quais a Fraternidade Muçulmana absolutamente não fala, ou fala sem qualquer convicção.

Internamente, a Fraternidade Muçulmana e o Conselho Nacional de Transição já admitem que ninguém conseguirá desarmar as milícias, no curto prazo. Jovens com os quais conversei ontem durante uma manifestação na Praça Verde disseram, com todas as letras, que ‘sentem saudade’ dos dias de guerra: “Era quase sempre muito emocionante. E fiz lá grandes amigos” – disse-me um rapaz muito jovem, de Benghazi, decidido a permanecer em Trípoli, vivendo com seus companheiros de milícia.

Mais um desenvolvimento que operará a favor da Fraternidade Muçulmana nas próximas eleições é a nova lei de alistamento eleitoral implantada na 2ª-feira passada: a nova legislação elimina, na prática, vários dos principais opositores da Fraternidade Muçulmana.

A nova lei regulamenta a eleição de uma assembleia nacional que deverá redigir uma nova constituição para a Líbia e formar um segundo governo de ‘transição’– e espera-se que toda a nova legislação esteja completada no prazo de um mês.

Pela nova legislação, “ex-membros do governo Gaddafi” não se podem candidatar nas próximas eleições. Dentre os juízes com os quais conversei no Ministério da Justiça, alguns manifestaram profunda preocupação, porque, disseram, mais de 80% da equipe que trabalha naquele e em muitos outros ministérios – juízes e advogados, dentre outros funcionários –, já trabalhavam nas mesmas funções durante o governo de Gaddafi e são todos bons líbios e bons funcionários, que jamais se aproximaram de qualquer tipo de corrupção. O escopo e a aplicação das novas leis gerarão ali muita discussão.

Pela nova legislação, também não se pode candidatar às eleições líbias nenhum professor ou acadêmico cuja produção intelectual e acadêmica publicada tenha algum dia considerado ou citado as formulações do Livro Verde – o livro-manifesto em que Gaddafi expôs sua teoria da sociedade e do governo, e no qual declara a Líbia uma “república dos muitos”. Essa restrição da nova lei atinge milhares de líbios, porque, em todos os casos, exibir currículo acadêmico no qual houvesse estudos da Jamayrya e do Livro Verde serviu, durante décadas, como meio para abrir portas. Aconteceu também na China, quando inúmeros intelectuais usavam, como meio para abrir portas na carreira acadêmica, muitas referências ao Livro Vermelho de Mao, sempre presentes, também, nos currículos acadêmicos. Intelectuais, professores, alunos, jornalistas e outros, que durante décadas escreveram sobre e citaram oLivro Verde de Gaddafi – no qual se discutem questões de política e de economia e há reflexões sobre a organização social e a participação política – estão, todos eles, nos termos da nova lei eleitoral, impedidos de candidatar-se.

A nova legislação de alistamento eleitoral é preconceituosa e limita o número de assentos com votos reservados a mulheres no Parlamento, a apenas 10% dos 200 lugares; mas a lei nada diz sobre garantir votos a representantes das áreas tribais. Uma senhora com quem conversei comentou, indignada: “Para a Fraternidade Muçulmana, uma mulher vale 20 vezes menos que um homem”.

Nada sugere que o Conselho Nacional de Transição tenha interesse em criar obstáculos eleitorais contra a Fraternidade Muçulmana, sobretudo nos últimos tempos, quando começam a acumular-se críticas sobre ação do governo de transição, que estará extinto dentro de poucos meses.

Mês passado, uma organização guarda-chuva, que se apresentou como representante de 70% dos mercenários das milícias de Benghazi exigiu que o Conselho Nacional de Transição lhes garantisse, no mínimo, 40% dos postos de trabalho no governo. O Conselho Nacional de Transição ignorou o grupo e nomeou tecnocratas. Mustapha Abdul Jalis já esqueceu a promessa de aposentar-se em junho; e tem sido criticado também por não ter cumprido a promessa de renunciar ao cargo depois da queda de Sirte.

Tradução: Vila Vudu

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A guerra econômica dos EUA contra o Irã


Pepe Escobar, Asia Times Online

NEW YORK. Por aqui, a corrida é desenfreada, cada um querendo detonar, mais que o outro, a economia global.

Uma emenda chave à Lei de Defesa Nacional [orig. National Defense Authorization Act] assinada pelo presidente dos EUA Barack Obama no último dia de 2011 – quando ninguém estava prestando atenção – impõe sanções a todos os países ou empresas que comprem petróleo iraniano e paguem a compra através do banco central iraniano. Entrará em vigência no próximo verão: quem desobedecer, ficará impedido de comerciar com os EUA.

A emenda – que, para todas as finalidades práticas, é declaração de guerra econômica – é trazida até vocês sob o alto patrocínio do Comitê EUA-Israel de Relações Públicas [orig. American Israel Public Affairs Committee (AIPAC)], obedecendo ordens diretas do governo de Israel comandado pelo primeiro-ministro Benjamin “Bibi” Netanyahu.

Cataratas de artigos e comentários de especialistas tentaram introduzir alguma racionalidade na ideia: seria um plano B do governo Obama, o qual estaria assim impedindo que os cães de guerra israelenses atacassem diretamente o Irã (para destruir um suposto programa de armas nucleares).

A verdade é que a estratégia original de Israel era ainda mais histérica: impedir que todos os países e empresas do mundo pagassem ao Irã pelo petróleo que importassem, exceto, talvez, China e Índia. E, como se não bastasse, o pessoal do AIPAC ainda tentava convencer todos de que essa ideia não resultaria em aumentos insaciáveis nos preços do petróleo.

Outra vez, comprovando capacidade inigualável de atirar no próprio pé calçado em sapato Ferragamo, governos na União Europeia debatem se compram ou não compram petróleo iraniano. A dúvida existencial é compram já ou dão um tempo. Inevitavelmente, como a morte e os impostos, o resultado já é – e o que mais poderia ser? – petróleo mais caro. O cru já oscila em torno de $114, e a única porta aberta é para cima.

Me entreguem ao pé do cru, na hora certa![1]

O Irã é o segundo maior produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEC), exportando até 2,5 milhões de barris de petróleo ao dia. Cerca de 450 mil desses barris vão para a União Europeia – o segundo maior mercado para o Irã, depois da China.

Gunther Ottinger, burocrata sem rosto como exige a função de Comissário para Energia da União Europeia, andou espalhando que a União Europeia poderia contar com a Arábia Saudita, para suprir o que não comprasse do Irã.

Qualquer analista de petróleo que se dê ao respeito sabe que a Arábia Saudita não tem capacidade ociosa para suprir essa grande demanda extra. Além disso, e mais importante, a Arábia Saudita tem de vender caro o seu petróleo caro. Afinal de contas, a Casa de Saud contrarrevolucionária precisa muitíssimo desses fundos para subornar todos que tenha de subornar para impedir que brote por lá algum tipo de Primavera Árabe local.

E há também a ameaça que Teerã já fez, de bloquear o Estreito de Hormuz, impedindo assim que 1/6 do petróleo do mundo e 70% das exportações da OPEC cheguem aos mercados consumidores. Os varejistas estão fazendo o diabo para estocar a maior quantidade de cru que consigam comprar.

Esqueçam petróleo a preços acessíveis de $50, mesmo $75, o barril. O preço pode subir depressa, chegar a $120, $150 o barril, no próximo verão, como aconteceu em 2008, no auge da crise. E a OPEC, por falar nisso, está extraindo mais óleo do que nunca desde o final de 2008.

Assim sendo, o que começou como objeto explosivo improvisado que Israel escondera numa beira de estrada, já se vai transformando em colete de explosivos para suicídio coletivo, preso por cadeado a setores inteiros da economia global.

Não surpreende que o presidente da Comissão de Segurança Nacional e Política Externa do Parlamento Iraniano, Ala'eddin Broujerdi, tenha alertado para a possibilidade de as novas ‘sanções’ não passarem de “trapalhada estratégica” [orig. strategic blunder] nos países ocidentais.

Tradução: se a coisa continuar, o nome do jogo para 2012 é recessão global profunda.

Obama joga os dados

Primeiro, Washington fez vazar que sanções contra o banco central do Irã “não estão sobre a mesa”. Afinal de contas, é claro que o governo Obama sempre soube que ‘as sanções’ fariam o preço do petróleo explodir, e que são passagem só de ida para profunda recessão global. E, quanto ao Irã, só arrancará ainda mais dinheiro do petróleo exportado.

Pois mesmo assim o combo Bibi-AIPAC empurrou a emenda facilmente, goela abaixo do Senado e do Congresso dos EUA – mesmo depois de Tim Geithner, secretário do Tesouro dos EUA, ter-se manifestado claramente contra ela.

A emenda que acaba de ser aprovada pode não ter o efeito de “sanções incapacitantes” que o governo israelense tanto exigia. Teerã sentirá o aperto – mas o aperto não alcançará nível intolerável. E só aqueles irresponsáveis que povoam o Congresso dos EUA – desprezado por maioria ampla dos norte-americanos, como informam todas as pesquisas em circulação por aqui – poderiam ter suposto que conseguiriam tirar do mercado 2,5 milhões de barris do petróleo que o Irã exporta... sem provocar consequências gravíssimas em toda a economia global.

A Ásia precisará de cada vez mais petróleo – e continuará a comprar petróleo iraniano. E os preços do petróleo prosseguirão, rumo à estratosfera.

Tudo isso considerado, por que Obama assinou aquela emenda? Porque agora, para o governo Obama, só se trata, exclusivamente, de reeleição. Os doidos terminais ativos no circo eleitoral dos Republicanos – com Ron Paul como honrada exceção – só falam de ataque ao Irã; prometem que, se eleitos, atacarão o Irã no dia da posse; e muitos eleitores norte-americanos, sem saber o que pensar ou por quê, estão gostando da ideia.

Ninguém está fazendo nem as contas mais simples, que ajudariam a ver que as economias europeia e norte-americana absolutamente não precisam de barril de petróleo aproximando-se dos $120, se alguém ainda espera obter alguma recuperação econômica, mínima que seja.

Mostre o seu, que eu mostro o meu

Além da gangue OTAN-Euro, que vive crise terminal de autodetonação, praticamente todos, naqueles arredores, ignorarão a guerra econômica que EUA-Israel declararam contra o Irã:
– a Rússia já disse que contornará o bloqueio;

– a Índia já usa o banco Halkbank, na Turquia, para pagar o petróleo que compra do Irã;

– o Irã e China estão ativamente negociando novos acordos de venda de petróleo. O Irã é o segundo maior fornecedor de petróleo para a China (só perde para a Arábia Saudita). A China paga em euros e pode, em breve, passar a pagar em yuans. Em março, já haverá novo acordo assinado entre Irã e China sobre novos preços;

– a Venezuela controla um banco binacional com o Irã, desde 2009; através desse banco, o Irã recebe todos os pagamentos dos negócios que mantém na América Latina;

– a Turquia, tradicional aliada dos EUA, com certeza encontrará meios para isentar a empresa turca TUPRAS, de importação de petróleo, das novas‘sanções’; e

– a Coreia do Sul também encontrará algum meio, para continuar comprando do Irã, em 2012, os cerca de 200 mil barris/dia de que precisa.

China, Índia, Coreia do Sul, todos mantêm complexos laços comerciais de mão dupla com o Irã (o comércio China-Irã, por exemplo, é da ordem de $30 bilhões/ano, e está aumentando). Nada disso será ‘extinto’ só porque o eixo Washington/Telavive ordene. Deve-se esperar, isso sim, uma onda de novos bancos privados, a serem constituídos em todo o mundo em desenvolvimento, exclusivamente para continuar comprando petróleo iraniano.

Novidade haveria, só se Washington tivesse cacife para impor sanções aos bancos chineses, porque negociam com o Irã.

Pelo outro lado, é necessário reconhecer o cacife (ou, não sendo isso, a coragem) de Teerã. O Irã enfrenta campanha praticamente jamais interrompida, há anos, de assassinatos pré-determinados e sequestros de cientistas iranianos; ataques em território iraniano, na província do Sistão-Baloquistão; sabotagem de sua infraestrutura, por israelenses; invasões de seu território por drones norte-americanos de espionagem; ameaças incessantes, de Israel e do Partido Republicano dos EUA, de “choque e pavor” sempre iminentes; e os EUA venderam $60 bilhões de armas à Arábia Saudita. E Teerã não cede.

Teerã acaba de testar – com sucesso – mísseis cruzadores iranianos, e bem ali, exatamente no Estreito de Hormuz. E quando Teerã reagem à agressão repetida, insistente, incessante do ocidente, ainda é acusada de cometer “atos de provocação”.

6ª-feira, todos os editorialistas do New York Times estavam em lua de mel com o Pentágono, todos repetindo as mesmas ameaças contra o Irã e clamando, todos, por “pressão econômica máxima”.

A conclusão é que os iranianos médios sofrerão – tanto quanto sofrerão os europeus endividados, devastados pela crise. A economia dos EUA também sofrerá. E, cada vez que entender que o ocidente está ficando histérico além do suportável, Teerã poderá servir-se do seu pleno direito de mandar os preços do petróleo às alturas.

O governo de Teerã continuará a vender petróleo, continuará a enriquecer urânio e – o mais importante – não cairá e continuará a ser governo. Como míssil Hellfire disparado contra festa de casamento pashtun, as ‘sanções’ ocidentais fracassarão miseravelmente. Não sem, antes, provocarem vasto dano colateral – no próprio ocidente.


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[1] Orig. Get me to the crude on time. Ecoa aí um “Get me to the world on time” (“Me entreguem no mundo, na hora certa”), gravação dos The Electric Prunes, do rock psicodélico dos anos 1960s, que pode ser ouvido em http://letras.terra.com.br/electric-prunes/121503/. Há quem insista em ouvir aí também ecos de “Get me to the church on time” (“Me entreguem na igreja, na hora certa”), do musical “My Fair Lady” (dir. George Cukor), dos mesmos anos 1960s, tb gravada por Frank Sinatra, também nos mesmos anos 1960s (em http://letras.terra.com.br/frank-sinatra/328596/). Que anos 1960s foram aqueles! Seja como for, a grande gravação de “Take me to the church on time” é de Judy Garland, que morreu em 1969 (em http://www.youtube.com/watch?v=ScSd03OjVx4&feature=related). É complicado. Cada leitor terá de construir seus percursos de interpretação [NTs].

Tradução: Vila Vudu