sábado, 30 de junho de 2012

Dr. Ali Bagdhadi, o que aconteceu com a Líbia?

No momento da extradição para a Líbia, domingo passado, entregue covardemente pelas autoridades tunisianas, o Dr. Ali Bagdhadi Mahmoudi expressava preocupação no seu semblante outrora tranquilo. O sorriso permanente deixou o seu rosto desde que a Otan começou a despejar bombas na Líbia, assassinando mais de 200 mil pessoas, para garantir a exploração e domínio do petróleo líbio pelos norte-americanos e seus cúmplices franceses, ingleses e canadenses. O martírio do líder Muamar Kadafi foi outro acontecimento que retirou de vez a alegria de seus olhos. O rosto suave, o sorriso permanente, faziam do Dr. Ali Bagdhadi uma figura reconhecida, querida e admirada pelo povo líbio, por isso ele foi eleito Secretário Geral do Comitê Popular da Líbia, algo que no ocidente corresponde a primeiro ministro, mas que na Líbia da Jamarirya significa verdadeira expressão popular, porque os dirigentes não eram eleitos por voto secreto, eleições manipuladas ou compradas, farsas democráticas, imprensa corrupta. Na Líbia da Jamahiriya o povo não transferia poder: formava Comitês Populares em cada bairro, em cada fábrica, e decidiam seus interesses e problemas praticando a democracia direta.
Enquanto nos Estados Unidos da América temos um tipo de democracia fraudulenta, onde dois partidos dirigem a cena política, financiados por grupos econômicos, corporações, multinacionais, banqueiros e todos os tipos de interesses contrários ao interesse popular, na Líbia Socialista de Muamar Kadafi não havia esse circo para enganar a população. O poder popular era exercido diretamente pelo povo, sem representantes, sem representação, sem partidos políticos. O Livro Verde de Mumar Kadafi explica claramente pontos chaves desse tema: o parlamento é a falsificação da democracia. Não há democracia sem Comitês e Congressos Populares.
Nas conferências e encontros que tive a oportunidade de assistir na Jamahiriya Líbia, o Dr. Ali Bagdhadi conversava despreocupado com qualquer pessoa presente. Trocava idéias, emitia opiniões, conversava de igual para igual com qualquer pessoa. Isto seria impensável na chamada democracia ocidental, onde os ministros se cercam de seguranças e esquemas de proteção para mantê-los longe da população.
Hoje, depois de três anos, vejo a foto do Dr. Ali Bagdhadi nos jornais, no momento de sua extradição à Líbia onde ele será torturado até à morte pelos bandos criminosos que tomaram o poder, financiados e apoiados por potências ocidentais criminosas, colonialistas. Uma quadrilha de criminosos (presidentes e ministros dos EUA, França, Inglaterra, Canadá, Catar e outros) se uniu para ocupar a Líbia e destruir um governo popular e soberano, que estava mostrando ao mundo a farsa da democracia ocidental, e apresentando como proposta a construção do poder popular, onde cada cidadão seria associado e não assalariado, onde a terra é de todos que queiram trabalhar a terra, onde a casa é de quem mora nela.
Por todos esses motivos - e muitos outros mais - a Líbia foi invadida e saqueada, e seu líder martirizado, repetindo os fatos quando a Itália ocupou a Líbia e martirizou o líder Omar Moukhtar em 1931.
O que aconteceu com a Líbia Dr. Ali? Os traidores, mercenários, ratos e canalhas venceram? “Temporariamente”, ele diria.
O que aconteceu com o líder Muamar Kadafi? “Ele pagou o preço por ser honrado, idealista e justo em um mundo dominado por governantes imperialistas, corruptos,traiçoeiros e mercenários”.
Na Tunísia entidades de defesa dos direitos humanos e juristas entraram com ação contra o governo porque praticamente condenou à morte um líbio que havia se refugiado no país, contra sua vontade porque ele desejava seguir para a Argélia, um país soberano, cujo governo tem honra e dignidade para proteger aqueles que buscam refúgio em solo argelino. Argélia que foi atacada e quase destruída pelo colonialismo francês.
O Dr. Ali Bagdhadi está vivenciando agora o que restou de um país atacado e ultrajado pelo imperialismo e seus criminosos aliados colonialistas. Esta é a Líbia que os norte-americanos e seus cúmplices legaram ao mundo: um país onde a tortura é diária, onde os direitos humanos não são respeitados, onde as pessoas são assassinadas impunemente.

José Gil, coordenador do
Movimento Democracia Direta do Paraná

O mundo sobreviverá à ambição arrogante de Washington?

Paul Craig Roberts, Institute of Political Economy


Quando o presidente Reagan nomeou-me para o cargo de vice-secretário do Tesouro para Política Econômica, disse-me que tínhamos de restaurar a economia dos EUA, resgatá-la da estagflação, para voltarmos a ter economia forte, para enfrentar os soviéticos e convencê-los a negociar o fim da Guerra Fria. Reagan disse que não havia motivo algum para continuarmos a viver sob a ameaça de uma guerra nuclear. O governo Reagan alcançou os dois objetivos.

Mas, imediatamente depois, esses dois sucessos do governo Reagan foram descartados pelos governos que vieram depois dele. Foi o próprio vice-presidente de Reagan e seu sucessor na presidência, George Herbert Walker Bush, quem primeiro violou o acordo Reagan-Gorbachev: ao incorporar à OTAN partes do Império Soviético; e ao instalar bases militares ocidentais junto à fronteira da Rússia.

O processo de cercar a Rússia com bases militares prosseguiu sem descanso ao longo de vários governos nos EUA, com inúmeras “revoluções coloridas” pagas pelo Fundo Nacional dos EUA para a Democracia [orig. US National Endowment for Democracy,NED] que, para muitos, não passa de fachada para ações clandestinas da CIA. Washington tentou ‘mudança de regime’ na Ucrânia, para instalar ali um governo controlado por Washington; e na Georgia ex-soviética, terra natal de Joseph Stalin, conseguiu.

O presidente da Georgia, país entre o Mar Negro e o Mar Cáspio, é reles fantoche de Washington. Anunciou, há pouco tempo, que a Georgia ex-soviética será incorporada à OTAN, como membro pleno, em 2014.

Os mais velhos ainda lembrarão que a Organização do Tratado do Atlântico Norte, OTAN, é aliança criada entre a Europa Ocidental e os EUA, contra o perigo de o Exército Vermelho tomar toda a Europa Ocidental. O Atlântico Norte fica muito, muito longe do Mar Negro e do Mar Cáspio. Por quê a Georgia seria convertida em membro da OTAN... a menos que se trate de, assim, oferecer a Washington uma base militar no “baixo ventre macio da Rússia” [ing. russian soft underbelly, expressão criada por Churchill, no início do século 20]?

É absolutamente evidente, evidente demais, que os EUA – os dois principais partidos – já decidiram que Rússia e China são os inimigos ‘da hora’. Ainda não se sabe se o ‘projeto’ é destruir os dois países ou apenas incapacitá-los e torná-los impotentes, para que não se possam opor ao avanço imperial de Washington. Seja qual for o projeto, todos os caminhos levam à guerra nuclear.

A prostituída imprensa-empresa norte-americana [orig, presstitute American press] insiste em que um diabólico governo Sírio ‘do mal’ estaria assassinando civis inocentes, que só ansiariam por democracia; que se a ONU não intervier militarmente, os EUA terão de agir, em nome da defesa de direitos humanos. Rússia e China são pintadas como demônios-assessores do demônio mor sírio, até por altos funcionários do governo dos EUA, porque se opõem ativamente à ideia ensandecida de que a OTAN ‘deve’ atacar a Síria.

Os fatos são muito diferentes e absolutamente não aparecem na prostituída imprensa-empresa norte-americana e nas ‘declarações’ de altos funcionários do governo dos EUA. Os ‘rebeldes’ sírios estão armados com armamento militar. Os ‘rebeldes’ estão lutando contra o exército sírio. Os ‘rebeldes’ massacram civis. Os mesmos ‘rebeldes’, em seguida, ‘informam’ às mídias prostituídas que lhes prestam o sujo serviço de distribuir propaganda no ocidente, que os massacres seriam obra do governo sírio. E subprostitutas da subimprensa-empresa de repetição repetem para todo o ocidente a mesma propaganda.

Dado que as armas que se veem nas mãos dos ‘rebeldes’ não estão à venda nos mercados sírios nem em banca de frutas, é óbvio que alguém está armando os ‘rebeldes’. Os melhores analistas e observadores do mundo têm repetido que aquelas armas são fornecidas aos ‘rebeldes’ pelos EUA ou por subalternos aos quais os EUA atribuem a tarefa (local) de armar ‘rebeldes’ (locais), em vários pontos do mundo.

Assim sendo, já não é segredo que Washington provocou uma guerra civil na Síria, exatamente como fez na Líbia. Apenas que, dessa vez, russos e chineses perceberam a tempo e absolutamente não permitirão que se aprove, no Conselho de Segurança da ONU, resolução-golpe semelhante à que o ocidente conseguiu arrancar do CS e usou contra Gaddafi.

Para contornar esse impedimento, peguem aí um avião Phantom velho, dos anos 1960s, da Guerra do Vietnã, e mandem a Turquia mandar o Phantom voar para dentro das fronteiras sírias. Os sírios derrubarão o jato velho e, então, a Turquia apelará aos seus aliados na ONU, para que acorram em seu socorro contra a Síria. Fracassada a opção ONU, Washington poderá invocar algum neo ‘dever-de-atacar’, nos termos do tratado que criou a OTAN, para defender aliado membro da OTAN... contra a Síria já eficazmente demonizada.

A mentira neoconservadora que continua a ser usada como justificativa por trás das chamada ‘guerras de hegemonia’ de Washington é a mentira de que os EUA estariam levando democracia aos países que invade, ocupa e destrói com bombardeios. Mal parafraseando Mao, “a democracia nasce do cano do fuzil”. Contudo, pouca democracia há à disposição da Primavera Árabe; menos ainda, no Iraque e no Afeganistão, dois países que foram “libertados” na invasão-ocupação-bombardeio democráticos dos EUA.

Os EUA estão distribuindo guerras civis e países estilhaçados, pelo mundo. Exatamente o que o presidente Bill Clinton distribuiu na ex-Iugoslávia. Quanto maior o número de países desmontados, reduzidos a cacos e dilacerados por guerras entre grupos locais rivais... maior o poder de Washington.

A Rússia de Putin entende claramente que a própria Rússia está sob ameaças, não só porque Washington paga para criar uma “oposição russa”, mas, também, porque Washington trabalha para criar guerras entre facções islamistas, também em estados seculares de população muçulmana, como o Iraque e a Síria. Essas cisões respingam também sobre a Rússia e fazem despertar questões russas, como o terrorismo checheno.

Quando um estado secular é derrubado, as facções islamistas ficam liberadas para saltar, umas ao pescoço das outras. A guerra interna paralisa o país, torna-o impotente. Como já escrevi outras vezes, o ocidente sempre conseguiu controlar o oriente porque as facções islamistas odeiam-se umas as outras mais do que odeiam o conquistador ocidental. Assim, quando Washington destrói governos seculares não islamistas, como destruiu o Iraque e, agora, tenta destruir a Síria, os islamistas emergem e põem-se a disputar a supremacia entre eles mesmos. Nada melhor, do ponto de vista de Israel e Washington, que esses estados que perdem as condições de agir como adversário resistente coerente.

A Rússia é hoje vulnerável, porque Putin é demonizado pela mídia nos EUA em geral e por Washington em especial, e porque a oposição a Putin, dentro da Rússia é financiada por Washington e trabalha a favor dos interesses dos EUA, não dos russos. O inferno que Washington está construindo e espalhando pelos estados muçulmanos respinga sobre as populações muçulmanas dentro da Rússia.

Já se sabe que é mais difícil para Washington interferir nos assuntos internos da China, embora já haja sinais de que a semeadura de discórdia já começa a brotar em algumas províncias. Espera-se que, dentro de alguns anos, a economia chinesa suplante, em valores, a economia dos EUA; pela primeira vez na história, uma potência asiática aparecerá à frente das demais economias mundiais e à frente das mais poderosas economias ocidentais .

Essa possibilidade já bem real abala profundamente Washington. Washington, que se deixou derrotar e é hoje governada por Wall Street e outros grupos de negócios específicos, é absolutamente impotente para deter o continuado declínio da economia norte-americana.

Os especialistas que vivem da jogatina em Wall Street, aos quais só interessam os ganhos de curtíssimo prazo; o complexo militar/segurança, que lucra com a guerra; e as empresas que exportaram, com a produção de bens e serviços, também os postos de trabalho dos norte-americanos, e que hoje lucram com isso são as forças que elegem representantes e nomeiam autoridades em Washington. E assim, enquanto a economia norte-americana naufraga, a economia chinesa prospera.

A resposta de Washington a essa situação? Militarizar o Pacífico. A secretária de Estado Hillary Clinton “área de interesse nacional dos EUA”, o Mar do Sul da China. Os EUA estão chantageando o governo das Filipinas, usando lá a “carta chinesa” (a ameaça viria da China) e trabalhando para conseguir que a Marinha dos EUA seja convidada a voltar para a base naval que ocupou, há tempos, na Baía Subic. Recentemente, houve manobras conjuntas entre exércitos e marinhas dos EUA e das Filipinas: treinamento para enfrentar “a ameaça chinesa”.

A Marinha dos EUA está deslocando navios para o Pacífico e construindo nova base naval numa ilha da Coreia do Sul. OsMarines dos EUA já estão baseados na Austrália e estão sendo realocados, do Japão, para outros países asiáticos. Os chineses nada têm de idiotas. Sabem perfeitamente que Washington está tentando encurralar a China.

Para um país incapaz de ocupar o Iraque depois de oito anos de guerra; e incapaz de ocupar o Afeganistão depois de 11 anos de guerra... imaginar-se capaz de tomar e ocupar simultaneamente duas potências nucleares é, simplesmente, ato de insanidade.

A húbris, a arrogância enlouquecida, alimentada diariamente em Washington por doidos neoconservadores que ainda não viram, até hoje, o extraordinário fracasso dos EUA no Iraque e no Afeganistão, meteram-se, agora, a provocar duas potências gigantes – Rússia e China. A história do mundo, em todos os tempos, jamais, antes, assistiu a tamanha imbecilidade.

Psicopatas, sociopatas, doidos varridos e idiotas ‘normais’ que mandam em Washington estão arrastando os EUA e o mundo, para vastíssima desgraça. Os governos que se sucedem em Washington – tanto faz que sejam governos Democratas ou Republicanos – , e independente de quem venha a ser o próximo presidente dos EUA são, hoje, a mais grave ameaça à vida nesse planeta, que jamais houve, em todos os tempos. Como se não bastasse, os criminosos de Washington contam com a cumplicidade incondicional da empresa-imprensa.

Em próxima coluna, examinarei a chance que talvez ainda haja de os criminosos de guerra que comandam Washington e sua empresa-imprensa de repetição conseguirem levar a termo o total colapso da economia dos EUA, antes de que os mesmos criminosos de guerra consigam por fogo no mundo.

sábado, 23 de junho de 2012

Aos refugiados do Sudão: “Israel está com o homem branco”


Essas palavras espantosas foram ditas pelo ministro do Interior de Israel, Eli Yishai, em recente entrevista[1] na qual expôs o pensamento do governo israelense sobre os migrantes africanos no país.
Na mesma entrevista, publicada no jornal Maariv, Yishai acrescentou que “Esses infiltrados, assim como os palestinos, em pouco tempo nos levarão ao fim do sonho sionista.”
Em referência especial às algumas centenas de refugiados do Sudão do Sul que vivem em Israel, os comentário de Yishai apareceram no momento em que o governo de Israel começa a aplicar suas novas políticas para expulsar do país os sul-sudaneses[2].
Até aqui, os poucos refugiados sul-sudaneses que viviam em Israel, cerca de 700, tinham autorização para permanecer no país. Mas o governo de Israel, que acaba de vencer rápida disputa judicial, conseguiu impor seu argumento, segundo o qual a permanência dos sudaneses em Israel já não se justifica, depois de o Sudão do Sul ter sido criado, quando o país foi dividido, ano passado.
Os que se opõem à expulsão dos imigrados sudaneses argumentam que muitos deles correm risco de sofrerem violências, se forem obrigados a voltar. Mas nem Yishai nem Netanyahu, que também se expressou em termos semelhantes, dão qualquer sinal de preocupação com a sobrevivência dos africanos.
O governo de Israel iniciou os movimentos para expulsar os africanos e o discurso oficial apareceu imediatamente depois de cenas de violência em Telavive[3] e em outras cidades, bem claramente provocados pelo discurso racista incendiário de autoridades do gabinete israelense. Os atos de violência atingiram residências e propriedades de africanos, alvos de atos de vandalismo.
Na 2ª-feira, vários refugiados foram embarcados e levados para Juba, no Sudão do Sul. E outros “voos da vergonha”, como estão sendo chamados, estão previstos para a próxima semana.
Há hoje, no total, cerca de 60 mil migrantes africanos que vivem em Israel. O movimento dos israelenses, de expulsar os sul-sudaneses, que são grupo relativamente pequeno, sugere fortemente que o governo israelense esteja usando os sul-sudaneses para ‘dar um recado’ aos demais migrantes. Israel não pode deportar outros grupos de migrados, do Sudão e da Eritreia, porque está preso a compromissos internacionais. E as recentes deportações estão tendo o efeito de aterrorizar outras comunidades de africanos que vivem em Israel.
Se se consideram as terríveis condições em que vivem os palestinos, e, agora, depois que se divulgaram as recentes deportações forçadas de sul-sudaneses, já não se vê por que não se poderia denunciar Israel como “estado de apartheid”.
Tem havido forte oposição contra as práticas racistas do governo de Israel. A escritora Alice Walker, muito conhecida em todo o mundo, acaba de negar autorização a uma editora israelense para traduzir e publicar seu aclamado romance A Cor Púrpura. Walker explicou[4] as razões pelas quais negava aquela autorização e disse que, ao negar permissão para que seu trabalho fosse comercializado em Israel, incorporava-se à campanha mundial de boicote e desinvestimento contra Israel, como forma de protestar contra um governo opressor e de apartheid.
A continuada perseguição dos palestinos, politicamente e ideologicamente; o sistema judicial-militar; e, agora, a campanha racista contra populações não brancas bastam para evidenciar o tipo de consenso que há no governo israelense. A teoria da raça superior e do povo escolhido não é novidade no mundo, com outras teorias que se construíram em torno de conceitos de eugenia. Todas essas teorias, como as ideias reunidas sob a marca registrada do sionismo, são perigosas e já deveriam ter sido enterrradas em todo o mundo, há muito tempo.
Yishai e sua gangue dedicam-se hoje a tentar ocultar, sob rótulos e práticas pressupostas democráticas, as novas leis racistas da política israelense de imigração.
Estranhamente, ao mesmo tempo em que muito falam de os sul-sudaneses terem o ‘direito’ de retornar ao país de origem, Israel nada se diz sobre o direito dos refugiados palestinos retornarem, eles também, à terra que lhes foi roubada. Será que Israel receberá de braços abertos os palestinos que desejem voltar?
Essa questão – o direito de retorno – atravessa o coração da luta que os palestinos travam contra o estado ocupante de Israel, questão que Israel conveniente e continuadamente evita.
Mantém-se, cada vez mais acentuada, a percepção de que está em curso em Israel um processo de ‘limpeza’ étnica. O governo de Netanyahu, de fato, já declarou, sem meias palavras, que “está com o homem branco”.

Autor: Richard Sudan

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[1] 12/6/2012, Electronic Intifada, http://electronicintifada.net/content/sudanese-face-expulsion-minister-declares-israel-belongs-white-man/11394
[2] 3/6/2012, Haaretz, http://www.haaretz.com/news/national/israel-enacts-law-allowing-authorities-to-detain-illegal-migrants-for-up-to-3-years-1.434127
[3] 3/6/2012, The Independent, http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2012/jun/06/israel-rightwing-europeans-migration-toxic
[4] http://www.pacbi.org/etemplate.php?id=1917

Fonte: Vila Vudu


sexta-feira, 22 de junho de 2012

Quatro países realizam o maior exercício militar no Oriente Médio em apoio a Síria




As investidas de Estados Unidos, Israel e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) contra a Síria e o Irã parecem ter esgotado a paciência das potências mundiais que estão do “outro lado” no espectro político mundial. Depois de resistir ao assédio de estadunidenses e israelenses, que defendem ações militares na Síria e no Irã – mais ou menos nos moldes daquelas que a OTAN fez para destruir a Líbia e que ainda custa a vida de milhares de civis –, Rússia e China decidiram dar demonstrações de força. E, para isso, nada melhor do que unir-se aos dois países que, no Oriente Médio, não se colocam sob as ordens dos Estados Unidos – e que são penalizados por isso, com sanções ao Irã e desestabilização política, social e econômica na Síria, palco de massacres que comovem e revoltam o mundo.
Se as potências ocidentais tomarem a Síria e o Irã, China e Rússia sabem que serão os próximos alvos. Ao menos é esse o roteiro traçado pelos serviços secretos de EUA e Israel muito antes da chamada Guerra ao Terror, cujo lançamento oficial aconteceu dias depois da queda das torres gêmeas e da torre 7 do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001. Ao menos é essa a informação repassada por ex-funcionários graduados da CIA e analistas políticos com acesso a fontes importantes dentro das agências de inteligência do Ocidente.
Os exercícios militares (wargames) dos quatro países orientais acontecerão na costa e em território sírio. Serão 90 mil forças entre pessoal de mar, ar e terra, além de unidades de defesa aérea e de lançamento de mísseis, de acordo com a agência iraniana de notícias Fars News. O Egito dará apoio estratégico permitindo a passagem de 12 navios de guerra chineses pelo Canal de Suez, que devem aportar na Síria em duas semanas. Na mesma data chegarão ao país árabe navios de guerra, submarinos atômicos e destroyers russos, além de navios e submarinos iranianos. Um número estimado em mil tanques e 400 aviões também participará dos exercícios.
Se eles fizerem o governo israelense tremer, já estará de bom tamanho. Quem sabe assim o primeiro ministro Benjamin Netanyhau, seu gabinete e os parlamentares de direita parem de insistir no ataque ao Irã e resolvam deter também a atual investida contra os palestinos. Afinal, tanto eles como Barack Obama e a direita estadunidense saberão que não reinam sozinhos no planeta Terra.

Baby Siqueira Abrão

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Dez fatos chocantes sobre os Estados Unidos


País tem a maior população prisional do mundo. Em cada 100 norte-americanos, um está preso.

1. Maior população prisional do mundo
Elevando-se desde os anos 80, a surreal taxa de encarceramento dos EUA é um negócio e um instrumento de controle social: à medida que o negócio das prisões privadas alastra-se como uma gangrena, uma nova categoria de milionários consolida seu poder político. Os donos destas carcerárias são também, na prática, donos de escravos, que trabalham nas fábricas do interior das prisões por salários inferiores a 50 cents por hora. Este trabalho escravo é tão competitivo, que muitos municípios hoje sobrevivem financeiramente graças às suas próprias prisões, aprovando simultaneamente leis que vulgarizam sentenças de até 15 anos de prisão por crimes menores como roubar chicletes. O alvo destas leis draconianas são os mais pobres, mas, sobretudo, os negros, que representando apenas 13% da população norte-americana, compõem 40% da população prisional do país.
2. 22% das crianças americanas vive abaixo do limiar da pobreza.
Calcula-se que cerca de 16 milhões de crianças norte-americanas vivam sem “segurança alimentar”, ou seja, em famílias sem capacidade econômica para satisfazer os requisitos nutricionais mínimos de uma dieta saudável. As estatísticas provam que estas crianças têm piores resultados escolares, aceitam piores empregos, não vão à universidade e têm uma maior probabilidade de, quando adultos, serem presos.
3. Entre 1890 e 2012, os EUA invadiram ou bombardearam 149 países.
O número de países nos quais os EUA intervieram militarmente é maior do que aqueles em que ainda não o fizeram. Números conservadores apontam para mais de oito milhões de mortes causadas pelo país só no século XX. Por trás desta lista, escondem-se centenas de outras operações secretas, golpes de Estado e patrocínio de ditadores e grupos terroristas. Segundo Obama, recipiente do Nobel da Paz, os EUA conduzem neste momente mais de 70 operações militares secretas em vários países do mundo. O mesmo presidente criou o maior orçamento militar norte-americano desde a Segunda Guerra Mundial, superando de longe George W. Bush.
4. Os EUA são o único país da OCDE que não oferece qualquer tipo de subsídio de maternidade.
Embora estes números variem de acordo com o Estado e dependam dos contratos redigidos por cada empresa, é prática corrente que as mulheres norte-americanas não tenham direito a nenhum dia pago antes ou depois de dar à luz. Em muitos casos, não existe sequer a possibilidade de tirar baixa sem vencimento. Quase todos os países do mundo oferecem entre 12 e 50 semanas pagas em licença maternidade. Neste aspecto, os Estados Unidos fazem companhia à Papua Nova Guiné e à Suazilândia.
5. 125 norte-americanos morrem todos os dias por não poderem pagar qualquer tipo de plano de saúde.
Se não tiver seguro de saúde (como 50 milhões de norte-americanos não têm), então há boas razões para temes ainda mais a ambulância e os cuidados de saúde que o governo presta. Viagens de ambulância custam em média o equivalente a 1300 reais e a estadia num hospital público mais de 500 reais por noite. Para a maioria das operações cirúrgicas (que chegam à casa das dezenas de milhar), é bom que possa pagar um seguro de saúde privado. Caso contrário, a América é a terra das oportunidades e, como o nome indica, terá a oportunidade de se endividar e também a oportunidade de ficar em casa, torcendo para não morrer.
6. Os EUA foram fundados sobre o genocídio de 10 milhões de nativos. Só entre 1940 e 1980, 40% de todas as mulheres em reservas índias foram esterilizadas contra sua vontade pelo governo norte-americano.
Esqueçam a história do Dia de Ação de Graças com índios e colonos partilhando placidamente o mesmo peru em torno da mesma mesa. A História dos Estados Unidos começa no programa de erradicação dos índios. Tendo em conta as restrições atuais à imigração ilegal, ninguém diria que os fundadores deste país foram eles mesmos imigrantes ilegais, que vieram sem o consentimento dos que já viviam na América. Durante dois séculos, os índios foram perseguidos e assassinados, despojados de tudo e empurrados para minúsculas reservas de terras inférteis, em lixeiras nucleares e sobre solos contaminados. Em pleno século XX, os EUA iniciaram um plano de esterilização forçada de mulheres índias, pedindo-lhes para colocar uma cruz num formulário escrito em idioma que não compreendiam, ameaçando-as com o corte de subsídios caso não consentissem ou, simplesmente, recusando-lhes acesso a maternidades e hospitais. Mas que ninguém se espante, os EUA foram o primeiro país do mundo oficializar esterilizações forçadas como parte de um programa de eugenia, inicialmente contra pessoas portadoras de deficiência e, mais tarde, contra negros e índios.
7. Todos os imigrantes são obrigados a jurar não ser comunistas para poder viver nos EUA.
Além de ter que jurar não ser um agente secreto nem um criminoso de guerra nazi, vão lhe perguntar se é, ou alguma vez foi membro do Partido Comunista, se tem simpatias anarquista ou se defende intelectualmente alguma organização considerada terrorista. Se responder que sim a qualquer destas perguntas, será automaticamente negado o direito de viver e trabalhar nos EUA por “prova de fraco caráter moral”.
8. O preço médio de uma licenciatura numa universidade pública é 80 mil dólares.
O ensino superior é uma autêntica mina de ouro para os banqueiros. Virtualmente, todos os estudantes têm dívidas astronômicas, que, acrescidas de juros, levarão, em média, 15 anos para pagar. Durante esse período, os alunos tornam-se servos dos bancos e das suas dívidas, sendo muitas vezes forçados a contrair novos empréstimos para pagar os antigos e assim sobreviver. O sistema de servidão completa-se com a liberdade dos bancos de vender e comprar as dívidas dos alunos a seu bel prazer, sem o consentimento ou sequer o conhecimento do devedor. Num dia, deve-se dinheiro a um banco com uma taxa de juros e, no dia seguinte, pode-se dever dinheiro a um banco diferente com nova e mais elevada taxa de juro. Entre 1999 e 2012, a dívida total dos estudantes norte-americanos cresceu à marca dos 1,5 trilhões de dólares, elevando-se assustadores 500%.
9. Os EUA são o país do mundo com mais armas: para cada dez norte-americanos, há nove armas de fogo.
Não é de se espantar que os EUA levem o primeiro lugar na lista dos países com a maior coleção de armas. O que surpreende é a comparação com outras partes do mundo: no restante do planeta, há uma arma para cada dez pessoas. Nos Estados Unidos, nove para cada dez. Nos EUA podemos encontrar 5% de todas as pessoas do mundo e 30% de todas as armas, algo em torno de 275 milhões. Esta estatística tende a se elevar, já que os norte-americanos compram mais de metade de todas as armas fabricadas no mundo.
10. Há mais norte-americanos que acreditam no Diabo do que os que acreditam em Darwin.
A maioria dos norte-americanos são céticos. Pelo menos no que toca à teoria da evolução, já que apenas 40% dos norte-americanos acreditam nela. Já a existência de Satanás e do inferno soa perfeitamente plausível a mais de 60% dos norte-americanos. Esta radicalidade religiosa explica as “conversas diárias” do ex-presidente Bush com Deus e mesmo os comentários do ex-pré-candidato republicano Rick Santorum, que acusou acadêmicos norte-americanos de serem controlados por Satã.

Fonte: Opera Mundi

domingo, 17 de junho de 2012

Drone norte-americano não caiu no Irã: foi interceptado


Na matéria anterior publicamos que um drone norte-americano havia caído no Irã. Felizmente, o jornalista Beto Almeida chamou nossa atenção para o fato de que o drone norte-americano na realidade não caiu em solo iraniano, mas foi interceptado por controle remoto de especialistas da República Islâmica do Irã. Os militares iranianos não apenas decodificaram - à distância - os programas de informática de navegação do drone militar, como assumiram o controle da aeronave e a fizeram pousar em local desejado.
Esta ação causou danos midiáticos para os Estados Unidos da América e revelou ao mundo o grande salto tecnológico da República Islâmica do Irã, cuja tecnologia aeronáutica neste setor de aeronaves não tripuladas era desconhecida pelo Pentágono.
Os técnicos iranianos desmontaram e remontaram o drone norte-americano para ter acesso à tecnologia yanque, e o governo iraniano informou que só devolveria a aeronave se o governo norte-americano pedisse desculpas publicamente por ter invadido o espaço iraniano para fazer espionagem. Não havendo o pedido de desculpas, a aeronave continua em solo iraniano. Mas, o controle tecnológico de seu sistema de navegação foi capturado à distância, provando a sua vulnerabilidade.

sábado, 16 de junho de 2012

Venezuela começa a fabricar aviões não tripulados, drones

As guerras de ocupação dos EUA na Líbia e Afeganistão mostram que o futuro das guerras pertence às armas teleguiadas, onde os drones (aviões não tripulados) fazem a maior parte do trabalho de espionagem e ataques, operados a partir de uma sala de controles há milhares de quilômetros de distância dos alvos perseguidos.
Para se adequar à realidade bélica a Venezuela Bolivariana saiu na frente de todos os países do nosso continente e já começa a fabricar drones militares para sua defesa.
E como sempre acontece, quando algum país não se submete ao imperialismo norte-americano, mas defende sua soberania, o governo norte-americano iniciou uma campanha de propaganda internacional afirmando que a nova fábrica de drones venezuelanos tem como objetivo atacar os Estados Unidos da América. E para dar maior gravidade à denúncia (sic), seus blogueiros e jornais começaram a difundir essa informação, como Emili J. Blasco do jornal espanhol ABC, e o contrarevolucionário Elio Aponte da Organização Venezuelana no Exílio. Ambos afirmam que a fábrica de drones na Venezuela foi financiada pelos governos do Irã, Rússia e China.
Meses atrás o Irã capturou um drone norte-americano que caiu em território iraniano perfeitamente intacto, servindo de base para o desenvolvimento de armas desse tipo pela República Islâmica do Irã. O referido drone estava sendo usado pelo governo imperialista-sionista de Obama para espionar o território iraniano.
Os aviões atualmente fabricados são os M2 (Mohajer 2, novo modelo de UAV) iranianos.
A falta de bom senso da propaganda imperialistas é tamanha que difundem a suspeita de que a fábrica de drones poderia ser uma base de mísseis do Irã contra os Estados Unidos. Uma alucinação com o selo de ser fabricada nos laboratórios do Pentágono.
A Venezuela Bolivariana está de parabéns por defender sua soberania a qualquer preço, investindo em armas modernas. Algo que o Brasil e a Argentina deveriam fazer rapidamente, neste momento em que os tambores da guerra soam mais alto nos quatro cantos do mundo.
Na foto por satélite, distribuído pelo governo dos EUA, a planta da fábrica venezuelana de fuzis AK, tendo em anexo a fábrica de drones.







Owen Bennett-Jones, London Review of Books

Sobre:
TANTER, Raymond. Terror Tagging of an Iranian Dissident Organisation [Como uma organização da oposição iraniana foi rotulada injustamente ‘organização terrorista’], Teerã: Iran Policy Committee, 2011, 217 pp., I - SBN 978 0 9797051 2 0
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“Mas a verdade é outra. Os apoiadores norte-americanos dos MEKs creem que a organização ainda tenha potencial ‘de combate’, precisamente por sua longa história de violência e terrorismo. Por isso creem que esses terroristas sejam úteis para arrancar do poder os mulás iranianos. Por isso a secretária Clinton acabará por excluir os MEKs, da lista de organizações terroristas.”


Essa história dos ‘Mujahedin do Povo’ (Mujahedin e Khalq, MEK), também conhecidos como ‘Mujahedin do Irã’, é o relato de como gerenciamento competente e insistente de marketing & imagem pode fazer, de um inimigo mortal, um muito prezado aliado.

Os MEKs estão hoje em campanha massiva para serem excluídos da lista dos EUA de organizações terroristas. Tão logo sejam tirados da lista, estarão livres para usar o apoio que sempre deram aos EUA, e tornarem-se o grupo mais bem amado, mais favorecido e, sem dúvida, o que mais fundos receberá, dentre outros grupos da oposição iraniana.

Outro artifício, também usado para conseguir resultado bem semelhante a esse, foi o Congresso Nacional Iraquiano (CNIq) – grupo de lobby liderado por Ahmed Chalabi que falou de democracia e pavimentou o caminho para a invasão do Iraque, presenteando Washington com ‘provas’ altamente questionáveis da existência de inexistentes armas de destruição em massa e de laços entre Saddam Hussein e a al-Qaeda. Em seguida, quando George Bush levou os EUA à guerra, o CNIq e seus líderes só tiveram de descansar um pouco e preparar-se para governar.

Muitos em Washington acreditam que, para o bem ou para o mal, os EUA irão à guerra contra o Irã, e que os MEK terão papel a desempenhar. Mas, antes, eles terão de convencer Hillary Clinton a retirar o grupo de sua lista oficial de terroristas. Alguns funcionários de Clinton têm insistido para que ela deixe os MEK exatamente na lista onde estão; mas há cachorros grandes em Washington que exigem furiosamente que ela converta os MEK em organização oficialmente declarada não terrorista. Depois de exaustiva caminhada entre várias agências, o processo dos MEK está agora sobre a mesa de Clinton. Declarações recentes do Departamento de Estado indicam que a ‘desterrorificação’ dos militantes MEK já é agora bem provável.

Organizados nos anos 1960s como grupo islamista anti-imperialista, com tendências socialistas e dedicado à luta para derrubar o xá, os MEK originalmente defenderam não só a revolução islâmica, mas, também, muitos direitos para as mulheres – combinação que atraiu muitas simpatias nos campi das universidades iranianas. Conseguiram construir genuína base popular e tiveram papel destacado na derrubada do Xá em 1979. Tornaram-se tão populares, que o Aiatolá Khomeini sentiu que precisava destruí-los; ao longo dos anos 1980s, Khomeini fomentou julgamentos e execuções públicas de membros do grupo. Os MEK retaliaram, com atentados contra clérigos influentes no Irã.

Temendo pela vida, membros dos MEK fugiram, primeiro para Paris, depois para o Iraque, onde Saddam Hussein, desesperado para encontrar aliados para a guerra contra o Irã, ofereceu-lhes milhões de dólares, além de tanques, peças de artilharia e armas de vários tipos. Também deu-lhes terras. Camp Ashraf tornou-se lar dos MEK, uma fortaleza no deserto, 80 km ao norte de Bagdá, a uma hora de viagem por terra até a fronteira do Irã.

A partir dos anos 1970s, a retórica dos MEK mudou, de islamista para secular; de socialista para capitalista; de pró-revolução para anti-revolução.

E desde a queda de Saddam o grupo apresenta-se como pró-EUA, ‘da paz’, dedicado a promover a democracia e os direitos humanos. Mas essa incansável ‘reinvenção’ pode ser perigosa, e o novo governo iraquiano, favorável ao Irã, está sendo pressionado por Teerã para fechar definitivamente a fortaleza de Camp Ashraf, que cresceu ao longo das décadas e abriga hoje população equivalente à de qualquer das pequenas cidades da região. E não só o Irã. Muitos iraquianos também não veem com bons olhos os MEK, não só por terem-se aliado a Saddam Hussein, mas porque os MEK também participaram da violenta supressão de curdos e xiitas.

Forças de segurança do Iraque já, por duas vezes, atacaram Camp Ashraf, em 2009 e 2011, ataques que deixaram mais de 40 mortos. Vídeos de tanques blindados lançados contra moradores desarmados de Ashraf podem ser vistos em YouTube. Agora, o Iraque decidiu que Camp Ashraf tem de ser fechado; e os moradores, relutantemente, começaram a mudar-se para Camp Liberty, ex-base do exército dos EUA próxima do aeroporto de Bagdá, atualmente sob supervisão da ONU e protegida por forças da segurança iraquiana. O Alto Comissariado da ONU para Refugiados [orig. UNHCR] está cadastrando os residentes, com vistas a distribuí-los por outros países, como refugiados; mas poucos países deram sinais de interesse em receber pessoas que, do ponto de vista oficial dos EUA, são terroristas, e que, segundo outros, não passariam de fiéis adoradores de uma espécie de culto satânico.

Os MEK passaram a viver sob regras típicas de grupos de fanáticos religiosos – os fiéis foram separados das respectivas famílias e amigos; e toda a informação que chegava até eles era controlada – depois de 1989, ano em que o casal que lidera o movimento, Massoud e Maryam Rajavi, lançou a Operação Luz Eterna [orig. Operation Eternal Light]. Depois que Saddan fracassou no golpe para ‘mudar o regime’ no Irã, a Operação Luz Eterna foi a alavanca escolhida para, afinal, levar o grupo a controlar o país. O sucesso, disse Rajavi aos seus guerreiros-fiéis, era garantido, porque o povo iraniano, civis e militares, desertaria em massa e seguiria os MEK na marcha sobre Teerã. Seria fácil, disse ele. Mas, à parte ninguém ter desertado, as forças iranianas resistiram ferozmente e contra-atacaram. Morreram mais de mil seguidores dos MEK de Massoud e Maryam Rajavi, e muitos outros foram feridos. Os MEK perderam cerca de 1/3 de seus quadros.

Rajavi tinha de encontrar alguma explicação para a derrota. A ideia ortodoxa que lhe ocorreu foi dizer aos seus seguidores, que haviam perdido a guerra porque se deixaram distrair por amor&sexo. Ordenou que os seguidores se divorciassem, abraçassem o celibato e passassem a viver numa habitação comunitária, só de homens, como soldados de exércitos regulares. Tomados de ideias de autossacrifício e martírio, os combatentes MEK obedeceram. (Até hoje a regra do celibato é tão rígida que há turnos no posto de combustível de Camp Ashraf, para que mulheres e homens abasteçam os carros sem se encontrarem.) Os combatentes MEKforam treinados para transferir a paixão pelas antigas esposas, para os líderes. Conscientes de que a frustração sexual já gerava novas dificuldades, os Rajavis passaram a organizar reuniões nas quais os MEK deveriam confessar, em público, suas fantasias sexuais. E os que confessavam eram espancados por outros fiéis. Não se estimulavam nem amizades, nem filhos em Camp Ashraf.

A partir de meados dos anos 1980s, sob alegação de que a segurança ali seria precária, os líderes ordenaram que várias crianças que viviam em Camp Ashraf fossem entregues para adoção a famílias pró-MEK na Europa e no Canadá. Alguns pais passaram mais de 20 anos sem ver os filhos.

Essas práticas, e as frequentes sessões de doutrinação, além do bloqueio total de qualquer informação vinda do mundo exterior (osMEK são proibidos também de usar telefones), ajudaram a firmar o controle sobre os membros. Mas os MEK que viviam fora do Iraque também manifestaram extraordinária devoção à causa. Em 2003, quando autoridades francesas prenderam Maryam Rajavi e a acusaram de terrorismo (adiante, ela foi libertada), 10 militantes dos MEK, em diferentes pontos do mundo, puseram fogo ao corpo, em sinal de protesto: dois deles morreram.

O grupo MEK nega, evidentemente, que tenha organização de culto religioso. Mas vários observadores externos – militares norte-americanos de alto escalão, agentes do FBI, jornalistas e a Rand Corporation (financiada pelo Pentágono) – que estiveram em Camp Ashraf insistem em repetir que, sim, são organizados como seita. Um alto funcionário do Departamento de Estado (hoje aposentado), que foi enviado ao Iraque para entrevistar milhares de membros dos MEK, concluiu que, sim, se tratava de seita e culto religiosos; que a fortaleza de Camp Ashraf, praticamente uma cidade, mas não qual não se via uma única criança, era “completa tragédia, em termos humanos”; que os membros eram “mal atendidos e mal dirigidos” pelos líderes; e que muitos haviam sido subornados ou, no geral, “enganados”, para que se unissem ao grupo.

Os MEK usavam vários métodos de recrutamento. A elite do grupo reuniu-se no Irã, antes da revolução popular islâmica. Outros eram prisioneiros iranianos, capturados durante a guerra Irã-Iraque. A esses, Saddam ofereceu uma barganha: se se alistassem no grupo dos MEK, poderiam trocar os campos de prisioneiros de guerra e mudar-se para o complexo de Camp Ashraf, muito mais confortável. Outros membros foram recrutados em campi de universidades dos EUA, com promessas de emprego, dinheiro, novos passaporte e a oportunidade de lutar contra os exércitos dos mulás. Outros, mais simplesmente, foram enganados.

A um ativista dos MEK que vivia no Irã e que estava em visita a Camp Ashraf contaram que sua mulher e filho haviam sido mortos; e que ele, se quisesse poderia ficar vivendo ali. Só depois de dez anos, afinal, o homem voltou a encontrar um telefone; ligou para o número de sua casa no Irã e, afinal, soube que estavam todos vivos. Outros ex-membros dos MEK contam que, na chegada ao Iraque, eram passados clandestinamente pelos controles de imigração, de modo que seus passaportes não registravam qualquer carimbo de entrada. Depois, quando decidiam deixar o país, eram informados que corriam o risco de ser presos por ter entrado ilegalmente no país.

Ouvi horas de depoimentos desse tipo, de ex-membros. O grupo insiste que todos os que contam essas histórias são agentes iranianos; que não separou famílias nem expulsou crianças. Mas as lágrimas de pais, mães, esposas e filhos me pareceram mais convincentes.


Mas, apesar de tudo isso, alguns oficiais militares norte-americanos que trabalharam em Camp Ashraf depois da invasão do Iraque saíram de lá convencidos de que os MEK poderiam ser aliados muito úteis.

O general David Phillips, policial-militar que serviu lá em 2004, argumenta que, se os MEK são organizados como culto e facção religiosa, o mesmo se pode(ria) dizer dos Marines dos EUA: os Marines e os MEK são obrigados a usar uniformes, obedecem ordens e seguem rituais que, para os não iniciados, parecem bizarros.

Esse tipo de simpatia pelos MEK e a avaliação positiva que se ouve de vários militares dos EUA são fáceis de explicar. Em 2003, foram informados de que os EUA encontrariam pesada resistência, de um exército de terroristas uniformizados e pesadamente armados, que combateriam a favor de Saddam e contra as forças dos EUA. Mas aconteceu que, entre o momento em que a informação foi recolhida e a chegada dos americanos, os líderes dos MEK rapidamente entenderam que não havia futuro para Saddam; e, numa pirueta política, trocaram de lado.

Quando os soldados dos EUA chegaram a Camp Ashraf, foram recebidos por anfitriões cordiais, que falavam inglês e logo manifestaram integral apoio à ‘causa’ dos EUA. Para muitos soldados dos EUA, Camp Ashraf tornou-se refúgio e abrigo, onde encontravam segurança, num país massivamente hostil.

Mas nada disso explica a popularidade de que gozam os MEK entre políticos em Londres, Bruxelas e Washington, hoje. Boa parte dessa popularidade é comprada. Cerca de três dúzias de ex-altos comandantes militares e políticos norte-americanos são conferencistas regulares nos eventos dos MEK e de amigos dos MEK: Rudy Giuliani; Howard Dean; o ex-conselheiro para segurança nacional do governo Obama, general James Jones; e o ex-senador Lee Hamilton. O pagamento, por dez minutos de fala, com pose para fotografias, está entre $20 mil e $40 mil dólares. O tema dessas ‘palestras’ pode ser qualquer um: muitos dos palestrantes sequer mencionam a sigla MEK.

Em meses recentes, o governo Obama sinalizou que poderá proibir a realização dessas ‘palestras’ e eventos. O Tesouro investiga denúncias de que os ‘palestrantes’ norte-americanos estariam recebendo dinheiro de organização terrorista ‘listada’. O que querem de fato saber, em outras palavras, é se os exilados iranianos que pagam o ‘soldo’ dos ‘palestrantes’ são membros dos MEK; os que fazem campanha a favor do grupo, sem receber pagamento, não serão afetados. A maioria dos apoiadores apóiam os MEK porque apoiariam qualquer coisa que ajude ou pareça ajudar a derrubar o governo em Teerã. Parecem não se dar conta de que a organização tem sido definida como culto de fanáticos e não tomam conhecimento do que dizem os ex-membros.

Grande número dos mais conhecidos lobbyistas pró-MEK dizem que aceitam fazer as tais ‘palestras’ porque outros intelectuais e políticos que também participam das atividades dos MEK são prova da respeitabilidade do grupo.

Mas os MEK também têm lobbyistas contratados em Washington, que se dedicam a escrever longas respostas às críticas. As 105 páginas do relatório da Rand Corporation sobre os MEK foram escritas por quatro desses lobbyistas, que trabalharam durante 15 meses nos EUA e no Iraque, para produzir a mais aprofundada análise que há, dos aspectos considerados ‘de culto’ do movimento. A resposta veio de um grupo dito “de Ação Executiva”, que se autodescreve como “uma CIA e Departamento de Defesa privados, disponíveis para cuidar dos seus mais complexos problemas e desafios mais difíceis’. O relatório da “Ação Executiva” levava o título de Courting Disaster: How a Biased, Inaccurate Rand Corporation Report Imperils Lives, Flouts International Law and Betrays Its Own Standards.[1] O autor que assina pela “Ação Executiva”, Neil Livingstone, hoje candidato dos Republicanos ao governo do estado de Montana, contou que fora contratado por um ‘cidadão norte-americano’ para avaliar a objetividade do Relatório Rand.

Concluiu que, dentre outros problemas, os autores do Relatório Rand eram demasiadamente inexperientes para tratar de tema tão complexo como os MEK. Até hoje, os que apoiam o trabalho publicado por Neil Livingston, publicado há três anos, desqualificam o relatório Rand como “serviço de alunos calouros”. A Rand diz que a crítica visa aos assistentes do autor principal, que foram apenas coadjuvantes e cujos nomes só foram incluídos como autores para oferecer-lhes algo para engordar-lhes os currículos. Todo esse lobby custa quantias astronômicas de dinheiro.

Parte do dinheiro é reunido pelos militantes encarregados de levantar fundos para os MEK, na Grã-Bretanha e em outros pontos, que trabalham de porta em porta. Funcionários dos EUA também creem que os MEK tenham à sua disposição os ganhos auferidos do (muito) dinheiro que receberam de Saddam Hussein e aplicaram bem.

Muitos dos que militam pró-MEK não respondem diretamente às acusações de que não passariam de grupo dedicado a cultos satânicos: os lobbyistas falam insistentemente da questão de os MEK serem excluídos da lista de grupos terroristas.

Em 1996, resolução da Assembleia Geral da ONU criou comissão encarregada de redigir versão inicial de uma Convenção sobre Terrorismo Internacional. Desde então, funcionários reúnem-se anualmente para discutir a questão. Mas, até o momento, ainda não encontraram definição do que seja “terrorismo” que satisfaça todos. Dois pontos parecem emperrar sempre.

Primeiro, a Organização da Conferência Islâmica insiste que movimentos de resistência contra forças de ocupação e que lutem em nome da libertação nacional – por exemplo, na Caxemira –, não podem ser considerados movimentos terroristas. Segundo, os governos temem que estejam, eles próprios, incluídos em toda e qualquer definição de terrorismo que apareça à discussão naquela comissão.

Assim, com cada um tentando construir definições de “terrorismo” que mais claramente excluam as próprias práticas, não parece haver qualquer resultado à vista, no plano internacional.

Evidentemente, decidir quais grupos são terroristas e quais não são é sempre ato político: o IRA nunca foi considerado grupo terrorista, nas listas norte-americanas; e Nelson Mandela, ainda em 2008, permanecia listado como terrorista aos olhos dos EUA.

O histórico de ataques terroristas organizados pelos MEK remonta aos anos 1970s, quando fizeram oposição ao Xá e lutaram contra os EUA que apoiavam o Xá. Para o Departamento de Estado, os MEK, em 1973, assassinaram um soldado do exército dos EUA que servia em Teerã; e, em 1975, assassinaram dois membros do US Military Assistance Advisory Group. Além de três executivos da Rockwell International e um da Texaco, também assassinados. A hostilidade dos MEK contra os EUA continuou depois da Revolução Popular Iraniana.

Dia 4/11/1979, estudantes iranianos ocuparam a Embaixada dos EUA em Teerã e sequestraram 52 diplomatas norte-americanos, que foram mantidos presos por 444 dias. Um dos diplomatas sequestrados contou que não estaria na embaixada naquele dia, se não tivesse sido atraído para lá por seus contatos com os MEK. Outro relatou que não tinha qualquer dúvida de que os MEK haviam apoiado o sequestro e, de fato, não defendiam qualquer negociação diplomática. Muito tempo depois de Khomeini ter decidido que era mais que hora de acertar aquela questão, os MEK ainda insistiam que seu apoio aos sequestros não passaria de boatos, uma farsa ardilosamente concebida; hoje já negam peremptoriamente qualquer participação. Sobre os assassinatos, dizem que, naquela época, seu principal líder era prisioneiro nas prisões do Xá; e que, com isso, uma facção marxista havia invadido a organização e assumido o comando. Essa facção, de fato, um grupo dissidente, teria sido responsável pelos ataques e assassinatos; e os ataques cessaram quando os líderes legítimos foram libertados e reassumiram o comando. São discussões que, em todos os casos, estão ultrapassadas. Os anos 1970s já vão longe. As organizações mudam.

É possível que os MEK tenham parado de assassinar norte-americanos, mas continuam comprometidos com a luta armada no Iraque e no Irã. Os esforços que empenharam a favor de Saddam Hussein contra os curdos e os xiitas nada são, se comparados às bombas, assassinatos e vastas ofensivas que organizaram e executaram dentro do Irã do final dos anos 1980s aos anos 1990s. A história de violência dos MEK está bem documentada, mas a organização insiste que a violência é coisa do passado.

Essa ideia tem recebido considerável estímulo nas cortes europeias. Em 2007, a Comissão de Apelação para Organizações Proscritas, um organismo britânico especializado oficial, declarou que os MEK teriam renunciado ao uso da força e acolheu recurso impetrado pelo grupo e contra decisão do Foreign Office britânico, que preferia manter o grupo na lista de organizações terroristas. Em 2009, a União Europeia tirou os MEK da lista europeia de organizações terroristas, amparada numa tecnicalidade que beira o absurdo: antes de qualquer outra ação, o grupo deveria ter sido formalmente informado dos motivos pelos quais seria listado como “organização terrorista”.

Para manter os MEK na lista dos EUA, Hillary Clinton terá de demonstrar que o grupo ainda tem capacidade para ou projeto de cometer atos terroristas. Os apoiadores dos MEK lembram que, no processo para convencer a corte britânica de que são grupo pacífico, em julho de 2004, todos os que vivem em Camp Ashraf assinaram documento no qual rejeitam o terrorismo e todos os tipos de violência. Há quem não tenha sido plenamente convencido.

Dado o que se viu acontecer em Guantánamo e na base aérea de Bagram, dizem eles, surpresa seria se alguém se recusasse a assinar o tal documento de renúncia ao terror. Em novembro de 2004, o FBI relatou atividades do grupo em Los Angeles; o relatório fala de telefonemas gravados, nos quais líderes dos MEK na França discutiam “específicos atos de terrorismo, inclusive bombas”. Segundo o FBI, a inteligência francesa e a política em Colônia também têm informações semelhantes e gravações. O relatório FBI-2004 foi divulgado há mais de um ano, mas praticamente todo o material no qual a secretária Clinton fundamentará sua decisão é sigiloso. Em 2010, a Corte de Apelação do Distrito de Columbia julgou acusação contra os MEK, e um dos três juízes, Karen LeCraft Henderson, observou que material sigiloso ao qual a corte teria tido acesso oferecia “apoio substancial” à acusação de que os MEK continuam engajados na prática de ações terroristas ou, no mínimo, que não desmontaram a infraestrutura terrorista básica, não perderam capacidade de ataque e têm planos para empreender novas ações terroristas. Matéria apresentada em fevereiro pelo canal NBC News citava funcionários não identificados do governo dos EUA, que teriam dito que osMEK seriam responsável pelo assassinato, em tempos recentes, de vários cientistas nucleares iranianos. Apesar de alguns apoiadores dos MEK já terem sugerido que essas ações não desmereciam os MEK, a própria organização negou qualquer envolvimento naqueles atentados.

O livro de Raymond Tanter aqui resenhado é parte da campanha de marketing-publicidade-Relações Públicas para mudança de imagem dos MEK – espécie de briefing dos que pregam que o grupo seja excluído da lista norte-americana de organizações terroristas. Tanter, que é apoiador ativo do grupo já há muito tempo, produziu um guia compacto, completo, com fotos e ilustrações em cores do grupo e transcrições de discursos feitos por defensores pagos para defender os MEK. O livro nada diz sobre ataques perpetrados nos anos 1970s ou a ajuda que o grupo deu a Saddam Hussein. Também ignora outros ataques no Irã, nos anos 1990s. Tanter crê que, nos termos da legislação nos EUA, só as leis aprovadas nos EUA nos últimos anos seriam aplicáveis à questão de excluir ou manter o grupo na lista de organizações terroristas; o que nos leva à questão de excluir ou não excluir o grupo, daquela lista; e só considera o período pós- 2001.

O autor diz que os MEK seriam a melhor esperança disponível para a chamada ‘terceira alternativa’: um modo pelo qual os EUA consigam provocar mudança de regime da Síria, sem ter de depender de sanções ou de guerra.

É onde mais claramente se vê o vício que há no argumento dos lobbyistas pro-MEKs: de um lado, dizem que os MEK teriam renunciado à violência, o que lhes daria condições para pleitear que o grupo seja excluído da lista de organizações terroristas. Mas, mesmo que tenham realmente desistido da violência, ainda assim não se entende por que os EUA se aliariam a eles.

Mas a verdade é outra. Os apoiadores norte-americanos dos MEKs creem que a organização ainda tenha potencial ‘de combate’, precisamente por sua longa história de violência e terrorismo. Por isso creem que esses terroristas sejam úteis para arrancar do poder os mulás iranianos. Por isso a secretária Clinton talvez exclua o grupo, da lista de organizações terroristas.

Os apoiadores dos MEKs dizem que ainda são rede poderosa no interior do Irã e que não perderam as bases populares. Os que se opõem ao grupo dizem que o regime usa os terroristas MEKs para divulgar teorias conspiracionais sobre ‘complôs’ armados fora do país. Dizem também que, ao apoiar o Iraque de Saddan, na guerra Irã-Iraque, os MEKs perderam a considerável base de apoio popular que chegaram a ter.

A secretária Clinton não poderá ignorar as considerações políticas. O lobby a favor dos MEKs insiste que seus ativistas correm risco de serem massacrados no Iraque. Se o Iraque decidir lançar novo ataque aos MEKs que vivem em Camp Ashraf, seja porque o grupo provoque demais, seja porque o grupo monte a encenação de algum ataque no qual surjam como vítimas indefesas, a resposta do lobby pró-MEKs será violenta.

Atualmente, a prioridade do Departamento de Defesa é garantir que os que ainda vivem em Camp Ashraf sejam transferidos em segurança para [o campo de refugiados] Liberty. Em fevereiro, Clinton disse que uma “transferência bem-sucedida teria peso decisivo em qualquer posição dos EUA sobre o status da organização terrorista estrangeira dos MEKs”. Em termos legais, nada significa e não faz qualquer sentido.

O que diz o acordo segundo o qual os MEKs aceitam deixar Camp Ashraf, sobre o grupo desejar ou ser capaz de organizar e executar atentados terroristas? Nada. O acordo não toca nesses temas.

De fato, as declarações da secretária Clinton revelam qual é o verdadeiro medo de Clinton e de seu departamento de Estado: temem que, deliberadamente ou como efeito de alguma provocação lançada pelos MEKs, os iraquianos ataquem os MEKs pela terceira vez, e que os EU sejam denunciados por ignorarem os sinais de alerta. Em maio, o Departamento de Estado avançou alguns passos, e chegou a dizer que já considerava a possibilidade de excluir os MEKs da lista de suspeitos de associação, desde que continue a evacuação de Ashraf.

A declaração de Clinton sugere que ela já decidiu tirar os MEKs da lista de grupos terroristas. Sinal de que o lobby pró MEKs nos EUA trabalhou bem. Mas há mais uma coisa que se deve ter em mente.

Como disse recentemente um experiente observador em Washington: “Hillary Clinton é homem-político. Nesse momento, muitos de seus parceiros e associados estão ganhando bom dinheiro com a ajuda dos MEKs e eles absolutamente não apreciariam perder essa galinha de ovos de ouro, o que fatalmente acontecerá se o grupo continuar listado como organização terrorista.” Se, porém, osMEKs forem excluídos da lista de organizações terroristas – como, antes, aconteceu ao INC [Congresso Nacional Iraquiano (CNIq)] de Chalabi –, os MEKs passam a poder receber ‘incentivos’ pagos pelo Congresso dos EUA, e os Rajavis serão automaticamente convertidos a candidatos prováveis à presidência, depois da ‘mudança de regime’ no Irã, com que sonham os EUA.

Há dez anos, Donald Rumsfeld e os neocons estavam de tal modo irmanados com Ahmed Chalabi, do Congresso Nacional Iraquiano (CNIq), que lhe forneceu um helicóptero para que Chalabi e um punhado de apoiadores viajassem até Nasiriya, de modo a aparecerem nas fotografias oficiais da ‘libertação do Iraque’. Mas bastou o helicóptero pousar, para que o mundo soubesse que ninguém, no Iraque, algum dia ouvira falar de Chalabi. E Chalabi foi derrotado nas eleições por outro ex-exilado, Nouri al-Maliki; e teve de contentar-se com o ministério do Petróleo. Até hoje, Al-Maliki lá continua, no Iraque, como sempre foi, dedicado apoiador do governo do Irã. Nada mais distante dos objetivos do golpe dos EUA no Iraque, tão longamente planejado.

Mas os lobbyistas incansáveis que operam em Washington a favor de outros grupos terroristas amigos dos EUA, preferem o lado alegre das histórias. Chalabi, eles concedem, jamais fora o que se supunha que fosse. Mas com os MEKs a coisa agora é diferente. Um coronel aposentado do exército dos EUA, que trabalha em lobbys a favor de grupos terroristas amigos dos EUA, como osMEKs iranianos, costuma escrever que Maryam Rajavi “é um George Washington”.

Os EUA estão a um passo de comprovar, mais uma vez, que não são capazes de aprender com os próprios erros.

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[1] Pode ser lido em http://www.executiveaction.com/files/RANDREPORT.pdf

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Síria: OTAN prepara grande operação de intoxicação


Dentro de poucos dias, talvez a partir de sexta-feira 15 de Junho ao meio-dia, os sírios que pretenderem ver as cadeias de televisão nacionais terão estas substituídas nos écrans por televisões criadas pela CIA. Imagens realizadas em estúdio mostrarão cadáveres imputados ao governo, manifestações populares, ministros e generais apresentarão a sua demissão, o presidente el-Assad tratando de fugir, os rebeldes reunindo-se no coração das grandes cidades e um novo governo instalando-se no palácio presidencial. Esta operação, diretamente monitorizada a partir de Washington por Ben Rhodes, conselheiro adjunto da segurança nacional dos Estados Unidos, visa desmoralizar os sírios e preparar um golpe de Estado. A NATO, que esbarrou no duplo veto da Rússia e da China, conseguiria assim conquistar a Síria sem ter de a atacar ilegalmente. Qualquer que seja o julgamento sobre os atuais acontecimentos na Síria, um golpe de Estado poria fim a toda a esperança de democratização.
De maneira absolutamente formal, a Liga Árabe pediu aos operadores de satélite Arabsat e Nilesat para cortarem a transmissão dos media sírios, públicos e privados (Syria TV, Al-Ekbariya, Ad-Dounia, Cham TV, etc.). Existe um precedente, dado que a Liga Árabe tinha já procedido à censura de televisão líbia de forma a impedir os dirigentes da Jamahiriya de comunicarem com o seu povo. Não existe rede hertziana na Síria, onde as televisões são exclusivamente captadas por satélite. Mas este corte não deixaria os écrans apagados. De facto, esta decisão é apenas a parte emersa do iceberg. Segundo informações de que dispomos, diversas reuniões internacionais foram levadas a cabo na semana passada para coordenar a operação de intoxicação. As duas primeiras, de natureza técnica, tiveram lugar em Doha (Qatar), a terceira, política ocorreu em Riade (Arábia Saudita).
Uma primeira reunião juntou os oficiais de guerra psicológica “embedded” em certas cadeias de satélite, entre as quais Al-Arabiya, Al-Jazeera, BBC, CNN, Fox, France 24, Future TV, MTV. Sabe-se que desde 1998 os oficiais da United States Army's Psychological Operations Unit (PSYOP) foram incorporados na redação da CNN; a partir daí, esta prática foi estendida pela NATO a outras estações estratégicas. Redigiram antecipadamente falsas informações, segundo um “storytelling” elaborado pela equipa de Ben Rhodes na Casa Branca. Um procedimento de validação recíproca foi posto em marcha, cada media devendo citar os outros de forma a contribuir para torná-los credíveis aos ouvidos dos telespectadores. Os participantes decidiram igualmente requisitar não apenas as cadeias da CIA para a Síria e o Líbano (Barada, Future TV, MTV, Orient News, Syria Chaab, Syria Alghad), mas também outras quarenta cadeias religiosas wahhabitas, as quais apelarão ao massacre confessional aos gritos de “Os cristãos para Beirute, os alauitas para o túmulo!”
A segunda reunião juntou engenheiros e realizadores, visando planear a fabricação de imagens de ficção, misturando uma parte em estúdio a céu aberto e uma parte de imagens de síntese. Os estúdios foram arranjados durante as últimas semanas na Arábia Saudita, de modo a reconstituir aos dois palácios presidenciais sírios e os principais lugares de Damasco, Alepo e Homs. Já havia estúdios deste tipo em Doha, mas eram insuficientes.
A terceira reunião agrupou o general James B. Smith, embaixador do EUA, um representante do Reino Unido e o príncipe Bandar Bin Sultan (a quem o presidente George Bush pai designou como seu filho adotivo, ao ponto de a imprensa norte-americana o ter designado como “Bandar Bush”). Tratava-se de coordenar a ação dos media e a do “Exército Sírio Livre”, do qual os mercenários do príncipe Bandar formam o grosso dos efetivos.
A operação, em gestação desde há meses, foi precipitada pelo conselho de segurança nacional dos EUA, depois de o presidente Putin ter notificado a Casa Branca de que a Rússia se oporia pela força a toda a intervenção militar ilegal da NATO na Síria.
Essa operação compreende dois vetores simultâneos: por um lado, diversificar as falsas contra-informações; por outro lado, censurar toda e qualquer a possibilidade de lhes responder.
A interdição das TVs por satélite como forma de conduzir uma guerra não é uma novidade. De facto, sob pressão de Israel, os EUA e a União Europeia impuseram sucessivas interdições a cadeias libanesas, palestinianas, iraquianas e líbias. Nenhuma censura foi imposta a cadeias de satélite provenientes de outras partes do mundo.
Tão-pouco a difusão de notícias falsas constitui uma estreia. Entretanto, quatro novos passos significativos foram dados na arte da propaganda durante o decurso das últimas décadas:
- Em 1994 uma estação de música Pop, a “Radio Libre des Mille Collines” (RTML) deu o sinal para o genocídio no Ruanda apelando a “Matar as baratas!”.
- Em 2001 a NATO utilizou os media para impor uma interpretação dos atentados de 11 de Setembro e justificar os ataques ao Afeganistão e ao Iraque. Nesta altura, já Ben Rhodes tinha sido encarregado pela administração Bush de redigir o relatório da Comissão Kean/Hamilton sobre os atentados.
- Em 2002 a CIA utilizou cinco cadeias, Televen, Globovision, Meridiano, ValeTV et CMT, para fazer crer que manifestações monstruosas tinham forçado o presidente eleito da Venezuela, Hugo Chávez, a demitir-se, dado que tinha sido vítima de um golpe de Estado.
- Em 2011, aquando da batalha de Trípoli, a NATO fez realizar em estúdio e difundir pela Al-Jazeera e pela Al-Arabiya imagens de rebeldes líbios entrando na praça central da capital enquanto eles realmente ainda se encontravam longe da cidade, de forma que os habitantes, persuadidos de que a guerra estava perdida, cessaram toda a resistência.
Doravante, os media já não se contentam em apoiar a guerra, eles praticam-na diretamente. Este dispositivo viola os princípios básicos do direito internacional, a começar pelo artigo 19 de Declaração Universal dos Direitos do Homem relativo ao facto de “receber e difundir, sem consideração de fronteiras, as informações e as ideias por qualquer meio de informação”. Sobretudo, ele viola também as resoluções da Assembleia-Geral da ONU, adotadas no final da Segunda Guerra Mundial, para evitar as guerras. As resoluções 110, 381 e 819 interdizem “os obstáculos à livre troca de informações e de ideias” (no caso vertente, o corte das cadeias sírias) e “a propaganda de natureza a provocar ou encorajar toda a ameaça à paz, rotura da paz ou outro ato de agressão”.
No direito, a propaganda da guerra é um crime contra a paz, o mais grave dos crimes, dado que ele torna possíveis os crimes de guerra e os genocídios.

Autor: Thierry Meyssan
O original encontra-se em www.domenicolosurdo.blogspot.pt
Tradução de JCG. Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

Os estados membros na OTAN e do CCG preparam um golpe de Estado e um genocídio sectário na Síria. Caso pretendam opor-se a estes crimes, ajam quanto antes; façam circular estes artigos na Net e alertem os vossos conhecidos.

terça-feira, 12 de junho de 2012

‎"EUA tem vício de usar direitos humanos para atacar os países independentes", afirma a Coreia Popular


A República Popular Democrática da Coreia (RPDC) condenou o relatório sobre direitos humanos emitido pelos Estados Unidos recentemente. Para a RPDC estes relatórios que são rotineiros fazem parte de um "vício crônico", que é o uso deste tema por parte de Washington, como forma de tentar intimidar os países que não se dobram aos seus desígnios.
"Se alguns obedecem docilmente, os Estados Unidos os indulta, sem se importar com sua situação nos direitos humanos. Mas, no caso dos que se negam a serem dominados, são chamados de culpados", disse um porta-voz da chancelaria, em declarações difundidas na quarta-feira pela agência de notícias norte-coreana, KCNA.
"Esse é o julgamento de direitos humanos que [os EUA] repetem todos os anos", disse, recordando que seu país é questionado no documento por ser o mais hostilizado por aquele governo.
Segundo ele, há décadas os Estados Unidos recorrem à ameaça militar para atropelar com força a RPDC, com um único resultado que é o fortalecimento do espírito soberano e de unidade nacional de seu povo.
O porta-voz explicou que, enquanto as altas autoridades estadunidenses falam como se estivessem interessadas nos direitos humanos, são elas mesmas as que dificultam "mais obstinada e cabalmente" o desenvolvimento econômico e a melhora das condições de vida da população coreana e também de seu próprio povo.
Ele recordou também que no último dia 16 de abril, Washington impôs novas sanções econômicas contra a RPDC ao questionar o lançamento de um satélite com fins pacíficos. "Enquanto continuarem com sua política hostil e anacrônica contra a RPDC e contra todos os países que desenvolvem sua política independente, os Estados Unidos não terão direito moral de propor o tema dos direitos humanos e da vida do povo a ninguém", advertiu o portavoz.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Maradona manifesta apoio à Palestina


Após um treinamento com o Al Wasl, Diego Maradona recebeu como presente um uma kufiyya e deu mostras de apoio à luta heroica do povo palestino.
Diego Armando Maradona é considerado além de um dos melhores jogadores de futebol do mundo, um jogador com cultura e formação política, como mostra seu apoio aos processos revolucionários cubano e venezuelano, e suas constantes visitas ao líder Fidel Castro em Cuba. Desta vez Maradona manifestou o seu apoio explícito ao povo palestino depois de um treinamento com o clube que dirige em Dubai.
Mesmo dirigindo um time de futebol apoiado por xeiques traidores dos árabes, Maradona não se intimidou e manifestou seu repúdio à política criminosa israelense nos territórios árabes ocupados. Algo raro, porque a maioria dos jogadores de futebol (99,9%) são alienados e politicamente burros).
"Viva a Palestina!", proclamou Maradona no momento de receber como presente uma kufiyya, peça de roupa típica da Palestina. "Sim, senhor, eu apoio o povo palestino", acrescentou Diego enquanto fazia o 'V' da vitória.

Conclusão da Cúpula da Organização de Cooperação de Xangai: “Pela paz. Contra qualquer tipo de intervencionismo”


PEQUIM (Xinhua) – Na conclusão da reunião de cúpula da Organização de Cooperação de Xangai, hoje, 5ª-feira, os estados-membros assinaram declaração conjunta em que unanimemente rejeitam qualquer tipo de intervenção militar como meio para resolver as graves questões internacionais em vários pontos do mundo.
Nos termos da declaração distribuída imediatamente depois de concluída a reunião, todos os estados-membros da SCO declararam sua oposição a intervenção militar na Síria e rejeitaram a ideia de mudança provocada de regime naquele país.
Os estados-membros da SCO também rejeitaram o uso de meios militares para resolver a disputa em torno da questão nuclear contra o Irã e optam por apoiar o diálogo e outros meios diplomáticos.
Há inúmeros importantes motivos pelos quais é muito oportuno esse apelo pela paz e pela estabilidade, com apoio à resolução pacífica das questões atuais, em todo o mundo.
Por todo o planeta, do Oriente Médio ao Norte da África, conflitos armados e ataques terroristas ainda continuam a fazer vítimas civis inocentes, com muitos países nessas regiões, desde o ano passado, ainda mergulhados no caos e na anarquia.
A segurança e a estabilidade dos países reunidos na Organização de Cooperação de Xangai estão intimimamente associadas à segurança e estabilidade nessas regiões. Os líderes reunidos na cúpula da SCO decidem e declaram que só será possível chegar à paz, por meios pacíficos.
É experiência sempre repetida na história humana, recente e remota, que responder à violência com mais violência só leva a mais violência e gera ódios difíceis de aplacar.
Mais de um ano se passou, desde que as forças da OTAN puseram-se a bombardear a Líbia para derrubar o governo que lá estava. O governo foi derrubado, mas, até hoje, o país continua mergulhado no caos.
Não bastasse o exemplo da Líbia, já se passaram mais de dez anos desde que os EUA e seus parceiros na coalizão da OTAN derrubaram o regime dos Talibã no Afeganistão – país que tem fronteiras com vários estados-membos da Organização de Cooperação de Xangai.
Embora Washington trace já planos para a retirada, poucos são otimistas quanto à capacidade de o Afeganistão manter-se em segurança por meios próprios, considerada a fragilidade de seu aparelho de segurança e os frequentes atentados à bomba que não param de repetir-se.
Por tudo isso, é mais que hora de dizer “não” a qualquer tipo de intervenção militar, porque não se admite que as dolorosas experiências recentes continuem a repetir-se indefinidamente.
A reunião de cúpula da Organização de Cooperação de Xangai é a primeira vez que os líderes de todos os estados-membros reúnem-se e manifestam-se, numa só voz, sobre amplas questões internacionais. Com o crescente poder econômico e a indiscutível posição de destaque que ocupa no cenário internacional, esse novo bloco multinacional ativo passa, ativamente, a atuar como força-chave a favor da paz no mundo.

Fonte: Xinhuanet, Pequim, China

sábado, 2 de junho de 2012

Federação de Sindicatos da Síria denuncia atentado de terroristas pagos pelos EUA

O companheiro Adnan Azzouz, presidente da Federação Geral dos Sindicatos da República Árabe Síria, enviou para a CGTB a Declaração do Birô Executivo dessa entidade irmã, denunciando “a agressão das gangues armadas pelos países colonialistas”; os atos terroristas cometidos contra o povo sírio, em particular trabalhadores e estudantes, e destacando as duas bombas que causaram a morte de 55 pessoas e centenas de feridos em Damasco no dia 10 de maio.

Compartilhamos o importante documento que, mais uma vez, testemunha a heroica resistência dos trabalhadores, do povo e do Governo da Síria à criminosa ingerência imperialista nesse país.

“Trabalhadores do mundo em luta contra a opressão e a tirania;

Aos povos livres e honrados do mundo,

Grupos terroristas armados, bancados e financiados pelos regimes reacionários da Arábia Saudita, Qatar e Turquia e pelos países colonialistas tais como os Estados Unidos, França e Inglaterra, ampliam seus crimes atingindo todos os cidadãos sírios e a infraestrutura da sociedade síria pela qual o povo sírio pagou com devoção e sacrifício durante longo tempo. Dezenas de civis inocentes entregam suas vidas todos os dias como vítimas destes crimes que são condenáveis tanto do ponto de vista humano, como moral e religioso. Esses círculos agressivos que patrocinam, armam e financiam essas gangues não escondem seus maléficos objetivos por trás destes crimes. Torna-se claro e sem margem a equívocos que o principal objetivo das forças obscurantistas agressoras é pôr a Síria para sempre de joelhos e removê-la da trincheira da resistência contra o projeto colonial; da condição de país que luta contra o projeto de redivisão do Oriente Médio em frágeis entidades sectárias e étnicas. O intento é perpetuar o domínio da entidade sionista racista sobre a região. Essa é a essência satânica do projeto denominado Grande Oriente Médio.

Tem se tornado claro que as consignas que algumas das forças obscurantistas usam são apenas pretextos e argumentos falsos e vazios atrás dos quais se escondem. Ao contrário do que diz sua mídia, não têm nenhum interesse em qualquer tipo de transparência, democracia nem liberdade. As forças do obscurantismo que governam na Arábia Saudita e Qatar nem mesmo sabem o sentido da democracia e transparência. São países governados por gangues reais e máfias que se aliam para roubar as abençoadas riquezas de seus países. São os povos desses países que não possuem os instrumentos ou termos mais básicos da democracia real. Não possuem constituições, organismos de fiscalização, nem conselhos parlamentares, ao tempo em que esses governos usam de todos os meios sujos para minar a luta dos povos amantes de justiça, paz e liberdade como é o caso da Síria.

Povos honrados do mundo,

A Síria já anunciou e se comprometeu com as reformas prometidas a seu povo, com o desenvolvimento e a modernização da sociedade por todo tipo de leis e relações comunitárias em consonância com as necessidades do desenvolvimento humano. Todas as povoações e cidades testemunham relevantes políticas e procedimentos consistentes com as necessidades das comunidades. O povo Árabe Sírio garante em todas as suas organizações intelectuais, políticas e ideológicas sua determinação em seguir adiante no desafio de manter a abordagem de desenvolvimento e modernização, apesar do sofrimento imposto pelos complôs e sanções econômicas. Esses condenáveis crimes terroristas não nos deterão. Continuaremos no curso civilizatório. O círculo dos verdadeiros amigos da Síria se expande de forma constante e não tem nenhuma relação com aqueles envolvidos no derramamento de sangue sírio que se reúnem em Istambul, Tunis e Paris. Seu ódio não será capaz de minar as vitórias do orgulhoso povo sírio e seus passos de reforma representados nas recentes eleições parlamentares.

A reposta dos terroristas a este movimento democrático foi demonstrada no horrível crime que atingiu cidadãos inocentes na manhã de 10 de maio de 2012, com dezenas de mártires e feridos entre eles trabalhadores inocentes, servidores e estudantes vítimas deste crime.

Os trabalhadores da Síria e seus sindicalistas apelam às consciências de todos os povos livres e honestos em sua firme determinação contra os instrumentos do complô colonialista reacionário para que condenem os crimes terroristas cometidos pelas gangues do assassinato e da escuridão.

Viva a solidariedade militante entre trabalhadores e povos do mundo.

Birô Executivo da Federação Geral dos Sindicatos da República Árabe Síria