quinta-feira, 30 de junho de 2011

Kadafi resiste e ridiculariza Obama, Sarkozy e Cameron





Mais de 100 dias de ataques cruéis e bombardeios terroristas à Líbia, na maior aliança militar de todos os tempos, não são suficientes para derrotar Kadafi e o povo árabe líbio.
Até o momento quase 2.000 civis inocentes foram assassinados pela ação covarde da Otan – a serviço de Obama, Sarkozy e Cameron -, viadutos, estradas e pontes destruídas, edifícios e residências seriamente destruídas ou danificadas. Centenas de mísseis Tomahawk disparados contra cidades, vilas e aldeias – ao custo de US$ 1,4 milhão a unidade.
Centenas de milhares de dólares gastos com a chamada grande imprensa – jornais e televisão – em diversos países do mundo, para divulgar mentiras e justificar a maior carnificina do século. Tudo isso não é suficiente para derrotar Kadafi e o povo da grande Jamahiriya (poder do povo) Árabe Popular Socialista Líbia.
Qual seria o segredo dessa heróica resistência, quando os jornais e canais de televisão afirmavam – alguns continuam afirmando – que a Líbia se renderia aos grupelhos terroristas financiados pelas potências ocidentais,chamados derebeldes? E Kadafi não estaria de malas prontas para a Venezuela ou Rússia, como dizia a imprensa meses atrás? Os agressores da Líbia – principalmente o governo norte-americano que atacou a Líbia em 1986 e assassinou a filha caçula de Kadafi – deveriam saber que o povo árabe líbio não se entrega, não se rende. Na invasão italiana, o mártir e herói nacional líbio Omar Moukhtar (1862-1931) resistiu ao poderio militar bélico italiano, um dos mais avançados da época, e sedimentou na alma de cada líbio uma enorme aversão ao colonialismo, ao imperialismo, às injustiças e dominações estrangeiras, por isso a Líbia sempre apoiou os povos que lutam por libertação em diversas partes do mundo. Por isso a Líbia nunca reconheceu o estado artificial de Israel.
A derrota da Otan (leia-se Obama, Sarkozy e Cameron) é a derrota da injustiça, do crime organizado sob a fachada de governos imperialistas, da opressão e tentativa de retorno à escravidão. A destruição do Iraque revela as verdadeiras intenções das potências ocidentais, cujos governos são reféns das indústrias bélica e petrolífera.
Ao resistir heroicamente aos ataques terroristas das nações mais poderosas do planeta, a Líbia, com seus pouco mais de 6 milhões de habitantes mostrou ao mundo que um país que pratica a justiça e a liberdade é invencível. Somente a união total do povo líbio ao líder Muamar Kadafi explica a derrota da Otan e das potências ocidentais.
Kadafi não vai deixar o país, como deseja a imprensa mercenária dos países ocidentais, cumprindo ordens do Pentágono, mas, ao contrário,vai continuar liderando seu povo na construção de uma nação próspera, rica, soberana, solidária com diversos países, especialmente as nações africanas.
O líder que construiu o maior rio artificial do mundo para irrigar o deserto, não vai se render a uma coalizão de países dirigidos por governantes corruptos e criminosos.
Estudos estratégicos revelados pelo Wikileaks mostram que esses ataques à Líbia já estavam programados pelo governo imperialista norte-americano desde o ano de 2008, com o único objetivo de roubar petróleo, e nesse sentido Obama se uniu a Sarkoy e Cameron, com a promessa de saquear e dividir os bens do povo líbio. Esses ladrões de petróleo, esses saqueadores de povos e nações, estão sendo derrotados, e seus nomes ficarão para a história como os mais canalhas entre os canalhas, os mais criminosos entre os criminosos.
Kadafi ridicularizou Obama, Sarkozy e Cameron, e não foi esta a primeira vez. Durante a visita de Kadafi à Assembléia Geral das Nações Unidas, o beduíno que se fez líder da Líbia rasgou a Carta das Nações em público (pela primeira vez na história da ONU) e afirmou que a democracia ocidental é uma farsa, que o sistema legislativo construiu uma quadrilha em cada instância de poder (senado, câmara de deputados, assembléia legislativa, prefeituras, governos estaduais, câmaras de vereadores etc) para roubar a população.
E para ridicularizar ainda mais os governantes das chamadas democracias parlamentares (aqueles que fazem guerras para roubar as riquezas naturais dos povos mais fracos) Kadafi mostrou que na Líbia o poder popular é exercido pela própria população através dos Comitês e Congressos Populares, onde o povo não elege representantes, mas participa diretamente do exercício do poder em cada sindicato, em cada bairro, aldeia, vila ou cidade.
O povo árabe líbio está pagando com sangue um preço muito alto pela sua liberdade e soberania. Milhares de mortos, crianças traumatizadas por vôos rasantes de aviões da Otan que diariamente lançam bombas nas cidades e nos campos. A munição radioativa das bombas lançadas sobre a Líbia – infelizmente - farão mais vítimas civis inocentes e indefesas ao longo dos próximos anos.
No balanço geral, podemos ter a certeza que a Líbia deu e continua dando exemplos memoráveis ao mundo. Além de resistir heroicamente, transformando cada cidadão líbio em um Omar Moukhtar, um “leão do deserto”, um Muamar Kadafi, ainda prestou o grande benefício de abrir os olhos da humanidade para os verdadeiros terroristas e criminosos do mundo: os governantes corruptos das potências ocidentais; os sistemas podres de governos; a imprensa mercenária; os militares a serviço das indústrias bélica e petrolífera.

José Gil

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Bombardeios norte-americanos atacam civis




Por Stephen Lendman

Operações aéreas e terrestres dos EUA estrategicamente atacam civis como alvos, não obstante o Pentágono (e a OTAN) negue. Eles mentem apesar da clara evidência refutando os mesmos. Seu último crime matou 19 líbios, todos civis, incluindo mulheres e oito crianças, dão desculpas falsas e enganosas quando o fazem.
A OTAN (código para Pentágono) com duplicidade chamou de "ataque de precisão contra um alvo militar legítimo - um nó de comando e controle, que esteve diretamente envolvida na coordenação de ataques sistemáticos contra o povo líbio".
Falso! A OTAN atacou a propriedade privada de Khweildy AL-Hamidy, um aliado do Khaddafi, assassinando civis debaixo de escombros, o porta-voz do governo Líbio Moussa Ibrahim disse:
"Isso é uma lógica muito distorcida. Então você mata crianças. Você mata mães. Você mata pais, tias e tios, e, em seguida, tenta explicá-lo pela lógica política militante distorcida”.
Desde que os atentados terroristas da OTAN começaram 19 de março, há uma média de aproximadamente nove mortes de civis por dia, além de centenas desconhecidos mortos por assassinos rebeldes em suas áreas de controle, assassinando qualquer suspeito de ser pro-Khaddafi – o que relatos da mídia ocidental e governos não vão explicar.
Numerosos relatos confirmam, incluindo a TELESUR em 3 de junho, dizendo:
"Ativistas britânicos verificaram as consequências dos ataques da OTAN contra civis na Líbia. Um porta-voz do Grupo Civis Britânicos para a Paz (BCP)” juntamente com ativistas francês, alemães, italianos e regionais confirmaram a morte de não combatentes. Eles também “não encontraram nenhuma evidência do exército líbio bombardeando civis", mas observaram atrocidades dos bombardeios da OTAN em primeira mão.
Dale Roberts, porta-voz do BCP, disse em duas visitas a Líbia:
"Eu vi e testemunhei os efeitos do bombardeio aos civis. Isto incluiu escolas, hospitais, infraestrutura e áreas civis," sem relação com instalações militares.
Roberts acrescentou que o Reino Unido e a mídia ocidental suprimem as verdades por que:
"A opinião pública europeia é contra uma guerra que não foi debatida no Parlamento, mesmo no meu país, a Grã-Bretanha", acrescentando:
"Uma das principais razões pelas qual” a Resolução da ONU 1973 passou foi porque "A Líbia estava sendo acusada e era responsável pelo ataque a civis desarmados. Eles são falsos. Visitamos as áreas em Trípoli (citada pela Resolução das Nações Unidas), e é claro que essas áreas não foram atacadas”.
Como todas as guerras norte-americanas, mentiras facilitam o terror e o bombardeio da Líbia. Elas incluem alegações infundadas, como massacres por déspotas a civis ou ameaças aos países vizinhos com armas de destruição em massa alimentando o medo e obtendo o apoio popular.
Em seu livro "A guerra é uma mentira", David Swanson explica "temas comuns no negócio mentiroso da guerra, mentiras que acabam voltando como zumbis que não morrem." E não importam quantas vezes elas sejam expostas mais tarde, elas são usadas de forma eficaz, porque são gerenciadas pelos grandes meios de comunicação que as repetem, sabendo que elas são falsas, mas fazem de qualquer forma cumplices com crimes do Estado.
Salvo em legítima defesa, as guerras não são nunca justificadas, legítimas ou legais, especialmente as Americanas, a única superpotência global a não enfrentar nenhuma ameaça externa, os manufaturados garantem mais conflitos para aumentar a expansão imperialista e o domínio incontestável, não importando a contagem de corpos para alcançá-los.
Como resultado, o mesmo padrão se repete, seguindo de uma agressão para outra ou as multiplicando simultaneamente, ilegalmente, e desastrosamente, levando a América rumo à tirania, a ruína, e eventualmente a falência. Moralmente ela tinha esse status por gerações, notoriamente desde a Segunda Guerra Mundial.
"Em um mundo com tantas incertezas e atores imprevisíveis", diz Immanuel Wallerstein, “o mais perigoso ‘empunhando armas’ é... os Estados Unidos.”.
Por exemplo, os chamados ‘Equipes da morte’ do Pentágono assassinam com impunidade. Alguns recolhem partes de corpos como lembranças ou troféus como os militares dos EUA fizeram na Segunda Guerra Mundial, mutilando japoneses mortos, assim como mais tarde na Coréia, Vietnã, Iraque e Afeganistão, alimentando depravação inculcada em jovens recrutas durante o treinamento.
Esquadrões da morte dos EUA também têm sido usados em guerras dos EUA desde a Segunda Guerra Mundial. Durante a Guerra Coreana, dezenas de milhares foram assassinados, e no Vietnã, a revista CounterSpy chamou a Operação Phoenix "o mais indiscriminado e massivo programa de assassinato político desde os campos de extermínio nazistas", talvez ultrapassando o pós-9/11 no Iraque, Afeganistão, Paquistão, Líbia e numerosas guerras por procuração, tendo um terrível pedágio de vidas humanas somente nas operações de combate.
Além disso, desde a Segunda Guerra Mundial, os atentados terroristas dos EUA mataram milhões de não combatentes a fim de assustar os inimigos para submissão dos mesmos, o que é comum agora no Afeganistão, Paquistão e Líbia, assim como antes no Iraque e poderia ser retomada, se ordenado.
O sociólogo Emile Durkheim disse uma vez: "A imoralidade da guerra depende totalmente dos líderes que a quiseram." Na América, é claro, são da alta administração e funcionários do Pentágono. Em seu discurso de abertura em Nuremberg, o juiz Robert Jackson denunciou “homens que possuem grande poder e fazem uso deliberativo e concertado do mesmo para colocar em movimento males que não deixam uma casa no mundo intocada.”.
Chamou-os "homens de estação e posição (que não) sujam (suas) mãos com sangue", mas usam "pessoas sem expressão" para fazê-lo, cometendo crimes de guerra e contra a humanidade para melhorar seu status e privilégio.
Como resultado, no Iraque e no Afeganistão, as forças dos EUA ainda ordenam as tropas a matar todos os militares mais velhos à vista. Além disso, durante treinamento, os inimigos são desumanizados para tornar fácil, programando os recrutas a sentirem-se sem culpa sobre crimes horríveis.
No entanto, as leis internacionais e dos EUA são claras e inequívocas, incluindo o Manual de Campo do Exército dos EUA (FM) 27-10 que incorpora princípios de Nuremberg, Julgamento e da Carta e da Lei de Guerra Terrestre (1956):
- parágrafo Nº 498 FM afirma que qualquer pessoa, militar ou civil, que comete um crime sob a lei internacional é responsável por isso e pode ser punido;
- parágrafo Nº 499 define crime de guerra;
- parágrafo Nº 500 refere-se a uma conspiração, tentativas de cometê-la e condescendência em relação a crimes internacionais;
- parágrafo Nº 509 nega a defesa de ordens superiores na prática de um crime, e
- parágrafo Nº 510 nega a defesa de um "ato de Estado" para absolvê-los.
Dois pontos são fundamentais:
- Estas disposições se aplicam a todo militar dos EUA e civis, incluindo altos comandantes, ao secretário de Defesa, seus subordinados, e ao Presidente e Vice-Presidente dos Estados Unidos, e
- Nos termos da Cláusula de Supremacia da Constituição (artigo VI, parágrafo 2), todas as leis e tratados internacionais são a ‘lei suprema do território’.
No entanto, as forças dos EUA cometem atrocidades regulares, no Afeganistão há quase uma década, os comandantes do Pentágono desdenhosamente dizendo que as operações continuarão a fim de atingir as metas que incluem a morte de civis, não importando quantos afegãos alienados se tornem recrutas do Taliban contra um ocupante odiado.
Por que não. Quando atentados terroristas matam famílias inteiras, incluindo crianças. Quando as tropas bandidas conduzem no meio da noite invasões a casas, intimidando, prendendo, e às vezes matando gratuitamente. Quando o zumbido do controle-remoto mata como esporte. Quando as pessoas estão desabrigadas, com fome, desempregadas e destituídas porque os Estados Unidos vieram, ocuparam e não deram a mínima para as necessidades humanas.
Depois de aterrorizar os iraquianos, em junho de 2009, Stanley McChrystal assumiu o as forças do comando dos EUA / OTAN no Afeganistão para fazer o mesmo lá. Anteriormente, ele chefiou o infame Comando de Operações Especiais (CJSO) do Pentágono, de fato operações do esquadrão da morte para matar com impunidade.
Depois de sua demissão, um ano depois, David Petraeus (diretor designado da CIA) dobrou os ataques aéreos da OTAN e aumentou os ataques do terror das Forças Especiais para infligir mais morte e destruição contra pessoas que não vão parar de resistir até a ocupação da América terminar.
É claro, principalmente os civis sofrem, o que a reportagem dos principais meios de comunicação não vai explicar, regurgitando as mentiras do Pentágono sobre ataques militantes bem sucedidos, suprimindo as verdades para deixar que as guerras imperiais devastem, chamadas fictíciosamente de libertadoras.
Na verdade, quando Washington quer a guerra, nada impede os oficiais de travá-la ou várias ao mesmo tempo, inventando motivos para justificar o que só massas ingênuas e co-conspiradores acreditam.
Assim, quando Obama diz "nós" temos autoridade moral para libertar os iraquianos, afegãos, paquistaneses, líbios ou de outras nações que ele ataca, o ganhador do Prêmio Nobel Harold Pinter, uma vez refletiu em Janeiro de 2000, na então, ilegal operação 1999 Sérvia / Kosovo, dizendo:
"Quando eles disseram “(nós) tínhamos que fazer algo”, eu disse: Quem é esse "nós" exatamente que você está falando?... Sob qual comando o ' nós ' age, sob que leis? também, a noção de que esse ‘nós’ tem o direito de agir”, disse eu, pressupõe uma autoridade moral de que este 'nós' não possui a mínima! Isso não existe!"
Na verdade, é tão imoral, antiético e ilegal como para assassinos em série, motivados por qualquer motivo, incluindo paixão pela violência, recompensas reais ou delirantes.
Quando “nós” é uma nação, não sociopatas, o ambíguo Orwelliano disfarça os motivos reais enganosamente. Por exemplo, Obama chama os ataques líbios de uma "ação militar de tempo limitado, escopo limitado", não uma guerra, não importando quantas mortes e destruição seja infligida.
Assim, alegando o artigo constitucional 2, seção 2 autoridade como comandante das forças armadas em comando, de fato, viola o artigo 51 da Carta da ONU, que proíbe ataques contra outras nações, exceto em legítima defesa, e somente até que o Conselho de Segurança aja.
Além disso, o artigo 1 da Constituição, seção 8 é violado, a concessão para declarar guerra é de competência exclusiva do Congresso, nunca do executivo unilateralmente, por qualquer razão ou por qualquer motivo insignificante disfarçado.
Guerra é guerra. É também o inferno no final das contas, perniciosa aos combatentes, e prejudicial a nível nacional, quando as necessidades populares não são satisfeitas.
Como Chefe Executivo, Obama é responsável por assassinato em massa e destruição. Se as regras do direito importassem, ele seria acusado, condenado e preso por grandes crimes - de fato, crime internacional supremo contra a paz e outros relacionados a este.
Em vez disso, ele vai terminar seu mandato atual, provavelmente será reeleito, e deixará o cargo recompensado com vários milhões de dólares no Hall de negociações e com convite para palestras custando seis dígitos para exaltar uma condenação em um tribunal de direito, sendo ele inteiramente responsável por grandes crimes, exigindo punição severa. Na verdade, somente as vítimas enfrentam esse destino.

domingo, 26 de junho de 2011

A longa marcha contra Pentágono/OTAN



Afinal, o que realmente resultou da reunião anual da Organização de Cooperação de Xangai [ing. Shanghai Cooperation Organisation (SCO)], semana passada, no Cazaquistão?

Comparada às expectativas ensandecidas, foi coisa bem prudente e moderada: mais um ‘mapa do caminho’, que mudança de jogo. Mesmo assim, China, Rússia e quatro ‘stãos’ da Ásia Central – Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão e Uzbequistão – foram bem além do cardápio previsível de cooperação em questões de segurança/economia.

Nursultan Nazarbayev, o “leopardo da neve” do Cazaquistão, anfitrião e presidente do encontro, disse detalhadamente que a Organização de Cooperação de Xangai continuará a combater o terrorismo e a ciber-narco-criminalidade, ao mesmo tempo em que tentará equacionar a delicada questão da distribuição da água na Ásia Central – capítulo chave das guerras globais pela água, que estão começando.

Mas disse também que a Organização de Cooperação de Xangai é favorável a uma nova moeda global. E tem mais. Assinou-se novo memorando, segundo o qual a Organização de Cooperação de Xangai iniciará consultas com Índia, Paquistão e Irã – que se candidataram a membros plenos da SCO.

Não significa que seja negócio fechado. O Irã é candidato a membro desde 2008. Ainda não foi aceito, porque está sob sanções impostas pelo ocidente via ONU.

O Paquistão, por outro lado, mal pode esperar para ser incluído. É o que se vê pelos efusivos elogios disparados pelo presidente Asif Ali Zardari. Uma SCO acolhedora com certeza ganha de uma Washington invasora serial e dependente terminal de aviões-robôs-drones.

Pequim, por sua vez, terá muito cuidado ao sopesar a admissão da Índia e do Paquistão. Segundo Wu Hongwei da Academia Chinesa de Ciências Sociais, “se se unirem à Organização de Cooperação de Xangai, há o risco de que levem para lá suas disputas não resolvidas.”

O Afeganistão candidatou-se ao status de observador. Provavelmente será aceito. E é quando o jogo fica mais emocionante.

Façam dinheiro, não façam guerra

Acompanhar as mídias chinesa e russa tem sido absolutamente fascinante. Para muitas mentes críticas em Moscou, incomodadas porque a Rússia parece não saber diversificar a economia, a Organização de Cooperação de Xangai é hoje fundamentalmente chinesa.

Faz sentido. Embora o comércio bilateral esteja bombando, o coletivo-liderança em Pequim vê Moscou como pouco mais que fornecedor-gigante de energia/commodities que alimenta o dragão. Moscou, por sua vez quer/precisa muito de investimentos da alta tecnologia chinesa em seu combalido setor industrial.

Rússia e China têm programa estratégico bilateral até 2018. Basicamente, envolve desenvolvimento/produção de petróleo, gás e minérios na Rússia – na Sibéria e no extremo oriente do país – e processamento na China.

O oleodutostão principal, o nome do jogo nessa região, é o imenso oleoduto Sibéria Oriental-Oceano Pacífico [ing. East Siberia-Pacific Ocean, ESPO. Mapa da região, emhttp://www.hydrocarbons-technology.com/projects/espopipeline/espopipeline2.html) – de Skovorodino, na Rússia, até Mohe, na China, mais dois gasodutos.

O que o Oleodutostão encobre é a questão extremamente sensível de quem será o cão alfa econômico na Ásia Central. Ninguém precisa ser a Moça do Tempo, para ver de que lado sopram esses ventos de estepe. Como conseguir equilibrar o jogo estratégico da Rússia na Ásia Central e a voracidade econômica da China?

Por exemplo: a Organização de Cooperação de Xangai quer criar um banco de desenvolvimento. Moscou quer ligá-lo ao Banco de Desenvolvimento Eurasiano – cujos maiores acionistas são a Rússia e o Cazaquistão. Pequim quer que seja instrumento absolutamente novo.

E num plano geoestratégico, a história é completamente diferente.

A mídia estatal em Pequim estava em êxtase, porque China e Rússia já trabalhavam para aprofundar sua parceria estratégica, logo no dia seguinte ao encontro da Organização de Colaboração de Xangai, em declaração conjunta de Hu Jintao presidente da China, e Dmitry Medvedev, da Rúsia.

Em vez dos bombardeios da OTAN, Rússia/China são pela “não interferência” e por “menos ação militar” na Coreia e, sobretudo, no Oriente Médio/Norte da África [ing. (Middle East/North Africa, MENA).

Em vez das intromissões de Washington em questões entre a China e países do sudeste da Ásia, Rússia/China são a favor dessas “parcerias estratégicas”, que veem como “fator chave para a paz e a estabilidade da região do Pacífico asiático”.

Em vez dos planos de Washington de instalar escudos antimísseis na Europa do leste, Rússia/China privilegiam “soluções políticas e diplomáticas”.

Em vez de demonizar o Irã, Rússia/China não se cansam de repetir que o Irã tem pleno direito de desenvolver seu programa nuclear para finalidades pacíficas.

E nem é preciso dizer que, além de opor-se ao bombardeio da OTAN contra a Líbia, Rússia/China são contra qualquer possível resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre a Síria.

Tampouco é preciso dizer que nada disso desce muito bem goela abaixo da Casa Branca e do Departamento de Estado, ao mesmo tempo em que a teoria da Dominação de Pleno Espectro [ing. Full Spectrum Dominance] do Pentágono vai-se pelo ralo. A cereja do bolo foi a segunda declaração de Hu e Medvedev: China e Rússia aprofundarão a cooperação militar.

Mais um buraco na cerca

E há também o “Rosebud” desse filme “Cidadão Eurásia” – que é o invencível labirinto das encruzilhadas afegãs. Washington está em total “surge” de operação-gigante de Relações Públicas, para tentar convencer a opinião pública mundial de que os EUA estão empenhados em “conversações” com os Talibã ‘porque’ a OTAN está(ria) vencendo a guerra.

O que virá agora? O Mulá Omar convidado para um Arroz à Cabul, em jantar de recepção a chefe de Estado na Casa Branca?

A realidade é um pouco mais complexa. O astuto Hamid Karzai, presidente do Afeganistão, lá estava, na reunião da Organização de Cooperação de Xangai, fazendo lobby a favor da candidatura de seu país ao status de observador. Karzai sabe que nenhuma solução realista para o Afeganistão virá de Washington. Ele tem de envolver na discussão a Organização de Cooperação de Xangai.

Nazarbayev, o “leopardo da neve” cazaque, entregou o jogo, ao dizer que “é possível que a Organização de Cooperação de Xangai venha a assumir responsabilidades em várias questões que envolvem o Afeganistão, depois da retirada dos soldados da coalizão em 2014”.

A primeira parte do comentário está perfeita. A segunda, não. Porque a hipótese de o Pentágono deixar o Afeganistão é simplesmente impensável... nos termos da Doutrina da Dominação de Pleno Espectro, do Pentágono.

Mesmo assim, pergunte a qualquer um, por todo o arco, do sul ao centro da Ásia: ninguém quer por lá bases militares permanentes dos EUA no Afeganistão. A opinião pública, sim, mas também os membros da Organização de Cooperação de Xangai, incluídos os observadores.

Jamais se lerá nem menção a isso em declarações da Organização de Cooperação de Xangai, é claro. Mas Pequim e Moscou estão convencidas de que, se se deixar caminho livre para os EUA no Hindu Kush, eles instalarão mísseis de defesa no Afeganistão, mirados, evidentemente, contra Rússia e China.

Portanto, senhoras e senhores, apertem os cintos. China e Rússia se aproximarão cada dia mais, em termos geopolíticos, em toda a Eurásia – e nenhuma campanha de propaganda jornalística sobre “reset” das relações EUA-Rússia mudará isso.

Essa é a mensagem “invisível” que a Organização de Cooperação de Xangai deixa para o futuro imediato: parafraseando Pink Floyd, não precisamos de intervenção, não precisamos de controle de ideias. Eis como Rússia/China planejam o primeiro passo da longa marcha para derrubar o muro Pentágono/OTAN.

Por Pepe Escobar, Al-Jazeera, Qatar

Mussa Ibrahim: "Não vamos ceder a algumas gangues criminosas"



Além da guerra militar, os governos imperialistas dos EUA, França e Inglaterra promovem guerra midiática contra a Líbia, divulgando diariamente mentiras através da chamada grande imprensa. A mais recente mentira foi a possibilidade do líder Muamar Kadafi deixar o governo em troca de um cessar-fogo por parte das nações ocidentais imperialistas que fazem hoje uma nova Cruzada contra a Líbia, em busca do controle das riquezas naturais do país..
“ Muamar Kadafi, não tem a intenção de deixar o poder ou a Líbia, ainda que os rebeldes afirmem que esperam uma proposta do governante para encerrar o conflito em breve, informou neste domingo Mussa Ibrahim, porta-voz do governo: "Kadafi está aqui. Ele fica. Ele está governando o país. Ele não sairá. Ele não renunciará porque não tem nenhuma posição oficial", afirmou Ibrahim ao ser questionado sobre notícias de que os rebeldes esperam uma oferta de Kadafi muito em breve.
"Nós não vamos ceder a algumas gangues criminosas que tomaram nossas cidades como reféns. Nós não vamos ceder à organização criminosa da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte]. Todo mundo continua lutando. Estamos prontos para brigar de rua em rua, de casa em casa", acrescentou ele.

Mais vítimas do terrorismo da OTAN a serviço dos EUA, França e Inglaterra
Neste sábado mais 15 civis foram mortos e 45 feridos na cidade de Brega durante ataque aéreo da OTAN à mais uma cidade líbia. Esses ataques tem-se intensificado nos últimos dias após a Câmara dos Representantes dos EUA votarem contra a participação do país nos ataques terroristas à Líbia.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Anistia Internacional inocenta Kadafi de crimes divulgados na mídia



Organizações de direitos humanos lançaram dúvidas sobre as alegações de violações em massa e outros abusos cometidos por forças leais ao líder Muamar Kadafi, que têm sido amplamente utilizados na mídia para justificar a guerra da Otan na Líbia. A conclusão foi publicada nesta semana no jornal The Independent.

Os líderes da Otan, os grupos de oposição e da mídia produziram um fluxo de estórias desde o início da insurreição em 15 de Fevereiro, alegando que o regime de Kadafi ordenou estupros em massa, utilizou mercenários estrangeiros, empregou helicópteros e armas proibidas contra manifestantes civis.

Uma investigação da Anistia Internacional não conseguiu encontrar provas para essas violações dos direitos humanos e em muitos casos tem desacreditado e lançado dúvidas sobre elas. A entidade também encontrou indícios de que em várias ocasiões, os rebeldes em Benghazi fizeram deliberadamente declarações falsas e distribuiram versões mentirosas sobre crimes cometidos pelo governo líbio.
As descobertas pelos investigadores parecem estar em desacordo com o parecer do procurador do Tribunal Penal Internacional, Luis Moreno-Ocampo, que há duas semanas, disse em uma conferência de imprensa que "nós temos a informação de que havia uma política de estupro na Líbia, voltada para os que eram contra o governo. Aparentemente, ele [Muamar Kadafi] usou para punir as pessoas. "

A secretária de Estado norte-americano Hillary Clinton disse na semana passada que estava "profundamente preocupado" que as tropas de Kadafi estavam participando de estupros na Líbia. "O estupro, intimidação física, assédio sexual, e até mesmo os chamados " testes de virgindade" tiveram lugar em países de toda a região", disse ela.

Nenhuma vítima, apesar da imprensa afirmar o contrário

Donatella Rovera, conselheiro sênior de resposta de crise para a Anistia, que estava na Líbia por três meses após o início do levante, diz que "nós não encontramos qualquer evidência ou uma única vítima de estupro ou um médico que sabia a respeito de alguém ser estuprada".

Ela enfatiza que não há nenhuma evidência para mostrar que tenha acontecido estupros. Liesel Gerntholtz, chefe dos direitos da mulher da Human Rights Watch, que também investigou a acusação de estupro em massa, disse: "Nós não encontramos provas".

Uma reportagem que correu o mundo, onde apresentaram dois soldados pró-Kadafi capturados pelos rebeldes, e apresentados como estupradores de uma família com quatro filhas, revelou-se uma mentira preparada pelos rebeldes. Rovera diz que quando ela e um colega, ambos fluentes em árabe, entrevistaram os dois detidos, um de 17 anos e um 21, sozinho e em quartos separados, eles mudaram suas histórias e deram informações diferentes do que tinha acontecido. "Os dois disseram que não haviam participado do estupro e apenas ouviram falar sobre isso", disse ela. "Eles contaram histórias diferentes sobre se ou não as mãos das meninas foram amarradas, se os pais estavam presentes e sobre como elas estavam vestidos."

Aparentemente a mais forte evidência de estupros em massa parecia vir de um psicólogo líbio, Dr Seham Sergewa, que diz que distribuiu 70 mil questionários em áreas controladas pelos rebeldes e ao longo da fronteira da Tunísia, dos quais mais de 60 mil foram devolvidos. Segundo o médico 259 mulheres haviam sido estupradas, das quais o Dr. Sergewa disse que entrevistou 140 vítimas.

Perguntado por Diana Eltahawy, especialista da Anistia Internacional sobre a Líbia, se seria possível encontrar qualquer uma dessas mulheres, o Dr Sergewa respondeu que "tinha perdido o contato com eles" e foi incapaz de fornecer provas documentais ou indicar um nome real.

A acusação de que o Viagra foi distribuído às tropas Kadafi para incentivá-los a estuprar mulheres em áreas rebeldes surgiu pela primeira vez em março, depois que a Otan destruiu tanques avançando sobre Benghazi. Ms Rovera diz que rebeldes lidando com a imprensa estrangeira em Benghazi começaram a mostrar aos jornalistas pacotes de Viagra, alegando que eles vieram dos tanques queimados, embora não esteja claro por que os pacotes não estavam carbonizados.

Os rebeldes têm repetidamente reclamado de que tropas mercenárias da África Central e Ocidental têm sido usadas contra eles. A investigação da Anistia descobriu que não havia evidências para isso. "Aqueles apresentado para jornalistas estrangeiros como mercenários foram mais tarde libertados discretamente", diz Ms Rovera. "A maioria eram sub-saariana migrantes que trabalham na Líbia sem documentos."

Outros não tiveram tanta sorte e foram linchados ou executados pelos rebeldes. Ms Rovera encontrou dois corpos de migrantes no necrotério Benghazi e outros foram jogados na periferia da cidade. Ela diz: "a mídia internacional continua repetindo a versão de mercenários contratados por Kadafi, inflamando a opinião pública, mas não há nenhuma prova ou evidência dessa acusação”.

Não há provas de massacres cometidos em Benghazi pelo governo líbio, revelou a Anistia Internacional. A maioria dos combates durante os primeiros dias da revolta estavam em Benghazi, onde foram mortos de 100 a 110 pessoas, e na cidade de Baida, ao leste, de 59 a 64, diz Anistia. A maioria destes foram provavelmente manifestantes, embora alguns possam ter obtido armas. Mas eles atacaram e mataram policiais e militares líbios, incendiaram delegacias de polícia e escritórios do governo, demonstrando que havia uma organização militar por trás das manifestações.

Vídeos amadores mostram alguns manifestantes pró-Kadafi mortos, e oito corpos carbonizados foram encontrados nas ruínas do quartel-general militar em Benghazi. Alguns vídeos mostram policiais líbios carbonizados sendo içados por rebeldes no alto de edifícios, demonstrando verdadeira barbárie.

Não há nenhuma evidência que as aeronaves, armas pesadas ou armas anti-aéreas sendo usadas contra a multidão. Os cartuchos apreendidos após os confrontos são de armas militares, como Kalashnikovs ou armas de calibre similar.

As descobertas da Anistia geraram um relatório recente do Grupo de Crise Internacional autoritária, e descobriu-se que, enquanto o regime de Kadafi era acusado de promover massacres, não havia nenhuma evidência ou prova de “genocídio”, como afirmava a imprensa intrnacional e o governo norte-americano.
O relatório acrescenta que "muita cobertura da mídia ocidental, desde o início apresentou uma visão muito unilateral da lógica de eventos, retratando o movimento de protesto como inteiramente pacífica e repetidamente sugerindo que as forças do regime de segurança foram inexplicavelmente massacrar manifestantes desarmados que não oferciam perigo".

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A OTAN, Transformer final






Pepe Escobar, Asia Times Online

Esqueçam a franquia hollywoodiana dos Transformers; pelo que se depreende dos fatos em campo, o Transformer final na vida real é a Organização do Tratado do Atlântico Norte, OTAN.

A OTAN acaba de admitir que “provavelmente” foi responsável pela libertação humanitária das almas de nove civis líbios, mais 18 feridos, em ataque matinal contra um prédio de apartamentos em área densamente habitada em Trípoli.

A libertação de cidadãos norte-africanos que dormiam, e jazem hoje sob toneladas de ruínas, é evento que se soma à rotina de libertação, pela OTAN – e Pentágono – que já se viu em atividade em festas de casamentos pashtuns.

Esqueçam a conversa fiada das negativas ao estilo de Ministério da Verdade que nada nega nem afirma, envelopada em fórmulas de noticiário-mentira e duplifalar sobre “falha no sistema de armas”, ou a variedade “extremo cuidado nas ações”. Ou nada disso – já que a guerra contra a Líbia, que atende pelo codinome-duplifala de “Operação Protetor Unificado [ing. Operation Unified Protector], ruma para o quarto mês e mais de 4.300 ataques aéreos “humanitários”.

Afinal de contas, as guerras da OTAN – que já se espalham por todo o “arco de instabilidade” inventado pela OTAN, do Norte da África para o Oriente Médio, rumo à Ásia Central – são tão absolutamente contra regimes “pouco palatáveis” (filhos da puta, mas não os “nossos filhos da puta”) quanto são contra civis.

Exército-modelo
No nebuloso labirinto do Ministério da Verdade da OTAN – que inclui esquemas como Parceria pela Paz, Iniciativa de Cooperação de Istanbul, Diálogo Mediterrâneo, para citar alguns –, encontram-se virtualmente todos os membros já sócios-proprietários ou ainda sócios-aspirantes ao Clube Contrarrevolucionário do Golfo (também conhecido como Conselho de Cooperação do Golfo [ing. Gulf Cooperation Council (GCC)], além das monarquias servis da Jordânia e do Marrocos. Esses casos exemplares de democracia andam, todos, muito empenhados em libertar os pobres e oprimidos do mundo inteiro, por razões “humanitárias”.

Aquele repulsivo oportunista dinamarquês e secretário-geral da OTAN Anders Fogh Rasmussen anda em viagem superturbinada pela Europa. Só faz se autopromover: “a OTAN é mais necessária e desejada do que nunca, do Afeganistão ao Kosovo, da costa da Somália à Líbia. Nunca antes trabalhamos tanto!”

Mas nem todo esse ímpeto desvairado pró-pensamento belicista atlanticista basta para o secretário de Defesa dos EUA Robert Gates – para o qual a OTAN não seria suficientemente letal nem estaria exorbitando suficientemente. Considerando que a OTAN não passa de braço europeu armado do Pentágono, tem-se aí um caso clássico de machos tipo EUA-é-de-Marte, que gostam de humilhar a Europa-é-de-Vênus.

Até ali, a fala mais sinistra do sinistro Rasmussen havia sido “nós podemos ajudar a Primavera Árabe e levá-la a verdadeiro desabrochar”. É a senha para bombardear a Líbia sem trégua; ativar o mais feroz lobby a favor de intervenção “humanitária” na Síria e, por que não?, também para iniciar a “libertação humanitária” à bomba, na Argélia e até no Líbano.

Quanto ao Egito e à Tunísia, Rasmussen já resolveu que a OTAN deseja re-treinar todos os exércitos que por lá existam – operação copiada do retreinamento que estão aplicando atualmente ao Iraque. Os tentáculos dos Transformers alcançam todos os cantos do mundo.

A guerra contra a Líbia começou como primeira guerra africana do Africom [Comando da África] do Pentágono – lembram a Operação Alvorada da Odisseia? – e depois virou primeira guerra mediterrânea, além de africana, da OTAN. A agenda visível da OTAN é reinar no Mediterrâneo. O antigo mare nostrum dos romanos, convertido em laguinho da OTAN.

Só isso explica que Pentágono/OTAN estejam hoje fazendo exercícios navais no Mar Negro (“Operação Brisa do Mar 2011” [orig. Sea Breeze 2011]), ao largo da Ucrânia e muito próximo de Sebastopol, onde está ancorada a frota russa do Mar Negro.

Além do Pentágono, estão lá o Reino Unido, Azerbaijão, Argélia, Bélgica, Dinamarca, Geórgia, Macedônia, Moldávia, Suécia, Turquia e Ucrânia. Todos esses – exceto Argélia e Moldávia – estão também em outro esquema da OTAN: todos fornecem soldados para a guerra da OTAN no Afeganistão.

“Brisa do Mar 2011” não é título de canção pop: é gesto de declarada provocação que envolve a Síria. A frota russa no Mar Negro tem base na Síria – quer dizer, no Mediterrâneo. O Pentágono/OTAN quer que se vão de lá. Portanto, a troca de regime da Síria é imperativo categórico.

Com o que se vê que a Líbia é só o começo. O embaixador russo na OTAN, Dmitri Rogozin, foi rápido: “A guerra na Líbia significa (...) o início da expansão [da OTAN] para o sul.”

A OTAN Transformer – o Robocop global – está em marcha, do sudeste da Europa ao leste do Mediterrâneo, do Golfo Persa ao sul e centro da Ásia. Glória ao exército-modelo! Civis que estejam no lugar errado, na hora errada, corram! Procurem abrigo!

DECLARAÇÃO EMITIDA PELO COMITÊ POPULAR GERAL DA COMUNICAÇÃO EXTERNA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL



Na continuação em alvejar posições civis em diversas cidades líbias, as forças cruzadas da coalizão bombardearam ao meio dia de hoje, sexta-feira 17/06/11, o prédio do departamento de geografia da Faculdade de Educação da Universidade de Al Fateh resultando em uma grande destruição nas suas instalações educacionais e administrativas, assim como alvejaram nos últimos dois dias posições civis incluindo a destruição de uma fábrica de oxigênio artificial na região de Almayah destinada a fins medicinais, o hotel Wenzereek na cidade de Trípoli e bombardearam um ônibus que transportava passageiros civis perto da cidade de Kiklah o que resultou no martírio de 12 cidadãos.
Estes ataques aéreos ocorrem depois da extensão das operações da OTAN contra a Jamahiriya por mais três meses, o que confirma o início de uma campanha de genocídio contra civis líbios o qual é considerado um crime contra a humanidade.
Portanto, isto requer que o Procurador Geral do Tribunal Penal Internacional deve emitir ordem de prisão dos comandantes da OTAN para serem julgados por estes crimes.
O Comitê Popular Geral da Comunicação Externa e Cooperação Internacional ao informar a comunidade internacional à série destes crimes contra o povo líbio por parte das forças cruzadas da coalizão em uma violação gritante das duas Resoluções do Conselho de Segurança (1970-1973) requer a convocação do conselho em caráter de urgência para por um limite a estes crimes e excessos que estão sendo cometidos em seu nome, reivindicando que não se oponham as disposições das duas Resoluções acima mencionadas. E com estas ações apresenta provas de que a OTAN está alvejando civis e oferecendo proteção aos insurgentes armados e garantindo cobertura aérea a eles.
Igualmente, o Comitê Popular Geral da Comunicação Externa e Cooperação Internacional apela a Assembleia Geral das Nações Unidas (consciência do mundo) para a realização de uma sessão de emergência para tomar uma decisão a fim de frear esta agressão que é considerada crime contra a humanidade de acordo com a Carta das Nações Unidas e outras regras do Direito Internacional e em particular o Direito Internacional Humanitário.

Comitê Popular Geral da Comunicação Externa e Cooperação Internacional
Trípoli, 17/06/11

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Urge defender a Libia de los estados terroristas de la OTAN




Carlos Maldonado
Barómetro Internacional


El 7 de junio de 2011, fue el día más cruento para Libia a raíz de los bombardeos que lanzó la Organización Terrorista del Atlántico Norte (OTAN).
Dicha coalición, para los aún escépticos, se ha venido desenmascarando sobre su argumento inicial para atacar a un país indefenso. No es como innumerables veces lo pregonaron, defender a su pueblo de la represión de su dirigente, Muammar Gaddafi lo que los mueve, como ha quedado demostrada esa falsedad construida por los medios al servicio imperial, sino apoderarse de su petróleo y agua con la colaboración de los traidores del Consejo Nacional de Transición que está instalado en Bengazi al oeste de Trípoli.
Treinta muertos de la población civil fue la nueva cauda de víctimas. Población por la que lanzan estos bombardeos ?humanitarios? estos piratas. Igual que sucede con las víctimas inocentes de Irak, Afganistán y Pakistán muertas por medio de aviones no tripulados en ?accidentes no contemplados? y ?errores de cálculo?. No obstante, ante esa verdad tan grande como el sol, el mundo entero sigue impasible, dejando que estos psicópatas hagan de las suyas con los pueblos que tienen en este momento bajo ataque pernicioso.
Urge oponernos a la perversidad de la OTAN y la inoperancia de la ONU y su Secretario General, Ban Ki-Moon que tiene el descaro de querer reelegirse para un segundo mandato, pero para ello necesitamos que todos los ciudadanos del mundo que aman la paz, sin distinción de credo, etnia ni afiliación política, condenemos fuertemente a los sádicos y déspotas que destruyen vidas, familias y países sin que nadie detenga sus tropelías guerreristas que mañana amenazan extenderse a Siria de manera directa, frenadas solamente por el virtual veto de Rusia en el Consejo de Seguridad. Sin embargo, los planes de ataque están puestos sobre la mesa en un contubernio macabro de Francia y Estados Unidos, tratando de escamotear este obstáculo legal.
Los hoy ciudadanos del mundo, incluyendo a los ?indignados? en la zona euro debemos volver por Libia; atender cosas que no sean solo las que nos tocan los bolsillos sino trascender en la protesta contra la guerra que, en el caso de los ciudadanos europeos, sus respectivos gobiernos acuerpan directa o indirectamente. Porque mientras siga dominando la visión fragmentada de atender solo nuestra problemática no habrá unidad y las correrías de los estados-terroristas de la OTAN que en este momento discuten y se ponen de acuerdo a qué país bombardear ahora para adueñarse de sus recursos, se hará mucho más fácil.
Las redes sociales son óptimas para comunicar pensamientos y acciones. Necesario es que sean utilizadas para ir aglutinando la protesta contra la guerra. Los ?indignados? de Europa, que están más cerca de ella de lo que se imaginan, debieran incluir, aparte de su problemática interna de oponerse férreamente a los planes de desmantelamiento de sus estados de bienestar y su caída en el nivel de vida, negarle a sus respectivos gobiernos la injerencia insolente en asuntos de otros pueblos. Asimismo, los gobiernos del Alba, UNASUR, el Grupo de Río, la Liga Árabe, China, India y Rusia unir sus voces en contra de los bombardeos criminales contra Libia y tomar algunas acciones políticas y económicas que saboteen algunos negocios con las potencias implicadas hasta que cesen en su agresión y los libios se sienten a negociar un acuerdo de cese al fuego y decidir solo ellos sobre su futuro. Eso sería una acción preventiva para neutralizar un potencial ataque a ellos mismos por parte de esos filibusteros que, atendiendo la historia, no sería nada inverosímil que lo hagan.
Los 'indignados' de aquel lado del mundo y de éste debemos sumarnos junto a los gobiernos progresistas y de izquierda para frenar todo tipo de agresiones bélicas que en este momento llevan a cabo las huestes mercenarias que asesinan a quien dicen defender. ¡Que asco!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

A rapina do século: O assalto aos fundos soberanos líbios



O objetivo da guerra na Líbia não é apenas o petróleo, cujas reservas (estimadas em 60 mil milhões de barris) são as mais importantes da África e cujos custos de extração estão entre os mais baixos do mundo. Nem, tão pouco, o gás natural, cujas reservas são estimadas em cerca de 1500 mil milhões de m3. Na mira dos "voluntários" da operação "Protetor unificado" também estão os fundos soberanos, os capitais que o Estado líbio investiu no estrangeiro.
Os fundos soberanos geridos pela Libyan Investment Authority (LIA) são estimados em cerca de 70 mil milhões de dólares, que sobem a mais de 150 se se incluírem os investimentos estrangeiros do Banco Central e de outros organismos. E poderiam ser ainda mais importantes. Ainda que sejam inferiores aos da Arábia Saudita ou do Kuwait, os fundos soberanos líbios caracterizam-se pelo seu crescimento rápido. Quando a LIA foi constituída em 2006, ela dispunha de 40 mil milhões de dólares. Em apenas cinco anos ela efectuou investimentos em mais de uma centena de sociedades norte-africanas, asiáticas, europeias, norte-americanas e sul-americanas: holdings, bancos, imobiliário, indústria, companhias de petróleo e outras.
Na Itália, os principais investimentos líbios foram os efectuados na UniCredit Banca (de que a LIA e o Banco Central líbio possuem 7,5%), na Finmeccanica (2%) e na ENI (1%): estes investimentos e outros (inclusive 7,5% no Juventus Football Club) têm um significado menos económico (montam a cerca de 4 mil milhões de dólares) do que político.
A Líbia, depois de Washington a ter apagado da sua lista dos "Estados bandidos", tentou restabelecer um lugar no plano internacional apoiando-se na "diplomacia dos fundos soberanos". Quando os Estados Unidos e a União Europeia aboliram o seu embargo de 2004 e as grandes companhias de petróleo retornaram ao país, Tripoli pôde dispor de um excedente comercial de cerca de 30 mil milhões de dólares por ano que destinou em grande parte a investimentos no estrangeiro. A gestão dos fundos soberanos, nas mãos de ministros e altos funcionários, criou entretanto um novo mecanismo de poder e corrupção que provavelmente escapou ao controle do próprio Kadafi - o que se confirma pelo facto de que em 2009 este propôs que os 30 mil milhões de dividendos petrolíferos fossem "directamente para o povo líbio". Isto agravou as fracturas internas do governo líbio.
Foi nestas fracturas que se apoiaram os círculos dominantes estado-unidenses e europeus que, antes de atacar a Líbia militarmente para apossar-se da sua riqueza energética, apropriaram-se dos fundos soberanos líbios. Esta operação foi favorecida pelo próprio representante da Libyan Investment Authority, Mohamed Layas. Como revela um telegrama diplomático publicado pela Wikileaks, em 20 de Janeiro Layas informou o embaixador estado-unidense em Tripoli de que a LIA havia depositado 32 mil milhões de dólares em banco estado-unidenses. Cinco semanas mais tarde, a 28 de Fevereiro, o Tesouro estado-unidense "congelou-os". Segundo as declarações oficiais, esta é "a maior soma de dinheiro alguma vez já bloqueada nos Estados Unidos", que Washington mantém "em depósito para o futuro da Líbia". Ela servirá na realidade para uma injecção de capitais na economia estado-unidense, cada vez mais endividada. Alguns dias mais tarde, a União Europeia "congelou" cerca de 45 mil milhões de euros de fundos líbios [NR] .
O assalto aos fundos líbios terá um impacto especialmente forte na África. Neste continente, a Libyan Arab African Investment Company efectuou investimentos em mais de 25 países, dos quais 22 na África sub-sahariana, programando aumentá-los nos próximos cinco anos, sobretudo nos sectores mineiro, manufactureiro, turístico e no das telecomunicações. Os investimentos líbios foram decisivos na realização do primeiro satélite de telecomunicações da Rascom (Regional African Satellite Communications Organization) que, colocado em órbita em Agosto de 2010, permite aos países africanos começarem a tornar-se independentes das redes de satélites estado-unidenses e europeias, realizando assim uma economia anual de centenas de milhões de dólares.
Ainda mais importantes foram os investimentos líbios na realização de três organismos financeiros lançados pela União Africana: o Banco Africano de Investimento, cuja sede é em Tripoli; o Fundo Monetário Africano, com sede em Yaundé (Camarões); o Banco Central Africano, instalado em Abuja (Nigéria). O desenvolvimento destes organismos devia permitir aos países africanos escaparem ao controle do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, ambos instrumentos de dominação neo-colonial, e devia assinalar o fim do franco CFA, a moeda que 14 ex-colonias francesas são obrigadas a usar. O congelamento dos fundos líbios assesta uma pancada muito dura em todo o projecto. As armas utilizadas pelos "voluntários" não são apenas as da operação "Protector unificado".

[NR] O Banco Comercial Português congelou no offshore da Madeira uma conta de 14 milhões de euros da LAP Overseas Unipessoal, a qual é subsidiária da Libya Africa Investment Portfolio que por sua vez é subsidiária da LIA.

Autor: Manlio Dinucci, Geógrafo e geopolitólogo.
http://www.voltairenet.org/article169542.html
http://resistir.info/libia/rapina_22abr11.html .

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Associação cristã denuncia: ataques à Líbia são genocídio



Don Sixto Enrique de Borbón regressou a Paris após uma viagem de uma semana na Líbia, representando a Associação Santa Maria da África (carlista).
Em entrevista ao site da entidade católica, no último dia 4, Don Sixto Enrique de Borbón apresentou as seguintes denúncias:
“A situação na Líbia, apesar dos bombardeios, é de relativa normalidade política, fora de Benghazi. Com exceção dessa cidade, a população permanece massivamente fiel a Muamar Kadafi, incluindo a maioria dos chefes tribais, com os quais tive a oportunidade de conversar.
Os bombardeios da OTAN, que até sexta-feira haviam causado mais de 650 mortos entre os civis, está levando os líbios a maior adesão a Kadafi. Apesar das limitações impostas pela guerra, não há repressão do regime contra a população. A repressão está acontecendo em Bengazi, centro de operações da coalizão franco-britânica-estadonidense e seus aliados, onde os rebeldes são responsáveis por torturas e mortes contra aqueles que não os seguem.
O povo líbio grita cada vez mais contra a agressão, porém nos países ocidentais são mínimas as vozes contra este ataque injustificado, ilegal, ilegítimo, atroz. Nem os nazistas fizeram coisas assim. Visitei a casa onde morreu um filho de Kadafi com várias outras crianças. Quatro mísseis foram lançados contra a casa. Foi um assassinato, e a vontade evidente é de assassinar o próprio chefe de Estado.
O vergonhoso ataque contra o Iraque, que destruiu completamente aquela outrora próspera nação, teve como pretexto o Kuwait. Um pretexto fútil, falso, porém, afinal um pretexto. No ataque à Líbia nem sequer existe um pretexto para a agressão. Foi decidida por Nicolás Sarkozy. A República Francesa preparou a agressão, os meios de comunicação fizeram eco de uma inexpressiva repressão, e a Grã Bretanha, Estados Unidos, República Italiana e Espanha, se deixaram arrastar à mesma, e outros países menores se uniram à agressão.
Bernard-Henri Lévy parece ser o ideólogo de Sarkozy para esta campanha suicida. Suicida porque desestabiliza o Mediterrâneo e estimula a somalização da região, além de fortalecer aos radicais islâmicos líbios que até agora estavam sendo controlados e submetidos por Kadafi.
Para a Espanha é duplamente prejudicial: além de envolver-se em uma terrível injustiça, o governo de Madri está atuando contra os próprios interesses espanhóis, econômicos – petrolíferos em particular – e geoestratégicos. O que dizer da traição do governo italiano, violando tratados firmados meses antes da agressão?”
Respondendo à pergunta se a comitiva da Associação Santa Maria da África correu riscos com os bombardeios, Don Sixto Enrique de Borbón respondeu:
“Ocorreram bombardeios muito próximos onde se encontrava o nosso grupo, mas graças a Deus não nos alcançaram. A destruição causada é muito grande. Todavia não é irreversível. Será que o Conselho de Segurança da ONU fará alguma coisa? Caberia esperar que a Rússia tomasse a iniciativa neste sentido, porém pode ser que tenhamos de esperar que Vladimir Putin retorne à presidência, mas em um ano será demasiadamente tarde.
Esta manhã a OTAN começou a utilizar helicópteros de ataques na Líbia. Parece que existe uma decisão de devastar o país. Esta é a maior glória eleitoral de Sarkozy?”
Seguidores da Associação Santa Maria da África estão montando uma equipe de advogados para denunciar o presidente Sarkozy nos tribunais penais internacionais por crime contra a humanidade.
Nos Estados Unidos da América ocorreram algumas iniciativas na Câmara dos Representantes para deter os ataques à Líbia, mas, segundo a legislação norte-americana, trata-se de uma decisão ditatorial de Barack Hussein Obama, que viola a Constituição dos EUA.