segunda-feira, 30 de abril de 2012

Egito cancela o fornecimento de gás para Israel


O povo egípcio está lutando para recuperar a própria soberania. Segundo pesquisa recentemente divulgada, os egípcios entendem que sua soberania foi cedida parcialmente a Israel, por dois ditadores pós-Nasser: Anwar Sadat e Hosni Mubarak, a serviço dos governos dos EUA, de Nixon a Obama.

Acabar com três arranjos humilhantes para os egípcios – o esquema de fornecer gás barato a Israel, os acordos de Camp David de 1979 e o reconhecimento de Israel, a que os EUA obrigaram o Egito – é entendido como objetivo estratégico de segurança nacional para a maioria dos 82 milhões de cidadãos egípcios.

Segundo resultados de pesquisa de opinião realizada pela rede Press TV e divulgada dia 3/10/2011, 73% dos egípcios entrevistados opunham-se àqueles arranjos e acordos. Hoje, se estima que essa porcentagem já alcance os 90%.

Nos últimos oito anos, o arranjo do gás, de 2004, jamais teve o apoio da população egípcia. Uma das acusações que pesam hoje contra Mubarak é que o presidente deposto vendeu a preço vil o gás egípcio, como parte de um acordo ‘entre amigos’, que envolveu familiares do ditador e autoridades israelenses.

Mohamed Shoeib, presidente da empresa estatal de gás Egyptian Natural Gas Holding Company disse em entrevista à AFP, semana passada, que o acordo do gás foi “anulado com a empresa israelense Israeli East Mediterranean Gas Co. (EMG), porque a empresa não respeitou cláusulas contratuais."

Depois que Mubarak foi derrubado, e as 14 agências de polícias secreta de seu governo começaram a perder o poder de onipresença, o gasoduto que leva gás para Israel foi atacado 14 vezes em 12 meses, numa série de explosões que já haviam reduzido em 40% o fornecimento de gás que Israel usa para gerar eletricidade.

Na campanha eleitoral para as recentes eleições parlamentares, e atualmente, na campanha eleitoral para as eleições presidenciais, os egípcios têm discutido as relações com Israel, pela primeira vez publicamente. Mubarak sempre foi protetor de Israel e, como outros líderes árabes que ainda se agarram ao poder, sempre ignorou os desejos populares, para que o país apoiasse ativamente a luta pela libertação dos palestinos e da Palestina ocupada.

No final de janeiro de 2011, em visita que fiz à Universidade de Alexandria, conversei com alunos egípcios, americanos e europeus, todos nós sentados nos bancos à frente da magnífica Grande Biblioteca da cidade. Um daqueles alunos explicou, relembrando as manifestações da Praça Tahrir, dia 25/1/2911:

“Nossos slogans na Praça Tahrir eram pão, liberdade, dignidade e justiça social. Faz quase exatamente um ano. Se Deus quiser, logo alcançaremos as demandas de nossa revolução histórica, que incluíam o fim de Camp David e o cancelamento do reconhecimento do regime sionista que continua a ocupar a Palestina. Cabe ao Egito liderar a nação árabe, e cumprir a obrigação sagrada de libertar Jerusalém e todos os palestinos, do rio até o mar.”

Uma linda estudante, coberta com o hijab, também ofereceu sua opinião: “Os EUA compraram nossos líderes com bilhões de dólares roubados de nosso povo, mas que nunca foram usados para melhorar a nossa vida ou nos trouxeram qualquer benefício. Camp David foi essencialmente um acordo privado assinado por Sadat e depois por Mubarak. O povo não foi ouvido e jamais nos perguntaram se concordávamos. Os que protestaram foram presos, e até muito pior. Agora, o povo egípcio está ganhando poder, apesar do que parece ser um golpe da junta militar do Conselho Superior das Forças Armadas, antes das eleições marcadas para junho.”

Autoridades israelenses, mancomunadas com o lobby sionista nos EUA, dizem que o cancelamento do arranjo do gás seria “ameaça existencial”. Segundo pesquisador do Serviço de Pesquisas do Congresso dos EUA, no edifício Madison em Capitol Hill, cujo trabalho é historiar as reclamações oficiais de Israel, essa é a 29ª “ameaça existencial” que a colônia sionista registra, em 64 anos de história.

As tais “ameaças existenciais” vão desde o reconhecimento internacional do Direito de Retorno para os palestinos expulsos no processo de limpeza étnica durante a, e a partir da, Nakba de 1948, passando por inúmeros grupos palestinos, e mais de duas dúzias de Resoluções da ONU, entre as quais as Resoluções n. 194 e 242, até o Hezbollah, evidentemente; incluem também todos os movimentos internacionais de solidariedade aos palestinos; um ou dois intelectuais judeus não sionistas; o Irã, também evidentemente; a expansão da internet; e potencialmente todos os cristãos, árabes e muçulmanos do planeta, para nem falar do proclamado crescimento de um antissionismo global, já desclassificado, pelo lobby sionista nos EUA, como sempre, como mais uma modalidade de antissemitismo.

Apesar de todas essas ditas “ameaças existenciais” que, recentemente, passaram a incluir também o chamado “Mapa do Caminho”, os líderes israelenses continuam a boicotar qualquer possibilidade de negociação consequente que possa levar à convivência pacífica de árabes e judeus na Palestina, num único estado democrático e secular, onde cada cidadão valha um voto, e sem qualquer privilégio ensandecido para algum autodeclarado “povo escolhido”.

Yuval Steinitz, ministro das finanças de Israel disse que o Egito questionar suas relações com Israel seria “um perigoso precedente que ameaça os acordos de paz entre Israel e o Egito.”

Ampal, a empresa israelense que compra o gás, declarou que considera o cancelamento do contrato “ato ilegal e de má fé”; e exigiu que fosse imediatamente e plenamente restaurado. A Ampal planeja usar os mecanismos de arbitragem internacional para tentar a restauração do contrato; e já enviou delegação de empresários a Washington para reunião com o AIPAC e funcionários do governo dos EUA, para conseguir que imponham aos egípcios a anulação do ato que cancelou o contrato e os forcem a continuar a fornecer gás a Israel a preços abaixo dos preços de mercado. Funcionário do Congresso escreveu, em e-mail, com ironia, que é mais fácil as empresas israelenses fazerem os congressistas trabalharem a favor delas, que as empresas norte-americanas e, até, que os eleitores que elegem os congressistas.

Semana passada, Israel Hayom, analista político israelense escreveu: “A triste conclusão do colapso do acordo do gás com o Egito é que estamos voltando aos dias de antes do acordo de paz com o Egito, e o horizonte não parece, de modo algum, rosado. Camp David corre risco mortal. A dolorosa conclusão, mais uma vez, é que não temos amigos genuínos na região. Não, com certeza, com vistas ao longo prazo.”

Abe Foxman, da ADL, lamentou: “Israel deu muito ao Egito em troca do acordo de paz de Camp David, muito mais do que deveria ter dado. Dentre outras coisas, uma área de livre comércio, na qual nós praticamente forçamos a criação de oficinas de costura e de uma indústria têxtil egípcia para que pudessem exportar facilmente algodão barato e outros bens para os EUA e para Israel. Tornamos os egípcios um povo respeitável aos olhos do público norte-americano. E eles retribuem assim o muito que nos devem?”

O AIPAC, que jamais demora a reagir nesses casos, já está fazendo circular um projeto de resolução, essa semana, entre seus principais operadores no Congresso, para fazer com que o Congresso dos EUA condene oficialmente o cancelamento do contrato de fornecimento de gás, e exigindo a imediata renovação, sob a ameaça de os EUA suspenderem qualquer ajuda ao Egito. O lobbytambém há começou a pressionar o governo Obama, com ameaças de corte nas doações de dinheiro dos judeus para a campanha eleitoral do presidente, no caso de os EUA nada fazerem para obrigar o Egito a “cair na realidade”, nas palavras do ultra sionista Howard Berman, influente deputado Democrata da Comissão de Assuntos Internacionais da Câmara de Deputados.

A realidade política é que diplomatas dos EUA, o AIPAC e autoridades israelenses, muitas vezes difíceis de distinguir uns dos outros, vêm fazendo o possível para encontrar um meio de reparar as relações entre Egito e Israel, desde as manifestações da primavera passada na Praça Tahrir. Todos temem, por boas razões, que os acordos de Camp David e a embaixada de Israel no Cairo sejam os próximos a ter a cabeça no cepo, à medida que o povo egípcio vai-se tornando senhor do próprio destino.

Sobre o já esperado fechamento da embaixada de Israel no Cairo, segundo o jornal Yedioth Ahronoth:

“O que temos hoje é uma lenta deterioração de relações: israelenses já não podem por o pé no Egito, e o consulado egípcio em Telavive não tem autorização para emitir vistos de entrada. Quem insista em ir ao Egito, saindo de Israel, mesmo que tenha passaporte estrangeiro, deve preparar-se para enfrentar problemas. Pode ter seu nome incluído na lista de ‘espiões’ e de ‘agentes do Mossad’. Não nos querem lá. É simples assim. E o Egito tornou-se muito perigoso, hoje, para os israelenses.”

Segundo o porta-voz de Netanyahu, Mark Regev,“Ninguém quer alugar um prédio para a embaixada de Israel no Cairo, para abrigar a pequena equipe chefiada pelo embaixador Yaakov Amitai. Por questões de segurança, já reduzimos muito a semana de trabalho lá. A equipe chega 2a-feira à tarde e parte na 5a-feira pela manhã. A cada viagem, vão para endereço diferente (alugado sempre a preços exorbitantes), negociado por agentes locais de segurança. No que tenha a ver com os egípcios, os diplomatas israelenses melhor fariam se ficassem em Jerusalém até a eleição do próximo presidente; depois, veremos o que acontece.”

Tradução: Vila Vudu

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Iraque e Líbia: o preço do genocídio norte-americano

O Iraque está colhendo os frutos da utilização pelas forças armadas dos Estados Unidos de armas químicas durante a intervenção militar iniciada há nove anos. Desde então houve aumento de casos de câncer, leucemia, má formações congênitas, paralisia e danos cerebrais. Os bebês sofrem. As taxas de mortalidade infantil são alarmantes. Segundo Nadim Al Hadidi, médico do hospital de Faluya, uma cidade iraquiana situada 65 quilômetros a oeste de Bagdad, só em janeiro último 672 bebês morreram como conseqüência das armas químicas. A referida cidade, segundo ainda o médico Al Hadidi, é um dos locais no mundo onde nascem mais crianças sem cérebro, sem olhos ou com intestinos fora da cobertura abdominal. Na ocasião dos confrontos foi denunciada a utilização pelos militares estadunidenses de armas com fósforo branco e urânio empobrecido. Agora, estão acontecendo fatos trágicos resultantes do uso de armas com o material mencionado. Enquanto isso a Organização das Nações Unidas, as entidades de defesa dos Direitos Humanos, a mídia ocidental, silenciam criminosamente, demonstrando cumplicidade quando o genocídio é promovido e patrocinado pelo imperialismo norte-americano. Anistia Internacional denuncia mais crimes na Líbia Na Líbia, assim como no Iraque, a OTAN (a serviços dos governos dos EUA, França, Inglaterra, Canadá, Catar entre outros criminosos) também utilizou armas químicas, bombas de fragmentação e com urânio empobrecido para destruir a infraestrutura do país e derrubar um governo soberano, para favorecer o roubo de petróleo por parte dos EUA. Novamente, nesta semana, a Anistia Internacional exortou o Conselho Nacional de Transição a agir imediatamente para investigar e julgar os abusos cometidos contra a comunidade tawargha de líbios negros. A Anistia se pronunciou dessa forma depois da morte de mais um integrante da comunidade na prisão de Misrata. Quase todos os dias algum líbio negro é massacrado ou assassinado pelos bandos criminosos que hoje sustentam o governo fantoche da Líbia. No último dia 16, o corpo de Barnous Bousa, de 44 anos, pai de dois filhos, foi entregue à família com o corpo marcado por ferimentos provocados por torturas, inclusive uma ferida aberta na cabeça. Como a mídia de mercado ocidental tirou a Líbia do noticiário, os jornalões e telejornalões ignoram fatos dessa natureza. Após assassinar mais de 200 mil líbios – entre homens, mulheres, idosos e crianças – a mídia ocidental e governos imperialistas estão satisfeitos e silenciam vergonhosamente sobre os crimes diários cometidos na Líbia pelos integrantes e apoiadores do Conselho Nacional de Transição, provando que existe dois pesos e duas medidas para tratar de direitos humanos, nas mais perfeita hipocrisia que a humanidade já conheceu. A conclusão é que a ONU e OTAN são dirigidas e controladas pelo governo imperialista e genocida dos EUA, o resto é cortina de fumaça para enganar a opinião pública mundial.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

“Ásia para os americanos”, é a nova provocação contra a China por parte do imperialismo norte-americano

Quase ocultada pela “grande mídia”, há cerca de duas semanas a disputa pelo arquipélago situado no Mar da China (meridional) vem servindo de pretexto para o imperialismo ianque lançar novas provocações contra a China. As Filipinas violaram o território chinês a fim de reivindicar para si, entenda-se para os EUA, o domínio colonial das centenas de ilhotas no Mar da China, desabitadas, porém ricas em jazidas de petróleo e gás natural. “Os EUA viraram a página após uma década de guerra no Afeganistão e no Iraque e, oficialmente, dirigem seus olhos à crítica região da Ásia e do Pacífico”, proclamou no início do ano, Barack Obama em sua “doutrina” voltada para cercar a China. Manobras militares acontecem de forma sistemática desde o dia 22 de abril, envolvendo as forças navais das Filipinas, EUA, Japão, Austrália e Coreia do Sul, as quais já ocuparam a ilha de Huangyan, onde realizam simulações de guerra. Em contrapartida, China e Rússia deslocaram armadas para as proximidades da ilha: quatro mil homens, 16 navios, cinco destróieres, 13 aviões de guerra, navios de combate, cruzadores de mísseis etc., o que somente aumenta o nível de tensão bélica nesta região do globo terrestre. A crise iniciou no dia 10 último, quando navios militares filipinos tentaram prender pescadores chineses que trabalhavam nos atóis de Scarborough. Pequim argumentou que os filipinos violaram o território chinês e impediram as prisões. Assim, estavam colocadas as escaramuças e iniciadas as provocações tanto para intimidar a China, “aliada” da Coréia do Norte, como parte dos preparativos da futura guerra ao Irã.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Nicaragüa denuncia belicismo de potencias y la OTAN


Durante una sesión sobre Medio Oriente, la embajadora nicaragüense en la ONU, María Rubiales, denunció el respaldo militar y financiero a grupos armados terroristas por aquellos que anteponen sus peligrosas ambiciones geopolíticas al cese de la violencia Nicaragua advirtió este lunes sobre la tendencia a querer resolver los conflictos a través de la fuerza por parte de “las grandes potencias y su brazo armado: la OTAN (Organización del Tratado del Atlántico Norte)”. El papel de Naciones Unidas no es alinearse a retóricas marciales, sino apoyar los esfuerzos de paz,mantener los canales de diálogo y no automarginarse a través de posiciones parcializadas, dijo la embajadora nicaragüense en la ONU, María Rubiales. Durante una sesión del Consejo de Seguridad sobre la situación en el Medio Oriente, la diplomáticadenunció el respaldo militar y financiero a grupos armados terroristas por aquellos que anteponen sus peligrosas ambiciones geopolíticas al cese de la violencia. Dijo que esas actividades confirman que cualquier pretexto es utilizado para tratar de imponer un cambio de gobierno por la fuerza, azuzando antagonismos y atentando contra la Carta de la ONU y la soberanía e integridad territorial de los Estados miembros. Al respecto, solicitó respaldo para los esfuerzos de Rusia, China y el ex secretario general de la ONU Kofi Annan, para que la razón y la paz se impongan en Siria por encima de la fuerza y la guerra, cuyas consecuencias para la región y el mundo serían devastadoras. Sobre la cuestión palestina, Rubiales reclamó el fin de la impunidad de que disfruta Israel, “garantizada irresponsablemente por un miembro permanente del Consejo de Seguridad”. En clara alusión a Estados Unidos, la embajadora criticó el uso indiscriminado del veto por parte de esa potencia “convertida en el mayor cómplice de Tel Aviv”. También instó a abandonar los dobles raseros y demandó el reconocimiento por la ONU del nuevo Estado Palestino en sus fronteras de 1967. Fuente/Prensa Latina

terça-feira, 24 de abril de 2012

Nota da Embaixada da República Islâmica do Irã no Brasil


Em nome do Altíssimo
Declaração à Imprensa Em virtude da difusão de algumas inverdades levantadas sobre atitude de um diplomata da República Islâmica do Irã relacionada às algumas cidadãs brasileiras e em seguida polemizá-la com um tratamento intencional por parte de alguns veículos de comunicação, são necessários os seguintes esclarecimentos para a opinião publica brasileira: Uma das causas mais importantes é a falta de conhecimentos sobre as virtudes e as diferenças entre as culturas e o mal entendimento e as suas consequências decorrentes que isso pode causar. Sendo nas demais sociedades estas virtudes e valores relativos, podem provocar dificuldades e uma séria de incompreensão para as pessoas que estão vivendo num ambiente alienígena as suas características culturais. Paralelamente a este tópico, o papel e uma reação midiática não propicia e provocante, pode ajudar ainda a criação do cinismo na sociedade brasileira que possui identidades culturais diferentes, introduzindo uma polêmica gratuita, sobretudo quanto fosse tendencioso politicamente. Estimular a sensação pública, por sua vez irá desviar a atenção para que possa procurar a veracidade dos fatos e causa uma desinformação ainda maior. Essa Missão Diplomática declara que a acusação levantada contra o diplomata iraniano é exclusivamente um mal entendimento decorrente das diferenças nos comportamentos culturais. Nesse sentido também expressamos energicamente o nosso protesto e indignação relativo ao tratamento e na maneira de como a mídia geralmente tendenciosa sobre as coisas relativas a alguns países entre eles o Irã, tem encarado com a cobertura dessa noticia, afirmando ainda que a transmissão do assunto, se demonstra nitidamente um comportamento intencional, propositado e imparcial. Embaixada da República Islâmica do Irã no Brasil

sábado, 14 de abril de 2012

Fora Hillary Clinton e o imperialismo do Brasil!


A “Madame” do clube dos muy “amigos da Síria” vem ao nosso país para buscar apoio em sua empreitada macabra contra o Irã

Nesta próxima segunda-feira chegará em Brasília a Sra. Clinton, chefe da diplomacia ianque (Secretária de Estado) e a atual responsável pela ofensiva imperialista criminosa sobre os povos árabes, em particular contra a Síria. A Madame Hillary organizou recentemente um “clube” muito “seleto” de “amigos (sic!) da Síria” com objetivo de apoiar e promover ações terroristas contra o regime de Bashar al Assad, o qual o império considera como “uma ditadura sangrenta”. Poderíamos perguntar a esta carniceira da Casa Branca, desde quando o imperialismo norte-americano, maior fomentador de regimes fascistizantes e genocidas pelo mundo, combate “ditaduras”? Somente muito tolos ou “inocentes úteis” poderiam acreditar que agora o Consenso de Washington resolveu se preocupar com os “direitos humanos”, patrocinando a ação de terroristas para derrubar governos adversários aos interesses do capital financeiro global. Qualquer ativista honesto de esquerda deveria saber que quando o império resolve assumir alguma “causa” supostamente humanitária, é porque estão sendo ameaçados seus interesses econômicos e militares. Este é caso concreto da Síria, onde o governo burguês da oligarquia dos Assad recusou-se a “facilitar” a escalada de provocações da CIA contra o Irã. O governo Sírio, ao contrário de seu vizinho turco totalmente submisso a OTAN, representa hoje uma barreira de contenção militar aos planos expansionistas do gendarme de Israel, que “sonha” chegar até o Líbano e as fronteiras do Irã. Como resposta ao seu “não”, o governo Assad, do qual não nutrimos a menor simpatia política, “ganhou” do império uma guerra civil “pré-fabricada”, com “tecnologia” já testada recentemente na Líbia.

Segundo a mídia Hillary teria declarado: “Quando eu for ao Brasil na semana que vem, minhas conversas serão sobre os grandes desafios da atualidade, da Síria e o Irã ao crescimento e desenvolvimento” (site G1, 12/04). Na verdade, a estadia de Hillary de dois dias em nosso país (16/17), após a recente viagem de Dilma aos EUA, tem como objetivo amarrar o compromisso “informal” do Itamaraty com o apoio a investida guerreirista do imperialismo sobre o Irã. Ao contrário do que ocorreu na guerra de ocupação a Líbia, onde formou-se um verdadeiro consórcio de chacais imperiais para saquear a nação oprimida, a empreitada macabra contra o Irã terá somente as digitais de Obama e do nazi-sionista Netanyahu. Acontece que os bandidos parceiros da Casa Branca “amarelaram” diante de um enfrentamento que se anuncia muito severo, com implicações para a luta de classes mundial. A estratégia diplomática do departamento de estado norte-americano para o Irã é neutralizar os BRICS, a partir do aval às provocações contra a Síria, chanceladas como “ajuda humanitária”. A subserviência do governo Dilma às ordens de Obama, já foi acertada na última semana em Washington em troca da assinatura de alguns acordos comerciais para beneficiar setores da burguesia brasileira, agora faltava “aparar arestas” com o staff do Itamaraty ainda ressentido com o humilhante tratamento recebido pelos ianques durante a tentativa de Lula em estabelecer um “compromisso” de desarmamento com o regime dos Aiatolás.

Como representante mor do clube dos muy “amigos da Síria”, Hillary percorre a América Latina recolhendo o apoio vergonhoso dos governos da centro-esquerda burguesa, que não se cansam de utilizar sua verborragia “anti-imperialista” para enganar as massas, quando lhes é útil. Agora, quando se impõe estabelecer a mais ampla solidariedade com os países agredidos pela bestial ofensiva militar imperialista, os governos que se reclamam “populares” como os de Dilma, Cristina, Mojica e Lugo, se perfilam covardemente atrás da Casa Branca. Mais que nunca a tarefa de combater nas ruas, praças e trincheiras as investidas desesperadas de um imperialismo, em plena crise financeira, sobre os povos, recai novamente nos ombros da classe operária e seus aliados históricos.

Desde nossas modestas forças, a LBI convoca todo o ativismo classista e anti-imperialista para a realização de um ato nacional em Brasília nesta segunda-feira (16/04), para repudiar ativamente a presença da “Madame” carniceira Clinton em solo brasileiro. Nesta ocasião deve ser afirmado em “alto e bom som” para a representante do clube dos “amigos da Síria” que o imperialismo continua sendo o principal inimigo dos povos, e que seu atual “disfarce humanitário” (na Líbia e na Síria), que tanto vem atraindo a esquerda revisionista, não passa de sua outra face genocida, a mesma das guerras da Coreia e Vietnam, que receberam o enérgico rechaço do proletariado mundial. A denúncia política da presença da Sra. Clinton no Brasil exige da esquerda revolucionária uma atitude de delimitação principista, diante da esquerda “chapa branca”, assim como da chamada “oposição de esquerda”, ambos os campos de colaboração com imperialismo. Quem é de luta tem um compromisso marcado nesta segunda em Brasília, para gritarmos juntos: “Fora Hillary Clinton e o imperialismo do Brasil!”

quinta-feira, 12 de abril de 2012

O que é isso, na fronteira Síria-Turquia?


Pepe Escobar, Asia Times Online

Há um vídeo [1] cujo título poder-se-ia traduzir mais ou menos como “fronteira turca terrorista abre fogo contra o lado sírio”, e que resume bastante bem o que está acontecendo naquele ponto de geopolítica mais ultravolátil do momento.

A voz que se ouve diz: “Essa é a fronteira Síria-Turquia, e aí se vê uma operação do Exército Sírio Livre [orig. Free Syrian Army (FSA)]. O Portão [que vem a ser o lado sírio da fronteira, onde se localiza o posto de controle] está para ser tomado.”

O que se vê, é a Turquia está dando abrigo ao Exército Sírio Livre, bem junto à fronteira, a poucos metros (metros, não quilômetros) do território sírio. Bem mais do que abrigar um centro de comando e controle da Organização do Tratado do Atlântico Norte, OTAN, em Iskenderun já há meses – fato que Asia Times Online já noticiou –, a Turquia agora já avançou sobre a fronteira, permitindo um ir e vir constante de mercenários fortemente armados, em ataque contra país soberano.

Imagine cenário como esse, mas transferido para a região da fronteira EUA-México; com, por exemplo, os estados do Arizona ou Texas atacados por mercenários pesadamente armados, várias vezes por dia.

Pode-se ver aí uma interpretação muito esquisita, que Ankara dá ao que sejam “paraísos seguros” e “corredores humanitários”, delineados como o que já se pode ver como rascunho da mudança de regime na Síria: relatório [2] feito pelo Saban Center da Brookings Institution, assinado pelo coquetel habitual de militantes de “Israel-acima-de-tudo” e ‘especialistas’ em Oriente Médio aliados do Qatar.

Por tudo isso, esperem até ver esse filme gerar incontáveis sequelas; o Exército Sírio Livre atacando um posto sírio de controle de fronteira, matando soldados e recuando sob uma saraivada de balas, que inevitavelmente atingirão um campo próximo, de refugiados sírios.

A escalada na fronteira ilustra claramente o cenário geral: guerra civil.

O ministro turco de Relações Exteriores Ahmet Davutoglu – da afamada política de “zero problemas com nossos vizinhos” – teve de interromper abruptamente sua viagem à China e voltar à Turquia, por causa da escalada na fronteira. Seria muito iluminador saber como a liderança de Pequim contou a Davutoglu que o movimento de agentes provocadores turcos é equivalente a brincarem com fogo.

A escalada na fronteira também prova que a OTAN tem zero interesse no sucesso do cessar-fogo que tantos ostentam, conhecido como “plano Kofi Annan (que, de fato, não passa de versão diluída dos planos de russos e chineses). A confusão só fará aumentar – como sugeriu matéria de Russia Today [3].

Obviamente, um governo soberano – nesse caso, a Síria – teve de exigir garantias escritas de que seus oponentes super armados cumpririam a parte que lhes cabe, no cessar-fogo de Annan.

A razão mais importante pela qual não cumprirão – o que, aliás, já declararam publicamente – é que não só o Exército Sírio Livre e outros grupos mercenários continuarão a ser armados pelo Qatar e pela Casa de Saud, recebendo pitadas de ‘rebeldes’ líbios que acorrem à Síria; há também dois países membros do Conselho de Segurança da ONU (Grã-Bretanha e França – que têm forças em campo, dedicadas a operações de treinamento, de inteligência e de combate.

A pergunta que vale um trilhão de liras turcas é se Ancara dará um passo adiante e realmente implantará os tais “paraísos seguros”; seria envolvimento direto da Turquia na guerra civil síria, quer dizer: seria declaração de guerra contra Damasco. É precisamente o que o Exército Sírio Livre está suplicando que os turcos façam. Mas nem isso bastará para derrubar o governo de Bashar al-Assad.

Quanto ao aparato do estado policial militar de Assad, terá de ser suficientemente esperto para não se deixar arrastar, por provocação, para uma orgia de tortura, execuções sumárias e bombardeios de artilharia pesada – porque essa capacidade de automoderação é condição necessária para que Assad mantenha o apoio diplomático chave dos dois BRICs, China e Rússia. Mais uma vez, os sírios médios, colhidos no meio disso tudo, serão os mais trágicos perdedores.
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NOTAS

[1] Em http://www.youtube.com/watch?v=SteUoGZSH0w&feature=youtu.be
[2] Em http://www.brookings.edu/~/media/Files/rc/papers/2012/0315_syria_saban/0315_syria_saban.pdf
[3] Em http://rt.com/news/rebels-refugee-camp-attack-665/

Tradução: Vila Vudu

terça-feira, 10 de abril de 2012

Rendam-se hoje, ou serão bombardeados amanhã


Pepe Escobar, Asia Times Online

Antes de bombardear e invadir o Iraque, o ex-presidente dos EUA George W Bush enviou um ultimato a Saddam Hussein.

Nove anos depois, o presidente dos EUA Barack Obama enviou um ultimato à liderança em Teerã, antes de... decidir sobre condições ótimas para um exercício de “todas as opções permanecem sobre a mesa”.

Obama fez uma oferta a Teerã, para “negociar” seu programa nuclear – antes das muito adiadas conversações dos “Irã-6” (P5+1, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU [EUA, Reino Unido, China, Rússia e França] plus Alemanha) com o Irã, marcadas para o sábado, em Istanbul.

Para início de conversa, não é “oferta”: é uma lista de exigências, apresentadas já antes do início de qualquer negociação. E as tais concessões “de curto prazo” vêm em embalagem – nos termos da retórica do próprio presidente – de a “última chance” (para o Irã).

Nos tempos modernos, chamava-se a isso “ultimato”. Na era pós-tudo, passa por “diplomacia internacional”.

Obama quer que Teerã feche e, de fato, destrua, a usina de enriquecimento em Fordow, construída sob uma montanha, nas cercanias da cidade sagrada de Qom; quer que Teerã renuncie definitivamente e “entregue” todo seu estoque de urânio enriquecido a 20%; que pare qualquer tipo de enriquecimento, mesmo o inofensivo urânio enriquecido a 5% (o que implica o Irã renunciar integralmente a todo o seu programa nuclear civil, ao qual o Irã tem pleno direito, nos termos do Tratado de Não Proliferação Nuclear); que dê à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) acesso pleno a todas as instalações nucleares iranianas (o que o Irã já fez); e que o Irã permita que os inspetores da AIEA falem com todos os principais cientistas nucleares iranianos (o que nunca será possível, porque vários deles foram assassinados pelo Mossad, de Israel).

Assim sendo, bem-vindos à escola “caia e morra” de diplomacia – aperfeiçoada pelo governo Obama, com o impulso decisivamente importante que recebe do lobby pró-Israel em Washington. É o caminho que leva direto ao inferno, ao som de “Bombas, Bombas, sobre o Irã”[1].

Mais uma guerra para o 1%

Não surpreende que os proverbiais “funcionários de Israel” estejam adorando que o Irã – em fala do primeiro-ministro – já tenha rejeitado todas essas exigências, consideradas “irracionais”; Telavive avaliou que a resposta dos iranianos é “boa”.

“Boa resposta” significa que a lista de exigências e a correspondente resposta dos iranianos já mostra que as conversações fracassarão inevitavelmente – e esse fracasso é indispensável para o bom andamento da estratégia de Israel. Adiante, Obama pode usar (e usará) o fracasso das negociações como desculpa perfeita para aplicar sanções ainda mais duras – e sabe-se lá o que mais aplicará.

O aparelho oficial israelense já trabalha há meses, para operar completa lavagem cerebral na opinião pública israelense, norte-americana e europeia, a favor de guerra contra o Irã por todos os meios necessários. Para tanto, se serviram de todos os recursos imagináveis, de uma “ameaça existencial” que é puro nonsense, à iminência de um “segundo Holocausto”.

Agora, a discussão sobre Fordow está ligada a mais uma ideia turva inventada e distribuída por Israel – a chamada “esfera de imunidade”. Telavive insiste que Fordow permitirá que Teerã proteja os elementos mais sensíveis de seu programa nuclear dentro, literalmente, de uma montanha – inalcançável até pelas poderosas bombas arromba-bunkerGuided Bomb Unit 28, GBU-28 (as quais, vale lembrar, foram vendidas a Israel por autorização de Obama).

Tudo isso é absoluto nonsense. Telavive inventou essa “esfera de imunidade” como cortina de fumaça, depois de já haver atividade nuclear para finalidades civis, sob supervisão da AIEA, em Fordow.

Contudo, mais uma vez, o rabo sacode o cachorro: Washington continua controlada por Telavive, por controle remoto.

Pesquisas mostraram que uma maioria de israelenses – em fabulosa mostra de... altruísmo? – só desejam guerra ao Irã, se o Grande Irmão Norte-americano tomar a frente (para sofrer as consequências mais terríveis). E pouco importa que a nebula da inteligência de Israel esteja, ela própria, dividida.

O contexto é chave. Os 500 israelenses mais ricos valem, arredondados, $75 bilhões. Isso, num país em que o PIB é de apenas $205 bilhões.

As 20 famílias israelenses mais ricas controlam praticamente metade do mercado de ações. A riqueza dessas 20 famílias somadas alcança total 25% superior ao orçamento israelense para 2011. Adivinhem quem são: os principais apoiadores da coalizão dos partidos Likud e Ysrael Beitenu que está no poder, com o primeiro-ministro Benjamin “Bibi” Netanyahu no comando (o partido Ysrael Beitenu, “Israel Nosso Lar”, é comandado pelo ex-leão-de-chácara na Moldávia, convertido em ministro de Negócios Estrangeiros, Avigdor Lieberman).

São, pois, os 1% em Israel, que querem guerra ao Irã – tanto quanto umas poucas garfadas do crème de la crème do 1% nos EUA.

A ideia que se esconde por trás dessa sinistra “negociação” nuclear é vender à opinião pública nos EUA – e em todo o mundo – a noção de que o Irã, mais uma vez estaria fugindo de qualquer conversa; que tem muito a esconder; e que, em resumo, não merece confiança alguma para nenhum tipo de negociação “séria”.

A imprensa-empresa nos EUA já descartou preventivamente as negociações, com os mísseis retóricos de sempre – para delícia dos doidos-por-guerra, das poltronas do Congresso dos EUA e de vastos setores do complexo industrial-militar. A multidão do “Bombardear o Irã já” fará o possível e o impossível para fundir, num só alarido, a “última chance” de Obama e os estrondosos, ensurdecedores, tambores de guerra.

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[1] “Bomb Iran” (ou “Bomb, Bomb, Bomb, Bomb, Bomb Iran”) dá título a várias paródias da canção “Barbara Ann”, tornada famosa pelos The Beach Boys (em http://letras.terra.com.br/beach-boys/3438/). A mais conhecida daquelas paródias foi gravada por Vince Vance & The Valiants em 1980; a paródia voltou a ganhar notoriedade em 2007, na campanha presidencial de John McCain, que se ouve, cantando, em http://www.youtube.com/watch?v=o-zoPgv_nYg[NTs].

sábado, 7 de abril de 2012

Declaração do Exército de Libertação da Líbia – 5 de abril/2012


Filhos da Líbia. Nós anunciamos uma grande vitória.
A Resistência Verde libertou e conquistou aldeias e áreas de El Jamile e Ragdaline.
Nós respondemos ao chamado para cumprir o nosso dever e combater as forças do ódio que querem destruir as nossas forças que resistem contra mais de 40 estados estrangeiros macomunados com a criminosa Otan.
Nós nunca vamos nos render e nós nunca vamos descansar até se livrar dos ratos e traidores e limpar a Líbia inteira.
Convocamos todos os filhos livres da Líbia para apoiar a resistência.
Anunciamos que temos causado muitas baixas entre as fileiras dos inimigos da Líbia, que pedem ajuda para o resgate da Otan.
Ainda estamos resistindo contra a sua artilharia pesada, mas nossas armas de resistência para a justiça e a liberdade da Líbia são mais fortes que eles.
Vocês tem todas as razões para resistir e lutar. Nossos princípios são combater e trabalhar para libertar a Líbia.
Nós libertamos o sul e, como já dissemos, esta guerra é contra todos aqueles – árabes ou ocidentais – que desejam destruir o nosso símbolo de força e construir sobre suas ruínas a ocupação e dominação do nosso país.
Mas nós respondemos que não são capazes de fazê-lo, mesmo com o apoio de 40 estados estrangeiros, porque nós aceitamos o convite para lutar e agora temos todos os chefes das tribos que confirmaram a união de todos os irmãos lutando ao nosso lado e dirigindo a luta ao campo de batalha.
Agora dirijo-me ao líder dos ratos e traidores: "Você não é militar, mas apenas um comandante mercenário de um bando de ratos que querem tomar o poder e roubar o dinheiro dos líbios e massacrá-los. Mas prepare-se porque seu fim está próximo, e você não é nada, aepans um verme em torno da ferida líbia que você mesmo causou. E se Deus quiser vamos curar esta ferida com o nosso sangue e os corpos de nossos mártires que se tornam âncoras para a construção da Nova Grande Jamahiriya livre e democrática.
Estamos seguindo o caminho dos nossos mártires e esperamos que Deus nos dará esse martírio, para que nossas futuras gerações possam viver em liberdade no solo puro e sagrado da Líbia.
Caro líbios, com essas operações e ações da resistência vocês estão construindo a história da Líbia, com honra, porque estão lutando em nome de todas as tribos gloriosas e honradas, notadamente aquelas tribos que aceitaram prontamente o convite da Resistência.
Nós vemos a vitória diante de nós e estamos muito confiantes para alcançá-la em breve.
Do meu lugar de combate vou enviar a todos vós a minha afetuosa saudação com todo o orgulho de combatente da Resistência.
Tivemos muitos mártires, mas o fogo da batalha está temperando muitos outros que lutam pela nossa liberdade. Estamos todos bem de saúde, graças à Deus!
Também quero dizer para quem vendeu e traiu seu país: Que vergonha!
Enquanto dizemos obrigado a todos os patriotas da Líbia, que não concordaram em ser usados ou manipulados pelos ratos e traidores, venho saudá-los com respeito como homens de honra.
Trago para vocês saudações de todos os combatentes resistentes que estão comigo, de todas as tribos da Líbia e, em especial agora nas áreas de El Jamile e Ragdaline.
Com a graça de Deus, a vitória é nossa, e sem dúvida podemos vencer os ratos do CNT e seus cúmplices.
Allahu Akbar!
Allah Muammar Libya Wa Bas!


Tradução do árabe por Libyan Free Press Network

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Timor Leste: porque o mais pobre é ameaça para o poderoso


por John Pilger
A partilha. O truísmo de Milan Kundera, "a luta do povo contra o poder é a luta da memória contra o esquecimento", descreve Timor Leste. No dia em que decidi filmar ali clandestinamente, em 1993, fui à loja de mapas Stanfords, no Covent Garden de Londres. "Timor?", disse um assistente de vendas hesitante. Pusemo-nos a examinar prateleiras marcadas Sudeste Asiático. "Desculpe-me, onde é exatamente?"
Após uma pesquisa ele encontrou um velho mapa aeronáutico com áreas em branco assinaladas: "Dados de auxílio incompletos". Nunca lhe fora pedido Timor-Leste, o qual está a Norte da Austrália. Tal era o silêncio que envolvia a colônia portuguesa a seguir à sua invasão e ocupação pela Indonésia, em 1975. Mas nem mesmo Pol Pot conseguiu, proporcionalmente, matar tantos cambodgianos quanto o ditador Suharto, da Indonésia, matou em Timor-Leste.
No meu filme, Morte de uma nação, há a cena de um brinde a bordo de um avião australiano a voar sobre a ilha de Timor. Decorre numa festa e dois homens de fato estão a brindar-se com champanhe. "Isto é um momento histórico único", balbucia um deles, "é verdadeiramente histórico e único". Trata-se de Gareth Evans, ministro dos Negócios Estrangeiros da Austrália. O outro homem é Ali Alatas, o porta-voz principal de Suharto. Passa-se em 1989 e eles estão a fazer um voo simbólico para celebrar a assinatura de um tratado pirata que permitiu à Austrália e às companhias internacionais de petróleo e gás explorarem o fundo do mar ao largo de Timor-Leste. Por baixo deles há vales crivados de cruzes negras onde aviões caça fornecidos por britânicos e americanos estraçalharam pessoas em bocados. Em 1993, o Comité de Assuntos Estrangeiros do Parlamento australiano relatou que "pelo menos 200 mil", um terço da população, havia perecido sob Suharto. Graças a Evans, em grande parte, a Austrália foi o único país ocidental a reconhecer formalmente a conquista genocida de Suharto. As forças especiais assassinas da Indonésia, conhecidas como Kopassus, foram treinadas na Austrália. O prêmio, disse Evans, eram "ziliões" de dólares.
Ao contrário de Muammar al-Kaddafi e Saddam Hussein, Suharto morreu pacificamente em 2008 cercado pela melhor ajuda médica que os seus milhares de milhões podiam comprar. Ele nunca correu o risco de ser processado pela "comunidade internacional". Margaret Thatcher disse-lhe: "Você é um dos nossos melhores e mais válidos amigos". O primeiro-ministro australiano Paul Keating encarava-o como uma figura paternal. Um grupo australiano de editores de jornais, conduzido pelo veterano servidor de Rupert Murdoch, Paul Kelly, voou a Djacarta para prestar homenagem ao ditador; há uma foto de um deles a fazer uma reverência.
Em 1991, Evans descreveu o massacre de mais de 200 pessoas por tropas indonésias, no cemitério de Santa Curz, em Dili, capital do Timor-Leste, como uma "aberração". Quando manifestantes colocaram cruzes do lado de fora da embaixada da Indonésia em Canberra, Evans ordenou a sua retirada.
Em 17 de Março, Evans estava em Melbourne para falar num seminário sobre o Médio Oriente e a Primavera Árabe. Mergulhado agora no ocupado mundo dos "think tanks", ele explana acerca de estratégias de grandes potências, nomeadamente a elegante "Responsabilidade de proteger", a qual é utilizada pela OTAN para atacar ou ameaçar ditadores arrogantes ou desfavorecidos sob o falso pretexto de libertar seus povos. A Líbia é um exemplo recente. No seminário também estava presente Stephen Zunes, professor de política na San Francisco University, que recordou à audiência o longo e crítico apoio de Evans a Suharto.
Quanto acabou a sessão, Evans, um homem de fusível limitado, atacou Zumes e gritou: "Quem raios é você? De onde raios você saiu?" Disseram a Zumes, confirmou Evans posteriormente, que tais observações críticas mereciam "um soco no nariz". O episódio foi oportuno. A celebrar o décimo aniversário de uma independência que Evans outrora negava, Timor-Leste está nas convulsões da eleição de um novo presidente; a segunda volta da votação é em 21 de Abril, seguida pelas eleições parlamentares.
Para muitos timorenses, com seus filhos mal nutridos e atrofiados, a democracia é uma noção. Anos de ocupação sangrenta, apoiada pela Austrália, Grã-Bretanha e EUA, foram seguidos por uma campanha implacável de intimidação por parte do governo australiano para afastar a pequena nova nação da fatia a que tem direito das receitas de petróleo e gás do seu leito marítimo. Tendo recusado reconhecer a jurisdição do Tribunal Internacional de Justiça e a Lei do Mar, a Austrália mudou unilateralmente a fronteira marítima.
Em 2006 foi finalmente assinado um acordo, em grande medida nos termos da Austrália. Logo após, o primeiro-ministro Mari Alkatiri, um nacionalista que enfrentou Canberra e opôs-se à interferência estrangeira e ao endividamento ao Banco Mundial, foi efetivamente deposto naquilo a que chamou uma "tentativa de golpe" por "elementos externos". A Austrália tem tropas de "manutenção da paz" em Timor-Leste e treinou seus opositores. Segundo um documento escapado do Departamento da Defesa australiano, o "primeiro objetivo" da Austrália em Timor-Leste é que os seus militares "tenham acesso" de modo a que possa exercer "influência sobre a tomada de decisões em Timor-Leste". Dos dois atuais candidatos presidenciais, um é Taur Matan Rauk, um general e o homem de Canberra que ajudou a afastar o incômodo Alkitiri.
Um pequeno país independente montado sobre recursos naturais lucrativos e caminhos marítimos estratégicos é objeto de preocupação séria para os Estados Unidos e o seu "vice xerife" em Canberra. (O presidente George W. Bush promoveu realmente a Austrália a xerife pleno). Isso explica em grande medida porque o regime Suharto exigiu tanta devoção dos seus patrocinadores ocidentais. A obsessão permanente de Washington na Ásia é a China, a qual hoje oferece a países em desenvolvimento investimento, qualificação e infraestrutura em troca de recursos.
Ao visitar a Austrália em Novembro, o presidente Barack Obama emitiu outra das suas ameaças veladas à China e anunciou o estabelecimento de uma base dos US Marines em Darwin, bem em frente às águas de Timor-Leste. Ele entende que países pequenos e empobrecidos podem muitas vez apresentar a maior ameaça à potência predatória, porque se eles não puderem ser intimidados e controlados, quem poderá?

O original encontra-se em www.johnpilger.com/...
Este artigo encontra-se em http://resistir.info