terça-feira, 14 de agosto de 2012


Intervenção na Síria: as perigosas consequências globais

Sami Ramadani (entrevista ao The Real News Network, TRNN, traduzida)
Sami Ramadani é conferencista de Sociologia da London Metropolitan University

PAUL JAY (Jay), EDITOR CHEFE, TRNN: Bem-vindos à The Real News Network. Sou Paul Jay, falando de Baltimore.

Continuamos aqui nossa série de entrevistas, para entender melhor as forças em disputa na Síria. Hoje, recebemos Sami Ramadani, professor Livre Docente de Sociologia da London Metropolitan University. Ramadani foi refugiado político do regime de Saddam, no Iraque. Hoje, fala conosco, de Londres. Obrigado por nos receber, Sami.

SAMI RAMADANI: Você é muito bem-vindo.

JAY: Os telespectadores que não assistiram às primeiras entrevistas, assistam, porque aqui prosseguimos na discussão. Por que a Rússia está tão empenhada em defender a Síria, mesmo sabendo que defender a Síria implica confrontar-se diretamente com os EUA?

RAMADANI: Há várias questões que envolvem a Rússia. Acho que, depois da Líbia, os russos acordaram para o fato de que só restava a Síria, em todo o mundo árabe, com ligações importantes com a Rússia. Rússia e Síria têm ligações importantes há décadas. Os russos armam o exército sírio, no confronto com Israel, há cerca de 50 anos. Têm uma base militar em Tartus: a única base militar russa no Mediterrâneo. Sim, é uma base pequena, nada que se compare ao que os EUA têm na região, mas é uma base na qual os navios russos podem, no mínimo, ser reabastecidos. É uma presença russa importante, no Mediterrâneo.

Além disso, os russos entendem o jogo regional exatamente como os norte-americanos o entendem: se a Síria cair, o alvo seguinte será o Irã. E o Irã, obviamente, está à porta da Rússia, os dois países têm fronteiras comuns; e o Irá é aliado estratégico muito importante para a Rússia, em termos da geopolítica mundial, não só regional. Quero dizer: combine Síria e Irã, e é fácil ver que a Rússia sente-se diretamente ameaçada.

JAY: Até que ponto a Rússia levará tudo isso? Quero dizer: se os países ocidentais, particularmente esses dos quais temos falado, Turquia, Arábia Saudita, Qatar, EUA e alguns europeus pularem nesse barco, quero dizer, se decidirem intervir mesmo sem resolução da ONU, — e não sei se o farão, mas talvez... — até que ponto irá a Rússia, no sentido de... continuarão a apoiar a Sírria em conflito armado direto contra o ocidente? E a que isso levará?

RAMADANI: Bem... Sou pessimista. Entendo que em cinco, dez anos, essa coisa toda pode levar a uma guerra mundial, porque, se o Irã for atacado nessa conflagração, nada garante que a Rússia, ou, quem sabe, a China, não intervirão? Infelizmente, Paul, estamos falando de um mundo extremamente perigoso.

Uma das razões pelas quais digo isso é que nós estamos também numa crise mundial da economia capitalista. A economia capitalista mundial, inclusive a economia dos EUA, está em crise profunda. E se se estuda a história, sempre aconteceu: crises econômicas profundas sempre levam a guerra. É tendência quase espontânea. Não exige longo planejamento, porque o complexo industrial militar é massivo. É provavelmente o segmento mais importante da economia, e tem considerável peso político. E se guerra significa que o complexo militar industrial ficará mais satisfeito, a guerra é inevitável. Sinto que nessa muito perigosa linha de contato em que se aproximam Síria, Líbano, Irã, Iraque, sempre se fala de um enorme potencial de conflito.
JAY: Seu argumento não é só de que a intervenção estrangeira interferirá na natureza do conflito na Síria e será desastre para o povo sírio, mas também, como você escreveu num de seus artigos, será um desastre para todo o planeta.

RAMADANI: É exatamente o que penso, por causa dos problemas regionais circundantes e a situação econômica mundial, e o fato de que a Rússia está recobrando parte do poder militar que perdeu. A situação econômica melhorou, na Rússia, nos últimos dez anos. Isso, porque, depois do colapso da União Soviética, a Rússia passou por período de desestabilização, nos anos 60s e 70s, muito pobre, economicamente. E já recuperou, pelo menos em parte, o que perdeu.

A China, sim avançou muito, economicamente e militarmente. Não acho que estejam em posição que obrigue esses dois países a aceitar um mundo totalmente monopolar, com os EUA na posição dominantes, nem, sequer, a OTAN.

Estamos falando também de outros países emergentes, e eles podem pular no barco com China e Rússia. Não sei da Índia, que ainda está oscilante. Será que os indianos se sentirão ameaçados nessa marcha rumo à guerra? Ou jogarão seu peso com a OTAN e, talvez, ganhem o Paquistão, como recompensa, e o fim da disputa pela Cachemira? Todos esses problemas são interconectados.

JAY: Por isso mesmo, eu disse, na entrevista anterior, que as coisas estão semelhantes, em vários sentidos, ao mundo de antes da I Guerra Mundial, embora, se se considera a depressão, já parecem mais, também, com o período imediatamente antes da II Guerra Mundial. Mas, seja como for, é situação extremamente perigosa. Voltemos à Síria. Prossiga, por favor.

RAMADANI: Só há mais um ponto a acrescentar, Paul. Uma das razões pelas quais a Rúsia está-se tornando cada dia mais intransigente na questão da Síria, também como já escrevi, ao analisar a oposição síria, é a oposição democrática, cada vez mais intimamente ligada à Arábia Saudita e aos EUA. Se esses laços não fossem tão estreitos, a Rússia não teria de envolver-se tão profundamente, porque a Rússia não é aliada diretamente de Assad. A Rússia tem interesses na Síria, ou, pode-se dizer, numa Síria que não seja aliada absoluta dos EUA e da Arábia Saudita. A Rússia pode tolerar uma mudança de regime, mas não pode tolerar mudança de regime que resulte na tomada do poder por grupos armados por sauditas, quataris, turcos e norte-americanos.

JAY: OK. Nesse caso, como se sai disso tudo? Sei que nada do que se diga nessa entrevista mudará o mundo. Mas em termos do destino do que você chama de forças mais democráticas dentro da Síria... O que querem esses grupos? O que querem hoje? E o que é possível?

RAMADANI: Pelo que tenho lido deles, todos estão deprimidos. Mas não mudaram de linha. E que outra linha haveria para eles? Afinal, estão oferecendo respostas às demandas do povo sírio. Querem democracia. Querem melhores condições de vida. Mas, de fato, também já estão dizendo: Calma... Se esse conflito armado continuar, a própria Síria estará sendo ameaçada, a sociedade síria não resistirá a esse tipo de ataque, teremos aqui situação semelhante à do Iraque, talvez ainda pior. De fato... que mais poderiam dizer?

JAY: É, é o que também tenho ouvido dos sírios com quem converso, amigos – e são pessoas que não, de modo algum, foram ou são favoráveis à intervenção: são pessoas que não são favoráveis ao ocidente, desse modo. O que querem é uma Síria independente, país soberano. São simpáticos ao que você chamou de oposição democrática. São contra a militarização da oposição. Mas dizem que a única saída, agora, é que a família Assad deixe o governo – pelo menos, o próprio Assad. Que essa seria condição indispensável para iniciar negociações, porque enquanto Assad permanecer no poder, prosseguirá a militarização do regime e das disputas. Dizem também... As forças pró-militarização talvez não pensem assim, mas a sociedade síria tem meios para fazer valer sua ideia de que, agora, a luta tem de parar. Depois de Assad deixar o governo, mais ou menos como aconteceu no Egito... Não pode haver mubarakismo sem Mubarak. De qualquer modo, a situação não é semelhante à no Egito. Que lhe parece? Você acha que os sírios melhor fariam se exigissem simultaneamente o fim da intervenção e o fim do governo de Assad?

RAMADANI: Minha opinião... Bem... O caso é que eu não acho que o problema seja Assad. Assad é um símbolo. O que está acontecendo é que, porque a oposição armada deseja o fim do governo de Assad, o povo e as elites em torno do regime não deixarão que Assad deixe o governo, mesmo que decida renunciar. O que quero dizer é que... Aquela elite síria e boa parte do povo sírio já sabe que a atual oposição armada não é a legítima oposição síria. Se fosse, seria possível negociar. Seria possível negociar com qualquer tipo de oposição democrática. Se houvesse oposição democrática, seria possível, até, negociar a partida de Assad.

JAY: Tenho conversado com jornalistas que estiveram lá, e, sim, viram apenas uma mínima parte do que está acontecendo, mas falaram com membros da oposição, inclusive com grupos envolvidos na luta armada, e dizem que muitos combatentes não são islamistashardcore e que não é só o Exército Sírio Livre associado aos sauditas, que há muitos combatentes, locais, de lá mesmo, que lutam legitimamente pelo fim da ditadura de Assad. Não se pode dizer que não sejam legitimamente sírios.

RAMADANI: Não, não. Você tem toda a razão. Não se discute. Falei da principal força militar, do pessoal que está recebendo os rifles com visão noturna e mira telescópica, do pessoal da OTAN, dos grupos que estão recebendo foguetes antitanques.

JAY: E há boatos hoje de que estão recebendo agora mísseis equivalentes aos Stingers. Parece que receberam 20, 30 mísseis capazes de derrubar helicópteros.

RAMADANI: Perfeitamente. Foi exatamente o que os EUA fizeram no Afeganistão, com osmujahideen contra as forças soviéticas, se você lembrar.

JAY: Porque é importante distinguir, porque nem todos os combatentes envolvidos na luta armada são essa gente de que você fala aqui.

RAMADANI: Minha opinião é que os que estão na ofensiva são, principalmente, os que recebem apoio de fora. Mas há combatentes que defendem sua família, e que estão em posição mais defensiva. E há as forças democráticas na Síria, cuja literatura andei lendo. Eles referem-se a esse ‘outro povo’. Eles falam muito dessas pessoas. Dizem que conhecem os que andam armados, e que estão armados para proteger as respectivas casas e vizinhança, ou a própria família. Esses, ahsolutamente, não empreendem ofensivas; não desencadeiam operações repentinas em Damasco ou Aleppo. É preciso demarcar esse tipo de diferença.

Essas forças, que estarão na ofensiva, tentando ocupar vizinhanças e cidades. Conseguiram ocupar Aleppo, porque está a poucas milhas da fronteira turca – muito próxima, e controlam as linhas de suprimento que vêm da Turquia. Criarão ali uma situação semelhante à que criaram em Benghazi na Líbia, de modo que o armamento mais pesado possa entrar na Síria e estejam armados para iniciar guerra frontal em território sírio. Mas essa agenda é agenda estrangeira.Não é agenda do povo sírio.

JAY: De fato, se houver intervenção armada, a força de intervenção mais provável será turca? Não vejo outra. Quero dizer, sim, os americanos, mas é difícil que, em ano eleitoral, Obama inicie mais uma guerra ali. Quero dizer... Talvez alguma coisa aérea. Mas, se a guerra acontecer no solo, terão de ser os turcos? Talvez os sauditas?

RAMADANI: Os turcos, sim, sem dúvida. Mas isso não significa que seja o exército turco. Há ali muitos árabes que falam turco. E há sírios que vivem na Turquia, há sauditas, qataris, líbios, os quais, por falar deles, chegaram às centenas à Turquia e já se infiltraram na Síria. Hoje, combatentes de todo o planeta estão sendo convocados para luta guerra jihad na Síria. Há também mercenários, como escreveu o conhecido jornalista egípcio Mohamed Hassanein Heikal, contratados pela empresa Blackwater. São 6 mil mercenários treinados nos Emirados, que falam árabe e que já entraram na Síria. Estamos, de fato, falando de ampla e complexa campanha de desestabilização.

Acho que os EUA estão em situação semelhante à do Iraque: se não conseguirem controlar a situação, melhor que o país seja destruído. Sei que é terrível dizer isso. Mas foi ideia de um político dos EUA, terrível, que sugeriu que, se você não consegue obter o controle, melhor que o local seja destruído. Horrível que seja, é o que acontecerá na Síria. Se não conseguirem impor lá um governo que agrade a eles, destruirão completamente a sociedade síria. É solução que também se encaixa bem na agenda israelense.

JAY: Seja como for, o que você acha que a sociedade internacional, gente de fora, deveria exigir agora?

RAMADANI: A primeira demanda teria de ser o fim dos combates. Que o regime sírio retire os soldados. A oposição armada teria de parar de lutar, abrir espaço para um cessar-fogo. Mas o movimento teria de vir também da Arábia Saudita, Qatar e Turquia e EUA, que não querem o fim dos combates.

JAY: Tenho de concordar que o único modo de acontecer o fim dos combates seria se sauditas, qataris, turcos e norte-americanos cortassem o fluxo de armas que continuam a entrar na Síria. Mas nada, absolutamente nada, sugere que lhes interesse essa via de ação. Estão operando na direção absolutamente oposta a essa.

RAMADANI: Sim. Acho que se não cortarem o fluxo de armas e dinheiro, e se não acertarem algum legítimo cessar-fogo, haverá terrível guerra civil na Síria. E não só as minorias sofrerão – 40% da população da Síria é constituída de grupos étnicos e religiosos minoritários.

JAY: Mas meus amigos sírios querem o contrário disso, querem maior pressão internacional para por fim ao governo de Assad e para que se crie espaço para negociações.

RAMADANI: Entendo que a posição de Assad ficará muito, muito precária, se a oposição armada depuser armas. Não haverá mais qualquer explicação para a permanência de Assad no poder. E as elites na Síria dirão... Ei! Aqui há uma janela! A oposição armada parou porque sauditas, qataris, turcos e norte-americanos cortaram o suprimento de armas; então, podemos retirar nossos tanques. E é hora de nos livrarmos de Assad.

Essa coisa é dinâmica e a dinâmica nesse momento é que a agenda externa não está dizendo apenas “derrubem Assad”; está dizendo também, além de “derrubem Assad”, que “aceitem um regime pró EUA, pró sauditas, em Damasco”. Se essa agenda não for alterada, o regime de Assad lutará até o último homem e as elites locais lutarão com ele e por ele. Nem as minorias farão oposição a Assad.

JAY: Entendido. Muito obrigado pela entrevista, Sami.

RAMADANI: Você é sempre bem-vindo.

Tradução: Vila Vudu


domingo, 12 de agosto de 2012

Intervenção empurra a Síria para o coração das trevas

Seumas Milne, Guardian, UK

O ocidente e os regimes do Golfo, que apoiam os ‘rebeldes’, não levam a Síria à liberdade; só levam a Síria ao confronto sectário e a mais guerra.
Afinal, a destruição da Síria está em pleno curso, à velocidade máxima. O que começou como levante popular há 17 meses, já é plena guerra civil, alimentada por potências regionais e globais, e que já ameaça espalhar-se por todo o Oriente Médio. A batalha pela antiga cidade de Aleppo prossegue, os dois lados cometem atrocidades, e aumenta o perigo de o conflito alastrar-se para além das fronteiras sírias.
A deserção do primeiro-ministro da Síria é a face mais recente de um golpe que conta com quantidades ilimitadas de dinheiro, mas absolutamente não há sinais de que o regime esteja sob risco de colapso iminente. E a prisão de 48 peregrinos iranianos – ou 48 Guardas Revolucionários disfarçados, conforme a fonte em que você mais acredite – e o crescente risco de a Turquia atacar as áreas curdas na Síria, além da torrente de combatentes jihadistas que chegam à Síria, são amostra do que está em jogo.
A escalada do conflito foi empurrada por forças ocidentais e regionais. A Síria evidentemente não é o Iraque, com centenas de milhares de soldados em campo; nem a Líbia, com ataque aéreo devastador. Mas o sempre crescente fornecimento de armas, de dinheiro e de apoio técnico, por EUA, Arábia Saudita, Qatar, Turquia e outros, nos últimos meses, mudou dramaticamente o destino dos ‘rebeldes’ e o número de mortos.
Até aqui, Barack Obama tem resistido às exigências dos falcões de direita e neoconservadores que clamam por ataque militar direto. Em vez de ataque direto, autorizou aumento nas operações clandestinas da CIA, à moda do que os EUA fizeram na Nicarágua, de apoio aos ‘rebeldes’ sírios.
Os EUA, que apoiaram o primeiro golpe na Síria, em 1949, há muito tempo financiam grupos de oposição. Mas, no início de 2012, Obama assinou ordem secreta autorizando ações clandestinas (além de apoio financeiro e diplomático também clandestino) à oposição armada. Significa, dentre outros movimentos, agentes da CIA em campo, assistência no campo das comunicações e nas ações de “comando e controle”, além de direcionamento de suprimento de armas e munição para grupos sírios, através da fronteira turca. Depois que Rússia e China bloquearam a última tentativa de os EUA obterem mandado da ONU para promoverem mudança forçada de regime na Síria mês passado, o governo dos EUA fez saber que ampliaria o apoio aos ‘rebeldes’ e que trabalharia em coordenação com Israel e Turquia, em planos de “transição” para a Síria.
“Vocês viram que, nos últimos meses, a oposição foi fortalecida” – disse um alto funcionário do governo Obama ao New York Times, 6ª-feira passada. “Agora, estamos prontos a acelerar esse processo”. Para não ficar de fora, William Hague vociferou que a Grã-Bretanha também estava ampliando o apoio “não letal” aos ‘rebeldes’. Os governos autocráticos da Arábia Saudita e do Qatar garantem dinheiro e armas, como confirmou essa semana o Conselho Nacional Sírio apoiado pelo ocidente; e a Turquia, membro da OTAN, montou uma base de logística e treinamento para o Exército Sírio Livre na, ou próximo da, base norte-americana de Incirlik.
Para os sírios que querem dignidade e democracia num país livre, a dependência de apoio externo, que cresce sem parar como erva daninha dentro de seu movimento original, é desastre absoluto – maior, até, que o desastre que desabou sobre a Líbia. Afinal, quem hoje decide quais grupos recebem dinheiro e armas é o regime ditatorial e sectário dos sauditas, não os próprios sírios. E são agentes da inteligência dos EUA e ditaduras regionais que apoiam a ocupação israelense de território sírio, quem decide quais grupos recebem armas.
Ativistas da oposição insistem em que preservarão a própria autonomia, baseados em apoio popular firmemente enraizado. Mas a dinâmica do apoio externo facilmente tornará dependentes os grupos locais, que cada vez precisarão mais dos instrumentos que os patrocinadores lhes prometem, do que dos grupos que dizem representar. O dinheiro do Golfo já aprofundou tragicamente o sectarismo religioso no campo ‘rebelde’, e notícias de confrontos entre os grupos armados em Aleppo essa semana comprovam o alto risco de os grupos armados dependerem mais de forças externas do que de suas respectivas comunidades.
O regime sírio é, claro, apoiado por Irã e Rússia, e assim foi durante décadas. Mas melhor analogia para o envolvimento do ocidente e do Golfo na insurreição síria seria, por exemplo, haver iranianos e russos patrocinando uma revolta armada, digamos, na Arábia Saudita. Para a mídia ocidental, que insistiu em noticiar o levante sírio como se fosse combate unidimensional por liberdade, a evidência já inescapável de ‘rebeldes’ que torturam e executam prisioneiros – além dos sequestros ao estilo al-Qaeda, que mais uma vez descobrem-se aliados dos EUA – parece ter sido um choque.
Na realidade, a crise síria sempre teve múltiplas dimensões que cruzavam as linhas de divisão mais sensíveis da região. No nascedouro foi levante genuíno contra regime autoritário. Mas muito rapidamente metamorfoseou-se e converteu-se em conflito sectário, no qual o governo de Assad, no qual predominam os alawitas, pôde apresentar-se como protetor das minorias – alawitas, cristãos e curdos – contra uma maré de oposição dominada por sunitas.
A intervenção da Arábia Saudita e de outras autocracias do Golfo, que tentavam se autoproteger contra o levante árabe mais amplo, jogando o trunfo do antixiismo, visa, muito visivelmente, a um resultado sectário, não democrático. Mas há a terceira dimensão – a aliança entre Síria, Teerã e o movimento da resistência dos xiitas do Hezbollah libanês, e essa dimensão converteu a luta na Síria em guerra por procuração contra o Irã e em conflito global.
Muitos na oposição síria poderão argumentar que não lhes restou alternativa senão aceitar o apoio estrangeiro, se quisessem defender-se da brutalidade do regime. Mas, como diz o líder da oposição independente Haytham Manna, a militarização do levante enfraqueceu sua base popular e democrática original – ao mesmo tempo em que aumentou dramaticamente o número de mortos.
Hoje, é alta a probabilidade de que a guerra espalhe-se para fora da Síria. A Turquia, com grande população de alawitas, além de uma minoria curda que enfrenta longos anos de repressão, reclamou para si o direito de intervir contra os rebeldes curdos na Síria, depois que Damasco retirou seus soldados das cidades curdas. Confrontos disparados pela guerra síria intensificaram-se no Líbano. Se a Síria for fragmentada, todo o sistema de estados e fronteiras do oriente pós-otomano virá também abaixo.
É o que pode acontecer agora, independente de por quanto tempo sobreviva o regime de Assad. Mas a intervenção na Síria está prolongando o conflito, em vez de apressar qualquer solução durável.
Só um acordo negociado, que o ocidente e seus amigos tão encarniçadamente bloquearam, pode agora dar aos sírios a chance de decidir sobre o próprio futuro – e impedir que o país mergulhe no coração das trevas.

Tradução: Vila Vudu

sábado, 11 de agosto de 2012

Hillary Clinto visita a Turquia para conspirar contra a Síria

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton visitou a Turquia para manifestaram o seu temor de que a Síria se torne um santuário para "terroristas do PKK ou da Al-Qaeda". Ela afirma que existem "ligações entre o Hezbollah, o Irã e a Síria para prolongar o regime de Damasco".
Após um encontro com o ministro das Relações Exteriores turco, Ahmet Davutoglu, Hillary também se comprometeu a "acelerar o fim do banho de sangue e do regime Assad" na Síria, durante uma entrevista coletiva à imprensa em Istambul. A afirmação é totalmente hipócrita porque é justamente o governo norte-americano o maior financiador dos mercenários estrangeiros que promovem banhos de sangue na Síria para mudar a geopolítica regional, favorecendo os EUA e Israel, e enfraquecendo a influência e presenças da Rússia e China.
"A Síria não deve se tornar um santuário para os terroristas do PKK", disse ela, referindo-se ao movimento armado curdo que combate o governo da Turquia, aliado de Washington. A estratégia norte-americana é cooptar a Turquia em suas conspirações e ações terroristas contra a Síria, através do oferecimento de apoio à luta contra o PKK, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão, que não aceita o apoio e proteção do governo turco aos mercenários estrangeiros que utilizam as fronteiras com a Turquia para atacar o território sírio.
A chefe da diplomacia americana também justificou as sanções contra o partido político xiita libanês Hezbollah decididas na véspera por Washington.
"Seguimos aumentando a pressão externa. Anunciamos ontem em Washington sanções destinadas a expor e a romper os vínculos entre Irã, Hezbollah e Síria, que prolongam a vida do regime de Assad", declarou Hillary.
A secretária de Estado afirmou ter abordado planos operacionais com a parte turca com o objetivo de acelerar o fim da guerra na Síria, entre elas a decisão do governo britânico de enviar dinheiro aos mercenários estrangeiros que promovem ataques terroristas na Síria.
O ministro Davutoglu, cujo país combate o PKK desde 1984, considerou que "não há lugar para um vazio de poder na Síria" que possa beneficiar os rebeldes do PKK, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão, e destacou que a transição na Síria deve se desenvolver no prazo mais breve possível.
O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou recentemente o regime de Damasco, com o qual Ancara rompeu, de ter deixado várias áreas do norte da Síria com o PKK e alertou que a Turquia poderá exercer o seu direito de perseguir os rebeldes além de suas fronteiras. Na verdade, a Turquia vem apoiando os mercenários estrangeiros, tentando recuperar a influência que tinha na região durante o Império Otomano.

Irã inaugura agência de notícias dos Não-Alinhados

O Irã apresentou nesta quarta-feira oficialmente a agência internacional de notícias do Movimento dos Países Não-Alinhados (MNOAL), enquanto avançam em Teerã os preparativos para realizar a 16ª cúpula da organização, em fins de agosto.O vice-chefe de Comunicações e Relações Públicas da conferência cúpula do movimento, Mohammad Sheikhan, liderou a cerimônia realizada no escritório presidencial e destacou o objetivo de que o novo meio seja o "mensageiro da paz e da justiça no mundo".
Sheikhan destacou o papel que os meios de comunicação em massa desempenham no mundo moderno e expressou confiança de que a agência sirva para contrabalançar a hegemonia das grandes corporações.Em relação ao tema, o vice-chefe deplorou que numerosas empreas econômicas, sistemas hegemônicos e potências mundiais procurem manter sob jugo seus meios "para impor suas ideias e pensamentos corporativistas à comunidade internacional".
"Em contraste, surgiram certos meios de comunicação graças ao despertar das nações ansiosas pela prosperidade e aperfeiçoamento da sociedade humana", afirmou.Sheikhan também manifestou a esperança de que a recém criada agência contribua para preparar o terreno para um "movimento informativo" e para a promover o lema da 14ª Conferência Cúpula de chefes de Estado e de Governo do Movimento.
Sob o título "Paz sustentável sobre a base de um gerenciamento global conjunto", a conferência será aberta em Teerã em 26 de agosto, para especialistas, e será concluída no dia 31 do mesmo mês, após encerrar as reuniões dos ministros de Relações Exteriores e chefes de Estado.
Com quase a totalidade dos convites entregues aos chefes de Estado, um dos últimos ao presidente do Iraque, Jalal Talabani, o Irã acredita que a reunião trianual reforçará seu posicionamento a nível internacional e a solidariedade entre os 118 Estados que participam do MNOAL.Os organizadores da conferência lembram que o objetivo do fóro dos países do terceiro mundo, como indicou a declaração de Havana durante a 6ª Cúpula em 1979, é assegurar "a independência nacional, a integridade territorial e a segurança dos países não alinhados".A República Islâmica receberá a presidência dos Não Alinhados das mãos do Egito, tornando o recém eleito presidente Mohamed Morsi, um islamista moderado, em um dos visitantes mais aguardados da reunião.

Fonte: Prensa Latina


Una guerra en Siria favorecería recolonización de Oriente Medio"

La Organización del Tratado del Atlántico Norte (OTAN) está tratando de buscar un pretexto para suscitar una guerra en Siria, a fin de reavivar el dominio de las antiguas potencia coloniales en Oriente Medio, según declaró un analista político.
“Creo que la OTAN está esperando entre bastidores el momento adecuado, un pretexto y una excusa adecuados, y una justificación humanitaria adecuada, que es básicamente una cortina de humo detrás de la cual llevará a cabo sus viejas estrategias”, afirmó Ken Stone, miembro ejecutivo de la “Hamilton Coalition to Stop the War”, en una entrevista concedida con Press TV.
“Estas viejas potencias coloniales, entre ellas Gran Bretaña, Francia, Italia y Estados Unidos, buscan recolonizar Oriente Medio y Asia Central”, advirtió.
El experto en política también se refirió a los esfuerzos del régimen de Israel por agravar la situación en Siria y advirtió de que un cambio de gobierno en el país árabe podría significar que el nuevo ya no apoye al Movimiento de Resistencia Islámica de El Líbano (Hezbolá) y a la resistencia de Palestina, además de que podría permitir que el régimen de Tel Aviv se establezca y anexe de forma permanente los Altos del Golán.
Estas declaraciones de Ken Stone se producen en un momento en el que continúan los enfrentamientos entre el Ejército sirio y los grupos armados terroristas.
Siria sufre la injerencia de algunos países occidentales y regionales, entre ellos Arabia Saudí y Catar, que a través del territorio turco han dotado a los grupos terroristas de armamento avanzado. El propósito de este flujo de armas es intensificar los ataques terroristas contra el Gobierno de Damasco.
En un reciente acto de injerencia extranjera, el Ejército jordano bombardeó el viernes dos puestos fronterizos sirios en el área Tel Shihab-Turra, a 80 kilómetros al norte de Amán, capital jordana. Asimismo, Francia ha desplegado soldados en la frontera de Siria con Jordania, so pretexto de que la medida tiene como objetivo “ayudar a los refugiados” en la región fronteriza.

sg/aa/

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Confirmado: la mayoría de los “rebeldes sirios” son mercenarios extranjeros

Por Pepe Escobar
Investigadores, periodistas independientes, observadores trabajando sobre el terreno, desde la misma Siria, confirman cada día con sus testimonios, análisis lógicos y otros materiales gráficos que los famosos «rebeldes sirios» —que tanto apoya la prensa comercial— no son más que una gran banda de Contras mercenarios fundamentalistas asesinos en su mayoría financiados por los EEUU y por algunas potencias europeas ávidas de dominación y en coordinación con las monarquías petrodólares déspotas del Golfo vasallas de Occidente, todos operando contra Siria principalmente desde territorio turco, israelí y jordano.
A principios del siglo pasado se trazó una línea en la arena de Acre a Kirkuk. Dos potencias coloniales –Gran Bretaña y Francia– se repartieron tranquilamente el Medio Oriente; todo lo que estaba al norte de la línea para Francia; el sur era de Gran Bretaña.
Muchos reveses –y tragedias concéntricas– después, una nueva línea en la arena está siendo trazada por Arabia Saudí y Catar. Entre Siria e Irak, lo quieren todo. Y hablemos de retorno de los reprimidos; ahora, como parte del compuesto OTAN-Consejo de Cooperación del Golfo (CCG), están en la cama con sus antiguos amos coloniales.
Se puede observar en el video que los «rebeldes sirios», es decir los Contras mercenarios están drogados la mayor parte del tiempo, eso explica su estado de exitación extrema, en el video van a ejecutar a una familia entera que han capturado en su casa por el sólo hecho que dicha familia muy respetada en el pueblo guardaba simpatía por el gobierno del presidente Bashar Al-Assad. Este video ha sido filmado y colgado en internet por los mismos mercenarios muy orgullosos de mostrar sus acciones.


Golpe tras golpe

No importa lo que pregonen los medios militarizados de Occidente, no hay un juego final en Siria todavía. Al contrario: el juego sectario no hace másque comenzar.
Es de nuevo el Afganistán de los años 80. Las más de 100 pandillas fuertemente armadas involucradas en la guerra civil de Siria rebosan de fondos con los cuales el CCG financia sus granadas rusas propulsadas por cohetes y compradas en el mercado negro. Numerosos salafistas-yihadistas cruzan hacia Siria, no solo desde Irak, sino también de Kuwait, Argelia, Túnez y Pakistán, después de llamados embravecidos de sus imames.
Secuestros, violaciones y matanzas de civiles favorables al régimen de Asad se están convirtiendo en la ley del país.
Persiguen todavía con más ardor a los cristianos [1]. Obligan a irse a los exiliados iraquíes residentes en Damasco, especialmente los que viven en Sayyida Zainab, el vecindario de predominio chií nombrado así en honor de la nieta del Profeta Muhammad, enterrada en la hermosa mezquita local. La BBC, dicho sea en su favor, por lo menos informó al respecto [2].
Efectúan ejecuciones sumarias; el viceministro del Interior de Iraq Adnan al-Assadi dijo a AFP que los guardias fronterizos vieron que el Ejército Libre Sirio (ELS) tomó el control de un puesto de la frontera y luego «ejecutó a 22 soldados sirios ante los ojos de los soldados iraquíes».
El cruce Bab al-Hawa entre Siria y Turquía fue invadido por más de 150 muyahidines descritos como multinacionales [3], provenientes de Argelia, Egipto, Arabia Saudí, Túnez, los Emiratos Árabes Unidos, Chechenia e incluso Francia. Muchos proclamaron su fidelidad a Al Qaida en el Magreb Islámico (AQIM).
Quemaron numerosos camiones turcos. Filmaron su propio vídeo promocional. Desfilaron con su bandera de Al Qaida. Y declararon que toda la zona fronteriza era un Estado islámico.

Los Contras mercenarios extranjeros infiltrándose en Siria a través del desierto, cerca de Dara

Entrega tu tarjeta de identidad de terrorista

No hay forma de comprender la dinámica siria sin saber que la mayoría de los comandantes del ELS no son sirios, sino iraquíes suníes. El ELS solo pudo ocupar el cruce fronterizo Abu Kamal entre Siria e Irak porque toda la zona está controlada por tribus suníes visceralmente opuestas al gobierno de al-Maliki en Bagdad. El libre flujo de muyahidines, yihadistas de la línea dura y armas entre Irak y Siria ya está más que establecido.
La idea de que la Liga Árabe –comportándose como portavoz oficial de OTAN-CCG– ofrezca asilo a Bashar al-Assad podría ser tan ridícula como la de que la CIA supervise qué grupos muyahidines y yihadistas pueden acceder a las armas financiadas por Catar y los saudíes.
Al principio, puede haber sido solo un mal chiste. Después de todo, la oferta del exilio provino de exactamente los mismos paragones de la democracia, la Casa de Saud y Catar, que controlan la Liga Árabe y financian a los muyahidines y la yihad anti-Siria.
Bagdad, sin embargo, condenó públicamente la oferta del exilio. Y la secuela –de hecho el mismo día– fue digna de The Joker (sí, el enemigo de Batman): una ola de atentados anti-chiíes en Iraq, con más de 100 muertos, debidamente reivindicada por el Estado Islámico de Irak, la franquicia local de Al Qaida. Su portavoz, Abu Bakr al-Baghdadi, urgió enérgicamente a las tribus suníes de Anbar y Nineveh a que se sumen a la yihad y derroquen el gobierno «infiel» en Bagdad.
El movimiento de ida y vuelta de muyahidines y yihadistas entre Siria e Irak ha sido más que confirmado por Izzat al-Shahbandar, alto miembro del parlamento de Irak y asistente próximo del primer ministro al-Maliki.
Bagdad incluso ha actualizado listas. La frecuencia de cambio solo pudo generar más frenética neolengua orwelliana acuñada por el sitio Moon de Alabama en la web [4].
Los muyahidines y yihadistas activos en Irak ahora son «insurgentes iraquíes». Y los muyahidines y yihadistas activos de Siria siguen siendo los usuales «rebeldes sirios». Todos han sido sacados del servicio activo como «terroristas». Según esta lógica el Batman de Colorado también podría ser descrito como «insurgente».

Seguid el dinero
Tal y como aparece, los idealizados «rebeldes» sirios, más los insurgentes conocidos previamente como terroristas, no pueden vencer a los militares sirios, ni siquiera con la lluvia de dinero y armas de los saudíes y los cataríes.
Tampoco existe evidencia de que el régimen considere una retirada a las montañas alauitas del norte de Siria, como lo evoca la discusión colectiva en los blogs de política exterior. Después de todo los «rebeldes» no controlan ningún territorio.
Lo seguro es quién se beneficiará de la progresiva balcanización de Siria. A la Casa de Saud y Catar les encantaría que la guerra civil se exportara a Iraq y el Líbano; en sus cálculos extremadamente estrechos, eso podría acabar produciendo otros regímenes suníes.
Por lo tanto hay que esperar que los fondos saudíes y cataríes compren a cualquier burócrata sirio bien conectado, incluso a pesar de que la burguesía urbana suní todavía no ha abandonado el barco.
Y a medida que se extiende la guerra civil, un tsunami de armas seguirá inundando Jordania, Líbano, Irak y por supuesto Turquía, reforzando grupos guerrilleros de todo tipo, incluidos los kurdos, una faceta más de la ahora excluida neo-otomana Turquía que contempla impotente cómo se destruyen los Estados tallados en la arena por esa línea colonial de los años veinte del siglo pasado.
Estratégicamente, será siempre una guerra por encargo, esencialmente de Arabia Saudí contra Irán con el apoyo de la Casa de Saud a islamistas de todos los colores en comparación con el apoyo de Catar a «su» Hermandad Musulmana. Pero sobre todo se trata de EE.UU.-OTAN-CCG contra Irán.

Los motivos de Israel van más allá del deseo sectario saudí/catarí.
El primer ministro de Israel Bibi Netanyahu acaba de desenterrar un «bushismo» calificando a Irán-Siria-Hizbulá de «eje del mal». Lo que desea a largo plazo Tel Aviv es obvio: que Washington, con o sin el gobierno de Obama, derribe ese eje.
Mientras tanto, ese objetivo a largo plazo no impide que el ministro de defensa israelí Ehud Barak enloquezca especulando respecto a una invasión de Siria basada en una hipotética transferencia de misiles antiaéreos sirios o incluso de armas químicas a Hizbulá.
Washington, por su parte, adoraría tener por lo menos un dócil gobierno suní en Damasco para acelerar el cerco de Irán sin aumentar los temores sustanciales de Israel. Mientras tanto, lo que pasa por «poder inteligente» no es más que ilusiones glorificadas. Así es como los funcionarios pro Israel de EE.UU. planean una Siria post Asad [5].

Y llega el nuevo Bane
A pesar de todos sus valores de producción, la yihad de la OTAN –en conjunto con afiliados de al Qaida y copiones– todavía no ha logrado el cambio de régimen. No habrá sanciones del Consejo de Seguridad de la ONU, como ya han subrayado tres veces Pekín y Moscú. Por lo tanto sigue apareciendo siempre el Plan B. Este último sale directamente del guión al estilo de Irak: Damasco atacará a los civiles con armas químicas. Duró solo unos pocos ciclos noticiosos.
El presidente ruso, Vladimir Putin, ya lo ha dejado claro: un cambio de régimen es un anatema, especialmente por un motivo que elude la mayoría en Occidente, los yihadistas en las puertas de Damasco significa que estarán muy cerca del Cáucaso, la posible nueva perla de un collar letal tendente a desestabilizar la Rusia musulmana.
El resultado contraproducente, mientras tanto, está listo para atacar como la Medusa. Lo que para todos los propósitos prácticos son escuadrones de la muerte muyahidines/yihadistas de la OTAN y el CCG estarán encantados de sangrar a Siria siguiendo líneas sectarias, en la arena y especialmente en áreas urbanas. Comenzó la temporada de caza, no solo de alauitas sino también de cristianos (10% de la población).
Una política exterior que privilegia a los yihadistas suníes, conocidos anteriormente como terroristas, para que creen un Estado «democrático» en Medio Oriente parece haber sido conjurada por Bane (el malo de la película enThe Dark Knight Rises, el capítulo final de la trilogía de Batman). Y sí, somos sus creadores. Mientras los mejores carecen de toda convicción, y los peores están repletos de intensidad apasionada, un superhombre suní yihadista enmascarado camina hacia su nacimiento en Damasco.

*Pepe Escobar es periodista y autor de Globalistan: How the Globalized World is Dissolving into Liquid War (Nimble Books, 2007) y Red Zone Blues: a snapshot of Baghdad during the surge. Su último libro es Obama does Globalistan (Nimble Books, 2009). Es también corresponsal para el diario Asia Times y analista político para the Real News.

Fonte: Voltairenet, Página 13

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

“Ardo em febre!" E a única receita é bombardear o Irã?!

Pepe Escobar, Asia Times Online

Onde está o grande Christopher Walken, quando se precisa dele? “Ardo em febre!” [1] E a única receita é bombardear o Irã?! É o resumo da história, pelo menos em Israel. E pelo menos nos próximos seis meses, a febre subirá.
No fim de semana passado, o jornal Israel Hayom – financiado pelo magnata de cassinos e companheiro de Mitt Romney, Sheldon Adelson – dedicou um suplemento inteiro à febre. Os artigos levavam manchetes do tipo “Bombardear ou levar bomba: no pôquer, esconda as cartas junto ao peito”.
Antes, semana passada, vazamento para o diário Yediot Ahronot [2] revelou que la crème dos comandantes militares israelenses estão contra a guerra ao Irã – conhecida, em versão asséptica, como “ataque preventivo”.
O elenco de atores é impressionante: o comandante do estado-maior Benny Gantz; o chefe de operações do Exército de Israel Ya'akov Ayash; Tamir Pardo, chefe do Mossad; Aviv Kochavi, encarregado da Aman, comando superior dos serviços de inteligência; os chefes de divisão do Mossad; o comandante da Força Aérea de Israel Amir Eshel; para nem falar de pelo menos quatro ministros dos oito que compõem o “gabinete de cozinha” do primeiro-ministro Bibi Netanyahu.
Há nuances. Alguns admitem que só apoiariam ataque ao Irã, no caso de o Supremo Líder Aiatolá Khamenei – ou inspetores da Agência de Energia Atômica (AIEA) – anunciarem alguma nova hiper arma, que mude o jogo. Outros admitem que só apoiariam ataque ao Irã, se os EUA se engajassem: é o que dizem dois ex-chefes aposentados do Mossad, Meir Dagan e Efraim Halevy; e o ex-comandante do Estado-maior Gabi Ashkenazi.
O jogador chave aqui, é claro, é Gantz, que sempre manteve sobre a mesa a opção de ataque. Mas também fez vazar que sabe que nenhum ataque, mesmo que bem-sucedido, conseguirá destruir o programa nuclear iraniano; e, além disso, teme as repercussões geopolíticas. Quando Gantz admitiu apenas uma pequenina porção de tudo isso, num canal de televisão em Israel, o ministro da Defesa Ehud Barak ordenou que a entrevista “desaparecesse”. [3]
Assim sendo, temos, essencialmente, só Bibi e Barak contra todos os supramencionados. O que impõe, no mínimo, duas perguntas chaves. Como Bibi ordenaria algum ataque, se as mentes mais bem informadas em Israel sabem que o ataque provocaria, no máximo, adiamento de seis meses no programa nuclear iraniano, como o demonstram os detalhados cálculos dos EUA? E que qualquer ataque levaria Teerã a abandonar de vez o “período de latência” atual, prudente, e partir, de vez, para o front bélico superarmado?

Murphy, atenda o telefone!
Negativas que nada negam saltarão de todos os cantos, mas só a população nativa de Alice no País das Maravilhas ainda crê que Israel atacaria o Irã sem ter recebido luz absolutamente verde de Washington. Rússia, China, Paquistão, todo mundo conhece em detalhe a movimentação do jogo das cadeiras de EUA-Israel, antes de algum possível ataque ao Irã. [4]
Ira Sharkansky, professor de Ciência Política da Universidade Hebraica, que assina um blog do jornal Jerusalem Post, menciona mais um ex-chefe do Mossad a dizer que Israel não deve – e provavelmente nem tentará – agir sem claro consentimento dos EUA.
Um novo blog coletivo de política externa (http://www.gatestoneinstitute.org/3252/the-call-something-has-changed-in-israeli) tentou responder alguns dos imponderáveis. Mas, no frigir dos ovos, é aquela velha máxima de Hollywood: ninguém sabe de nada.
Ninguém sabe se os militares israelenses arranjarão alguma espécie de rota aérea mágica (que, por exemplo, não sobrevoe o Iraque; e ninguém nem pense em atacar por terra, ou usar a bomba atômica). Embora Israel tenha meios para lançar uma operação “Mini-Choque e Pavor” contra posições do Hezbollah no Líbano; embora ainda guarde número suficiente de mísseis estoura-bunker de modelo antigo para atingir instalações iranianas escondidas em montanhas.
A Lei de Murphy aplica-se aqui. Até o Pentágono sabe que tudo que pode dar errado, pode, sim-senhor, dar muito, muito errado, mesmo. [5]
E ainda que nada disso fosse assim, permanece a pergunta de um trilhão de dólares: que tipo de jogo joga, de fato, o presidente Barack Obama dos EUA?
Tudo seria perdoado, se se tratasse de delírio causado por exposição prolongada ao sol do verão. Mas estamos falando de guerra, guerra preventiva, ação de quem finge que não vê a lei internacional – e baseada um conjunto concêntrico de hipóteses fracas, para nem falar das mentiras.
A Agência Internacional de Energia Atômica, o “US National Intelligence Estimates (NIEs)” e até a inteligência israelense já sabem que não há programa iraniano de armas nucleares. A Rússia – que tem milhares de técnicos trabalhando no Irã – também sabe.
A noção de que o Irã seria ameaça a Israel é fantasia brotada de manifesto Dadaísta. Israel é real – não apenas suposta ou declarada – potência nuclear (e nunca assinou o Tratado de Não Proliferação). O Irã (signatário do TNP) não é potência nuclear.
Como John Glaser, da página Antiwar.com, resume bem: “os EUA já cercaram militarmente o Irã, já organizaram e executaram operações clandestinas, com Israel, vivem a ameaçar o Irã com ataques militares preemptivos, e impões as mais duras sanções econômicas contra o Irã”. [6] Ameaça? Quem, aqui, ameaça quem?
Pois é verdadeiramente incrível o modo como Telavive consegue perpetrar, uma depois da outra, as mais fabulosas operações de propaganda – pelo menos no que tenha a ver com manter a opinião pública nos EUA em estado permanente de lavagem cerebral – só mudando a linha vermelha. [7]
Basta ler atentamente a entrevista de Barak à CNN que se vê em 30/7/2012, CNN, http://politicalticker.blogs.cnn.com/2012/07/30/cnns-gut-check-for-july-30-2012/?iref=storysearch.
Está tudo ali. Não há qualquer tipo de programa iraniano de armas nucleares. O Irã não ameaça ninguém – nem imediatamente nem de qualquer outro modo. O que se conhece naquela entrevista é um ministro da Defesa de um país declarando que outro país fica proibido de pôr o pé numa “zona de imunidade” dentro da qual estaria protegido e nunca seria perturbado, atacado, bombardeado, invadido.
Imagine se fosse um ministro chinês ou russo da Defesa (chinesa ou russa) que dissesse, em tom de quem discute futebol, o que Barak disse com todas as letras na televisão dos EUA.

De volta ao Grande Jogo
Todos os enroladíssimos conversa & pressupostos que garantiriam a possibilidade de um ataque de Israel ao Irã não passa disso: enrolação.
Vários países – dentre os quais Japão, Coreia do Sul e Brasil – têm toda a capacidade necessária para montar uma bomba atômica: a tecnologia é velha, de décadas. Não significa que terão bomba atômica.
A evidência de que Teerã permite as inspeções imensamente intrusivas da AIEA e de que fez várias concessões ao longo de vários anos, muito maiores do que as concessões às quais seria obrigada pelo TNP, prova que o Irã não deseja construir uma bomba amanhã (nem ontem, segundo Israel). E mesmo que desejasse, a construção sempre seria detectada a tempo.
No pé em que estão as coisas, Obama parece estar apostando que Bibi, jogador de pôquer, não terá coragem para ordenar ataque contra o Irã enquanto ele, Obama, habitar o Salão Oval. É argumento bem plausível para explicar por que Obama poderia ser tentado a lançar uma surpresa de outubro; mas o mais provável é que Obama, pragmático ultracauteloso, só decida pelo ataque em situação de absoluto desespero. Quanto a Bibi, ele adoraria que Washington fizesse por ele o serviço sujo (que Israel, como Benny Gantz sabe muito bem, não tem meios para fazer). Portanto, Bibi já está operando em modo “À espera de Mitt”.
Quanto ao Grande Quadro – o Novo Grande Jogo na Eurásia –, o programa nuclear iraniano é só um pretexto; de fato, o único que resta hoje no mercado. Vai muito além de Israel e sua própria febre regional.
Se se perscruta a densa neblina que envolve 33 anos de desconfianças entre Washington e Teerã, a febre de Washington nunca cedeu, desde Clinton I e II até Bush I e II e até Obama e depois: precisamos mudar aquele regime; precisamos lá de uma satrapia persa como havia antes; precisamos de todo aquele petróleo e aquele gás do Golfo Persa e do Mar Cáspio, para o Ocidente, não para o Oriente; temos de controlar esse nódulo estratégico vital na Eurásia. Essa é febre, parece, incurável.

Notas:
1. Veja em http://www.youtube.com/watch?v=fyV2cPLuFuA. Diz ele (em tradução tentativa, mais literal): “Tô pegando fogo! E só me receitam chocalhinho?!”, referência a uma gravação de rock pesado, da qual o personagem reclama. “Cowbell” (lit. “chocalho de vaca”, cincerro) é um instrumento musical. Pode ser visto em http://www.playtech.com.br/ch/cat/691/0/maisvendidos/decrescente/15/1/0/0/.aspx [NTs].
2. 31/7/2012, “Bibi Can't OK Iran Strike As Defense Chiefs Demur”, Jewish Daily Forward, http://blogs.forward.com/forward-thinking/160275/bibi-cant-ok-iran-strike-as-defense-chiefs-demur/
3. Veja http://www.youtube.com/watch?v=JxvRlFRjN98&feature=player_embedded
4. 6/8/2012, “Israel arranging roles in Iran war theater?”, Russia Today, http://www.rt.com/news/us-israel-iran-war-plan-926/
5. 16/3/2012, “U.S. War Game Sees Perils of Israeli Strike Against Iran”, New York Times, http://www.nytimes.com/2012/03/20/world/middleeast/united-states-war-game-sees-dire-results-of-an-israeli-attack-on-iran.html?_r=4&pagewanted=all
6. 3/8/2012, “Ehud Barak Admits Iran Has Defensive Posture, No Weapons Program”, Antiwar.blog,http://antiwar.com/blog/2012/08/03/ehud-barak-admits-iran-has-defensive-posture-no-weapons-program/?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+AWCBlog+(Antiwar.com+Blog)
7. 6/8/2012, “Can We Still Tell if Iran Decides to Build a Nuclear Bomb?”, The Atlantic, http://www.theatlantic.com/international/archive/2012/08/can-we-still-tell-if-iran-decides-to-build-a-nuclear-bomb/260740/

Tradução: Vila Vudu

terça-feira, 7 de agosto de 2012

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Cuba denuncia planes para sabotear la visita del Papa

Aucaencayohueso publica el video transmitido en la noche del martes por Cubavisión, donde cuatro testigos, ciudadanos mexicanos, revelaron las orientaciones y el financiamiento del Directorio Democrático Cubano, organización pantalla de la CIA, para efectuar una operación de suministros de recursos a grupos de la llamada disidencia cubana. Ellos, además, tenían instrucciones precisas para distribuir propaganda enemiga y realizar otras acciones provocativas en la vía pública.
El propósito de esta operación era apoyar planes subversivos en la Isla, organizados desde Estados Unidos, para sabotear la visita que realizara Su Santidad Benedicto XVI a Santiago de Cuba y La Habana, del 24 al 26 de marzo pasado.
Los mexicanos reclutados por la organización en Miami con estos fines son César Pérez Zúñiga, Francisco Rojas, Luis Alcocer Pantoja y Marco Dorantes Rojas. También, Luis Antonio Nequiz Castañeda, Moisés Torres Suárez, Bruno A. Aguilera y Refugio Gustavo Castellanos, quienes ofrecieron su testimonio a la Televisión Cubana.
El programa especial reveló otras instrucciones emitidas en Miami para ocupar las iglesias en Cuba. Cada participante recibiría un pago en dólares, lo que prueba una llamada telefónica donde se escucha a Ibrahím Bosch, del Partido Republicano Cubano, quien reconoce que ha enviado una parte del dinero para penetrar los templos y promete más, si se cumplen las órdenes.
De acuerdo con las declaraciones de los mexicanos, entre los destinatarios de los medios y el financiamientos para estas acciones en el contexto de la visita del Papa a la Isla se encuentran, entre otros, una de las Damas de Blanco, la bloguera favorita de Washington -Yoani Sánchez- y el provocador Jorge Luis García Pérez, conocido como Antúnez.
http://aucaencayohueso.wordpress.com/2012/08/01/cuba-denuncia-planes-para-sabotear-la-visita-del-papa-video/

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Entrevista de Bashar al-Assad à televisão alemã

Jürgen Todenhöfer, rede ARD (Alemanha), programa Weltspiegel

Jürgen Todenhöfer: Sr. Presidente, membros da oposição e políticos ocidentais têm dito que o senhor é o principal obstáculo à paz na Síria. O senhor estaria disposto a renunciar à presidência, sendo essa condição para a paz e para pôr fim ao banho de sangue?

Presidente Bashar al-Assad: Não posso fugir ao desafio que a Síria enfrenta hoje.Hoje a Síria enfrenta um desafio à própria nação. O presidente não pode fugir. Por outro lado, ninguém pode permanecer na presidência sem apoio popular. A resposta à sua pergunta não pode vir de mim. Tem de vir do povo sírio, essa resposta tem de ser resposta pública, que venha em eleições. Eu posso decidir concorrer ou não concorrer a eleições, mas não posso decidir ficar na presidência ou deixá-la. Essa é decisão que cabe ao povo sírio, em eleições.

Jürgen Todenhöfer: O senhor ainda tem maioria de apoio popular na Síria?

Presidente Bashar al-Assad: Se eu não tivesse apoio popular, não poderia permanecer na posição onde estou. EUA estão contra mim, o ocidente está contra mim, muitos poderes e países regionais estão contra mim. Se o povo estivesse contra mim, já não estaria na posição em que estou. A resposta é sim, claro que tenho apoio popular. Porcentagens não sei, nem interessam. Mas não há dúvida de que, para permanecer na presidência da Síria, na situação que a Síria enfrenta hoje, sim, é claro que tenho apoio popular.

Jürgen Todenhöfer: Assisti a algumas demonstrações pacíficas, mesmo em Homs. Não é legítimo que as pessoas exijam mais liberdade, mais democracia, menos poder nas mãos de uma família que governa o país, menos poder para os serviços secretos?

Presidente Bashar al-Assad: Para responder corretamente, temos de corrigir essa pergunta. Na Síria não há “família que governa o país”. Temos Estado na Síria, temos instituições, talvez não instituições ideais, mas temos Estado e não há “família que governa o país”. Temos Estado na Síria. Isso, quanto à pergunta. Agora, posso responder à primeira parte de sua pergunta: é claro que aqueles manifestantes têm direito legítimo de se manifestar. Mas não é verdade que os manifestantes só peçam ‘liberdade’. A maioria dos manifestantes legítimos pedem reformas, maior participação no poder e no governo. Essas reivindicações são legítimas, evidentemente, em qualquer lugar do mundo. Mas a maioria do povo sírio não está nas manifestações. Mas, sim, claro, as manifestações são legítimas.

Jürgen Todenhöfer: A pergunta que todos estão fazendo no ocidente e em seu país é quem matou os milhares de vítimas civis inocentes que morreram nesse conflito? A oposição culpa o senhor.

Presidente Bashar al-Assad: Para saber quem matou, é preciso saber antes quem foi morto. Não há como descobrir o criminoso sem saber quem é a vítima. A vasta maioria dos mortos são apoiadores do governo. Como seria possível ser assassino e vítima, ao mesmo tempo? A maioria das vítimas eram apoiadores do governo; e outra grande parte das demais vítimas é gente inocente que estão sendo assassinados por vários diferentes grupos na Síria.

Jürgen Todenhöfer: O senhor concorda que muitos, ou, pelo menos, uma certa porcentagem desses civis vítimas, foram mortos pelos serviços de segurança do seu governo? O senhor teria essa porcentagem?

Presidente Bashar al-Assad: Não, claro que não. O que temos é um Comitê que está investigando essas mortes. Até aqui, sobre os crimes investigados, os nomes que já temos, as vítimas foram assassinadas por gangues, diferentes tipos de gangues, da al-Qaeda, grupos extremistas, criminosos e grupos de criminosos procurados pela polícia há anos.

Jürgen Todenhöfer: O senhor está dizendo que os rebeldes, que o senhor chama de terroristas, mataram mais civis que as forças de segurança?

Presidente Bashar al-Assad: Não. Estou dizendo que mataram mais agentes das forças de segurança e soldados, que civis que apoiam o governo.

Jürgen Todenhöfer: Mas falando exclusivamente de civis. Os rebeldes mataram mais civis que as forças de segurança, ou as forças de segurança mataram mais civis?

Presidente Bashar al-Assad: Como eu disse, as vítimas que há nas forças de segurança e no exército são em número muito maior que o número de vítimas que há entre civis.

Jürgen Todenhöfer: O senhor diz que há investigações sobre membros das forças de segurança que podem ter matado civis inocentes. E desses, alguém foi punido?

Presidente Bashar al-Assad: Sim. Vários estão presos e vários estão sendo julgados por outros crimes.

Jürgen Todenhöfer: Quem cometeu o massacre de Houla, onde mais de 100 pessoas foram brutalmente assassinadas, entre elas muitas crianças?

Presidente Bashar al-Assad: Gangues de criminosos de fora da cidade, não da cidade, que atacaram a cidade e as forças da lei daquela cidade. E mataram muitas famílias, como você diz, e muitas crianças e mulheres, e, de fato, as duas famílias que foram assassinadas eram apoiadoras do governo. Não eram da oposição.

Jürgen Todenhöfer: Ouvi, de moradores de Houla, sobreviventes das famílias que foram atacadas e mortas, que os atacantes usavam uniformes militares do exército sírio. Por que usavam uniformes militares?

Presidente Bashar al-Assad: É prática que já se observou muitas vezes. O Comitê de investigação sabe que isso acontece: eles produzem vídeos e distribuem vídeos, vídeos falsos, onde aparecem homens fardados com nosso uniforme militar. Esses, ao que se sabe, assassinaram aquelas famílias.

Jürgen Todenhöfer: O senhor está dizendo que é estratégia dos rebeldes?

Presidente Bashar al-Assad: Sim, é. Fazem isso sempre, desde o início. E não só em Houla, mas em vários pontos.

Jürgen Todenhöfer: Quem são esses rebeldes, que o senhor chama de terroristas?

Presidente Bashar al-Assad: São uma mistura, um amálgama de al-Qaeda, outros extremistas, não necessariamente ligados à al-Qaeda, além de criminosos que a Polícia procura há muito tempo (traficantes e contrabandistas de drogas vindas da Europa e que transitam pela Síria, além de outros, muitos dos quais condenados e foragidos da Polícia. É uma mistura de coisas diferentes.

Jürgen Todenhöfer: Quantos seriam esses que lutam contra o governo?

Presidente Bashar al-Assad: Não sei lhe dizer. Calculam-se em milhares.

Jürgen Todenhöfer: Quantos? 20, 30?

Presidente Bashar al-Assad: Não posso lhe dar números, porque não há números precisos.

Jürgen Todenhöfer: O senhor diria que todos esses rebeldes são terroristas?

Presidente Bashar al-Assad: Depende do ato que pratiquem. Se atacam e queimam e destroem, sim, fazem terrorismo em termos definidos na lei. Mas há muita gente implicada nos atos e que não são criminosos, por diferentes razões. Às vezes, a razão é o dinheiro (porque são pagos); às vezes, porque são ameaçados; às vezes movidos por algumas ideias ou ilusões delirantes. Nem todos são terroristas. Essa é a razão pela qual muitos foram absolvidos, quando aceitaram entregar as armas.

Jürgen Todenhöfer: O governo sírio encontrou homens da al-Qaeda, entre esses já foram presos?

Presidente Bashar al-Assad: Sim, sim. Dezenas deles. [JT: De que países?] Acho que quase todos vinham da Líbia e da Tunísia.

Jürgen Todenhöfer: O senhor chegou a ter contato com esses prisioneiros? Com algum deles?

Presidente Bashar al-Assad: Sim.

Jürgen Todenhöfer: Com intérprete?

Presidente Bashar al-Assad: É claro.

Jürgen Todenhöfer: Qual é o papel dos EUA, nesse conflito?

Presidente Bashar al-Assad: São parte do conflito. Oferecem o guarda-chuva e o apoio político àquelas gangues, para romper a ordem, desestabilizar Síria.

Jürgen Todenhöfer: O que o senhor está dizendo é que os EUA garantem o apoio político aos rebeldes, que o senhor chama de terroristas matam civis. É isso? [BA: Exatamente isso.] Nesse caso, o senhor está acusando o governo dos EUA de ser, pelo menos, parcialmente responsável também pelo assassinato de civis na Síria. É isso?

Presidente Bashar al-Assad: É exatamente isso. Se você assegura qualquer tipo de apoio a terroristas, você é cúmplice. Se você garante aos terroristas armamento, dinheiro e apoio político (apoio na ONU, qualquer tipo de apoio), a implicação é que você é cúmplice dos terroristas,

Jürgen Todenhöfer: O senhor sabe que os políticos ocidentais veem a mesma situação de modo diferente do seu [BA: Sei.] e que estão discutindo hoje uma intervenção militar na Síria. Como seu governo reagiria? O senhor retaliaria, contra países ocidentais?

Presidente Bashar al-Assad: Não se trata de retaliação. Trata-se de defender nosso país. É nosso dever e é nosso objetivo. Em nenhum caso se cogita de retaliar contra alguém, seja quem for.

Jürgen Todenhöfer: E a Síria está preparada para um ataque desse tipo?

Presidente Bashar al-Assad: Bem... [semisorriso] Preparados ou não preparados, teremos de defender nosso país. Mas, sim, estaremos preparados.

Jürgen Todenhöfer: Se, para o senhor, os EUA são parte do problema, por que não negocia com eles? Por que não convida Mrs. Hillary Clinton para que venha a Damasco? Por que o senhor não dá o primeiro passo?

Presidente Bashar al-Assad: A Síria nunca fechou suas portas a país algum, nem a nenhum funcionário de nenhum governo que deseje ajudar a resolver o problema pelo qual estamos passando na Síria, desde, é claro, que sejam sérios e honestos. Mas [os EUA] fecharam todas as portas. Seja como for, não há problema conosco: no instante em que decidirem negociar, estamos preparados para ajudar.

Jürgen Todenhöfer: O senhor estaria preparado para dialogar com Mrs. Hillary Clinton? Para andar com ela pelas ruas de Damasco, para mostrar-lhe a hospitalidade síria e atual situação nas ruas da cidade?

Presidente Bashar al-Assad: Já lhe disse que não fechamos portas, nunca fechamos porta alguma, nem aos EUA nem a qualquer outro país. Não falo especificamente de Mrs. Clinton ou de qualquer outro funcionário do governo dos EUA. Sempre negociamos. E já andamos pelas ruas de Damasco com outros funcionários, como você lembrou. E, sim, claro, podemos fazer novamente, claro.

Jürgen Todenhöfer: Passemos, por favor para a situação interna na Síria. As negociações com grupos da oposição é opção realista? Ou o senhor entende que esse conflito terá de ser objeto de disputa armada até o final, por amarga que seja a luta?

Presidente Bashar al-Assad: Verdade é que em qualquer caso, o diálogo é necessariamente a primeira opção estratégica. O diálogo é indispensável. No mínimo, para confirmar que nada será possível fazer pela via pacífica. Mas, mesmo com diálogo, se o diálogo não funciona ou se você é atacado por terroristas, você é obrigado a combater o terrorismo. Você não decidir que só vai dialogar, que não vai responder nem vai defender-se, enquanto terroristas continuam matando seu povo e armando exércitos inimigos.

Jürgen Todenhöfer: E o senhor não poderia dialogar com os que não são terroristas?

Presidente Bashar al-Assad: Dialogamos no verão passado. E repetimos nosso convite, alguns deles aceitaram, conversamos e a oposição apresentou candidatos às eleições, concorreram e hoje têm representantes eleitos no Parlamento. Semana passada apresentaram portfólios ao governo.

Jürgen Todenhöfer: Mas só tiveram 2% dos votos nas eleições...

Presidente Bashar al-Assad: Isso, perdoe, não é nossa culpa [risos]. Não poderíamos ter dado a eles também os votos. Não criamos o governo.

Jürgen Todenhöfer: O senhor estaria disposto a conversar também com a oposição em [Hexa?]?

Presidente Bashar al-Assad: Dissemos que conversaríamos com qualquer um.

Jürgen Todenhöfer: O senhor aceitaria negociar com os rebeldes, se depuserem armas?

Presidente Bashar al-Assad: Sim, e já conversamos. Os que depuseram armas foram julgados, vários foram absolvidos e, hoje, vivem vidas normais, sem problema algum.

Jürgen Todenhöfer: O senhor estaria disposto a negociar com qualquer um, desde que deponham armas.

Presidente Bashar al-Assad: Claro. As conversas começaram antes de eles terem deposto armas. Fizemos todo o possível, até alcançar um bom resultado.

Jürgen Todenhöfer: E quanto ao plano de Kofi Annan? Fracassou?

Presidente Bashar al-Assad: Não. Kofi Annan continua fazendo, até aqui, um trabalho difícil, sim, mas bom trabalho. Está encontrando muitos obstáculos, mas não deve falhar. É excelente plano.

Jürgen Todenhöfer: Qual é o principal obstáculo?

Presidente Bashar al-Assad: O principal obstáculo é que muitos países não desejam que o plano de Kofi Annan dê certo e funcione. Por isso dão apoio político e continuam a fornecer armas e dinheiro aos terroristas que operam dentro da Síria. Querem que o plano fracasse.

Jürgen Todenhöfer: Quem envia armas para seu país? Qual é o país que envia armas?

Presidente Bashar al-Assad: Ainda não encontramos provas concretas, mas há muitas indicações, indícios, que apontam, posso dizer-lhe, principalmente, para Arábia Saudita e Qatar, quanto ao fornecimento de armas contrabandeadas para a Síria. Quanto ao apoio logístico, os indícios apontam para a Turquia [Jürgen Todenhöfer: E os EUA?] Pelo que sabemos até aqui, eles têm garantido apoio político. [Jürgen Todenhöfer: Equipamento de comunicação?] Há alguma informação sobre isso, exatamente. Mas não comentei esse aspecto, porque ainda não temos informação concreta, completa, que confirme isso e que eu pudesse mostrar-lhe.

Jürgen Todenhöfer: E sobre a ideia de Kofi Annan, de um governo de unidade, constituído por grupos de oposição, inclusive o partido Baath.

Presidente Bashar al-Assad: Você está falando do plano da Conferência de Genebra. Sim. Já temos esse governo na Síria. Já há membros do partido Baath no Parlamento e participando do atual governo. Mas é preciso critérios: como se define “oposição”? Podem ser dezenas de milhares, centenas de milhares ou milhões de partidos de ‘oposição’. Todos terão de participar necessariamente do governo? Conforme o número... e se não se define o que seja ‘oposição’, que ‘oposição’ seria essa, criada por força de lei? Não há democracia que opere assim. A democracia exige critérios e exige mecanismos. Para mim, o mecanismo tem de ser as eleições. Você representa uma posição, concorre em eleições, obtém votos, ganha lugar no Parlamento, pode participar legitimamente do governo. Mas, se você ‘se chama’ ‘oposição’, mas não tem votos, não consegue representação no Parlamento, você representa o quê? Você mesmo? Que sentido há nisso? Tivemos eleições parlamentares na Síria, há dois meses.

Jürgen Todenhöfer: Por exemplo, a oposição [ininteligível] que participou das eleições... O senhor aceitaria que participasse de um governo de transição, interim, digamos, temporário...

Presidente Bashar al-Assad: Se aceitarem nossas leis, nossas regras, se não cometerem atos criminosos, se não facilitarem as vias para que a OTAN ou qualquer outra potência externa ataque a Síria, sim, por que não? Eles também têm direito de participar de eleições, se atenderem às condições que os demais partidos também atendem. Não vejo por que a oposição teria de ser banida do país.

Jürgen Todenhöfer: Um homem como Ghalioun, o presidente do Conselho Nacional Sírio...

Presidente Bashar al-Assad: Não é questão que se possa resolver em geral, para todos. Não é questão de nomes. É questão de princípios para todos. Os dossiês policiais terão de ser examinados. Se não se encontrar indício de que tenham cometido crime, nada os obriga a viver fora da Síria, nada os impedirá de concorrer às eleições. Aplica-se a todos.

Jürgen Todenhöfer: Senhor presidente, quando o senhor pensa no que aconteceu aos líderes de Egito e Líbia. Quando o senhor pensa nas imagens que todos viram pela televisão... O senhor não teme por sua família?

Presidente Bashar al-Assad: Estamos falando de coisas diferentes, de situações diferentes. O que aconteceu a al-Gaddafi foi selvageria. Não importa o que tenha feito, não importa quem tenha sido. Com Mubarak a situação foi diferente. Mubarak foi julgado. Qualquer cidadão que tenha assistido ao julgamento pela televisão pode ter pensado: queria eu, estar naquela posição, vivendo como ele está vivendo. Para entender o que há a temer, é preciso diferençar essas duas histórias. É tudo completamente diferente. Não há qualquer semelhança entre o que houve no Egito e o que está havendo na Síria. O contexto histórico é completamente diferente, o tecido social é diferente, e nossa política sempre foi diferente. Se não se podem comparar esses destinos, não há o que temer. Talvez, no máximo, alguma emoção de piedade, ou de lástima por algum destino pessoal mais trágico.

Jürgen Todenhöfer: O senhor enfrenta uma oposição dura, seu país enfrenta uma luta dura, há rebeldes e o senhor sabe o que esses rebeldes fazem e são capazes de fazer. Repito, então minha pergunta: o senhor não teme pela sua família?

Presidente Bashar al-Assad: Nada importa mais, na vida de um homem, que viver conforme suas convicções. Claro que pode haver discordâncias, pode haver quem discorde de você, opiniões diferem. Mas se você trabalha para proteger o povo, por que temer? Há centenas de vítimas. Imagine se houver milhares, dezenas de milhares de vítimas? Esse, sim, é o problema a resolver.

Jürgen Todenhöfer: Para terminar, qual é sua proposta para o final desse conflito? Volto à pergunta inicial: o senhor entende que tenha de lutar essa luta até o fim?

Presidente Bashar al-Assad: Temos de chegar a uma solução, que tem dois eixos. Em primeiro lugar, não podemos aceitar o terrorismo. Esse é um eixo. Temos de combater o terrorismo. Quanto a isso não há discussão. A realidade na Síria é que há alguém matando civis, matando inocentes, matando mulheres, matando crianças, matando seus soldados, matando policiais, matando todos. Temos de combater os terroristas, se não aceitam dialogar. O outro eixo é construir um diálogo político com componentes diferentes, para, simultaneamente, poder promover reformas. Em todo esse processo, o povo resolverá quem serão seus representantes

Jürgen Todenhöfer: Não há meio para que as reformas venham um pouco mais depressa.

Presidente Bashar al-Assad: Esse é um critério muito subjetivo. Parecerão mais lentas para uns, rápidas demais para outros. Você acha que a reforma é rápida, eu acho que é lenta... É critério muito subjetivo. Reformas são coisas que se faz o mais depressa possível, sem pagar preço caro demais em cada etapa, porque sempre há efeitos colaterais, que não podem ser tão severos a ponto de inutilizar a reforma. Isso não depende de mim, nem do governo, nem do Estado e é processo que tem de ser encaminhado conforme o ditem as circunstâncias objetivas na Síria.

Jürgen Todenhöfer: E como, senhor presidente, o senhor espera ver seu país dentro de dois anos?

Presidente Bashar al-Assad: Tenho de ver a Síria, em dois anos, mais próspera. Mais prosperidade implica melhores condições econômicas e melhores condições em geral, em todos os campos. Para tudo isso, é indispensável construir, imediatamente, o que a Síria menos tem hoje e do que mais precisa: segurança. Sem segurança, não há como sonhar com prosperidade.

Tradução: Vila Vudu

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Mercosul: Um passo histórico para a integração continental

Entrada da Venezuela torna Mercosul a quinta maior economia do mundo. Presidentes do bloco exaltam o ingresso. Segundo Dilma, inicia-se uma nova etapa. “Considerando os 4 países mais ricos do mundo, EUA, China, Alemanha e Japão, o Mercosul somado é a 5° força”, destacou. Para Chávez, Venezuela tem sua maior oportunidade em 200 anos.
Vinicius Mansur

Brasília - No exercício da presidência pro tempore do Mercosul até dezembro deste ano, coube ao Brasil coordenar a cúpula extraordinária do bloco, nesta terça-feira, que celebrou a entrada de seu quinto membro, a Venezuela. “Estamos conscientes que o Mercosul inicia uma nova etapa”, disse Dilma Rousseff.
A presidenta afirmou que a entrada venezuelana tem significado histórico por marcar a primeira ampliação do bloco desde a sua criação em 1991, por estendê-lo da Patagônia até o Caribe e por incrementar a economia do Mercosul. “Considerando os 4 países mais ricos do mundo, EUA, China, Alemanha e Japão, o Mercosul somado é a 5° força”, destacou.
De acordo com dados do Itamaraty, entre 2001 e 2010, o comércio da Venezuela com os países do Mercosul aumentou mais de 7 vezes, passando de cerca de US$ 1 bilhão para US$ 7,5 bilhões. Com a entrada do país caribenho, o Mercosul representatá 70% da população da América do Sul (270 milhões de habitantes), 83,2% de seu PIB (US$ 3,3 trilhões) e 72% de seu território (12,7 milhões de km²).
Para o presidente venezuelano, Hugo Chávez, a entrada de seu país no Mercosul o fazia recordar a primeira eleição de Lula à presidência do Brasil, pois ambos episódios “aceleraram a história” e marcaram um novo período de integração entre os países do continente. Em sua chegada a Brasília, inclusive, Chávez, havia afirmado que gostaria de ver o Mercosul englobando mais países, como Equador e Bolívia.
Do ponto de vista econômico, Chavéz disse que a entrada da Venezuela no Mercosul significa “a maior oportunidade histórica que em 2o0 anos apareceu no horizonte”, sobretudo para ajudá-los em um de seus grandes objetivos: diversificar o modelo econômico extremamente dependente do petróleo e “imposto durante todo o século XX”. “Não houve um só governo que tivesse pretendido de alguma maneira desenvolver um projeto nacional, independente, que não fosse derrubado. Todos foram, incluindo o nosso, só que por três dias, graças a resposta popular e das Forças Armadas”, sustentou.
Em um discurso profundo, o presidente do Uruguai, José Mujica, recordou a mentalidade colonial que orientou a política externa dos países da América do Sul durante séculos e a dívida social dela advinda. “Esse é o preço que pagamos ao longo de nossa história porque vivemos muito tempo olhando para o resto rico e sem olharmos entre nós”. Mas, chamou atenção para o momento especial vivido na região. ”Existe vontade política de integração, como nunca teve globalmente a América do Sul. Eu repito: como nunca teve! (...) E temos que ser conscientes: agora ou nunca!”, orientou.
Exemplificando a fala de Mujica, a presidenta argentina, Cristina Kirchner, recordou que em seu país um chanceler dizia “para que ser sócio dos pobres podendo ser sócio dos ricos?”. Para evitar retrocessos e para proteger-se da crise economia internacional, Cristina apontou como tarefa urgentea criação de instrumentos e instituições “que tornem indestrutíveis e indivisíveis esse novo pólo de poder” configurado no Mercosul.

Paraguai

Durante seu discurso na Cúpula, Dilma ratificou que a suspensão do Paraguai se deu exclusivamente pelo “compromisso inequívoco com a democracia” e que as possibilidades de retaliações econômicas que possam causar prejuízo ao povo paraguaio estão afastadas. A presidenta disse ainda que espera que o país normalize sua situação institucional interna para assim reaver seus direitos plenos.

Acordos
Ainda nessa terça-feira, alguns acordos bilaterais e negócios foram firmados. Entre eles está a venda de seis jatos modelo 190, por US$ 270 milhões, pela Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) para o Consórcio Venezuelano de Indústrias Aeronáuticas (Conviasa). O contrato prevê ainda a opção de compra pela estatal venezuelana de mais 14 aeronaves, chegando a um preço total de US$ 900 milhões.
Já a Argentina assinou com a Venezuela um compromisso de aliança estratégica entre as petrolíferas YPF e PDVSA. Sem maiores detalhes, Chávez afirmou que o acordo permitirá a YPF explorar as jazidas venezuelanas da Faixa do Orinoco e permitir que a PDVSA continue com sua presença na Argentina.

Carta Maior

Olimpíadas: o silêncio covarde da mídia