No momento da extradição para a Líbia, domingo passado, entregue covardemente pelas autoridades tunisianas, o Dr. Ali Bagdhadi Mahmoudi expressava preocupação no seu semblante outrora tranquilo. O sorriso permanente deixou o seu rosto desde que a Otan começou a despejar bombas na Líbia, assassinando mais de 200 mil pessoas, para garantir a exploração e domínio do petróleo líbio pelos norte-americanos e seus cúmplices franceses, ingleses e canadenses. O martírio do líder Muamar Kadafi foi outro acontecimento que retirou de vez a alegria de seus olhos. O rosto suave, o sorriso permanente, faziam do Dr. Ali Bagdhadi uma figura reconhecida, querida e admirada pelo povo líbio, por isso ele foi eleito Secretário Geral do Comitê Popular da Líbia, algo que no ocidente corresponde a primeiro ministro, mas que na Líbia da Jamarirya significa verdadeira expressão popular, porque os dirigentes não eram eleitos por voto secreto, eleições manipuladas ou compradas, farsas democráticas, imprensa corrupta. Na Líbia da Jamahiriya o povo não transferia poder: formava Comitês Populares em cada bairro, em cada fábrica, e decidiam seus interesses e problemas praticando a democracia direta.
Enquanto nos Estados Unidos da América temos um tipo de democracia fraudulenta, onde dois partidos dirigem a cena política, financiados por grupos econômicos, corporações, multinacionais, banqueiros e todos os tipos de interesses contrários ao interesse popular, na Líbia Socialista de Muamar Kadafi não havia esse circo para enganar a população. O poder popular era exercido diretamente pelo povo, sem representantes, sem representação, sem partidos políticos. O Livro Verde de Mumar Kadafi explica claramente pontos chaves desse tema: o parlamento é a falsificação da democracia. Não há democracia sem Comitês e Congressos Populares.
Nas conferências e encontros que tive a oportunidade de assistir na Jamahiriya Líbia, o Dr. Ali Bagdhadi conversava despreocupado com qualquer pessoa presente. Trocava idéias, emitia opiniões, conversava de igual para igual com qualquer pessoa. Isto seria impensável na chamada democracia ocidental, onde os ministros se cercam de seguranças e esquemas de proteção para mantê-los longe da população.
Hoje, depois de três anos, vejo a foto do Dr. Ali Bagdhadi nos jornais, no momento de sua extradição à Líbia onde ele será torturado até à morte pelos bandos criminosos que tomaram o poder, financiados e apoiados por potências ocidentais criminosas, colonialistas. Uma quadrilha de criminosos (presidentes e ministros dos EUA, França, Inglaterra, Canadá, Catar e outros) se uniu para ocupar a Líbia e destruir um governo popular e soberano, que estava mostrando ao mundo a farsa da democracia ocidental, e apresentando como proposta a construção do poder popular, onde cada cidadão seria associado e não assalariado, onde a terra é de todos que queiram trabalhar a terra, onde a casa é de quem mora nela.
Por todos esses motivos - e muitos outros mais - a Líbia foi invadida e saqueada, e seu líder martirizado, repetindo os fatos quando a Itália ocupou a Líbia e martirizou o líder Omar Moukhtar em 1931.
O que aconteceu com a Líbia Dr. Ali? Os traidores, mercenários, ratos e canalhas venceram? “Temporariamente”, ele diria.
O que aconteceu com o líder Muamar Kadafi? “Ele pagou o preço por ser honrado, idealista e justo em um mundo dominado por governantes imperialistas, corruptos,traiçoeiros e mercenários”.
Na Tunísia entidades de defesa dos direitos humanos e juristas entraram com ação contra o governo porque praticamente condenou à morte um líbio que havia se refugiado no país, contra sua vontade porque ele desejava seguir para a Argélia, um país soberano, cujo governo tem honra e dignidade para proteger aqueles que buscam refúgio em solo argelino. Argélia que foi atacada e quase destruída pelo colonialismo francês.
O Dr. Ali Bagdhadi está vivenciando agora o que restou de um país atacado e ultrajado pelo imperialismo e seus criminosos aliados colonialistas. Esta é a Líbia que os norte-americanos e seus cúmplices legaram ao mundo: um país onde a tortura é diária, onde os direitos humanos não são respeitados, onde as pessoas são assassinadas impunemente.
José Gil, coordenador do
Movimento Democracia Direta do Paraná
sábado, 30 de junho de 2012
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