sábado, 1 de outubro de 2011

Líbia: os ossos não eram humanos


O chamado Governo de Transição da Líbia convocou a imprensa ocidental para mostrar uma vala comum mas proximidades de uma famosa prisão, dizendo aos repórteres que tratava-se de ossos humanos de vítimas do regime de Kadafi. Imediatamente, milhares de jornais e canais de telvisão dos países ocidentais publicaram e divulgaram as fotos e os “fatos” como se fosse verdade, induzindo a opinião pública a condenar Muamar Kadafi e a acreditar nas boas intenções dos rebeldes líbios financiados e armados por potências imperialistas ocidentais.
Mas a mentira, nos dias atuais, não dura muito tempo. Consultado sobre a vala, Jamal Ben Noor, oficial sênior do Ministério da Justiça e Direitos Humanos afirmou que "Algumas investigações têm sido realizados sobre essa vala comum, especificamente, e não houve nenhuma conclusão ainda". Sobre o local da vala comum situado nos fundos da prisão de Abu Salim, em Trípoli, Ben Noor disse que "poderia ser outra coisa, porque os ossos encontrados aqui são maiores do que os restos humanos normais”.
Funcionários do Conselho Nacional de Transição - CNT, o movimento que depôs o governo líbio, disse no domingo que estava investigando uma vala comum encontrada atrás de Abu Salim. Grupos de direitos humanos ligados (financiados) à ONU, dizem que o governo de Muamar Kadafi reprimiu uma rebelião de presos em 1996 na prisão de Abu Salim, o que justificaria a existência da vala comum, e segundo autoridades do CNT a vala poderia conter até 1.270 corpos.
Entretanto, equipes da CNN e NTC que foram trazidas para filmar e fotografar a vala comum da prisão de Abu Salim encontraram apenas o que parecia ser ossos de animais. A NTC apelou aos governos internacionais para ajudar a investigar o local, que foi descoberto pelas forças rebeldes em 20 de agosto, disse Kamal el Sheriff, um membro do governo de transição.
Ben Noor disse que os funcionários "devem esperar e dar-lhes mais tempo até terminar a investigação." Ele disse que o Ministério da Justiça está investigando uma série de locais similares e podem formar um comitê especial de peritos para analisar os achados. Não seria de se admirar se o governo rebelde trouxesse corpos de líbios massacrados pelas bombas da Otan e depositassem em qualquer local para culpar o líder Muamar Kadafi.
Prisioneiros de Abu Salim se revoltaram em junho de 1996 por condições precárias e restrições nas visitas de familiares, iniciando um levante. Guardas nos telhados teriam respondido abrindo fogo contra prisioneiros em áreas abertas, afirmou o ex-prisioneiro Hussein Shafei à Human Rights Watch, em entrevista anos mais tarde.
O depoimento do ex-prisioneiro conta que autoridades de segurança ordenaram o fuzilamento dos revoltosos, mas os guardas do pelotão de fuzilamento teriam se recusado a disparar, disse Shafei. Depois os presos concordaram em retornar às suas celas, e alguns deles foram levados para áreas de prisão ao ar livre, tiveram os olhos vendados, foram algemado e baleado. Um pelotão de fuzilamento se recusando a atirar em prisioneiros é algo inédito e inverossímel.
Na época, Muamar Kadafi negou que qualquer crime tivesse ocorrido na prisão de Abu Salim. Quando algumas famílias apresentaram uma queixa contra o governo em 2007, a Human Rights Watch disse que o governo líbio ofereceu-lhes uma compensação em troca de seu silêncio, o que, teria impedidoa apresentação de provas sobre o alegado massacre de presos. É inacreditável que todas as famílias de prisioneiros tenham se sujeitado a isso.
A verdade é que as histórias que estão vindo à público após a derrubada de um governo legítimo por parte da Otan e dos governos dos EUA, França e Inglaterra, parecem mais peças publicitárias com objetivos explícitos de manipular a opinião pública mundial. Assim como no Iraque e Afeganistão, governos foram derrubados pela força das armas para que potências estrangeiras pudessem roubar as riquezas naturais dos países ocupados - e embora os governos ocidentais façam discursos sobre liberdade e democracia - os povos dos países ocupados sofrem com falta de água, alimentos, e até mesmo combustíveis. São países ocupados e saqueados, exatamente como no século passado. Os métodos são os mesmos: superioridade bélica e tecnológica, mas os resultados continuam os mesmos: destruição, fome, miséria. A única novidade é a participação direta da imprensa no apoio aos crimes de guerra cometidos por potências ocidentais.

Fonte: Televisão norte-americana 69 News – WFMZ-TV
http://www.wfmz.com/news/Libya-hedges-mass-grave-claim/-/121458/1725316/-/mcvii8/-/

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