Além da semente transgênica da Monsanto, há também a necessidade de os EUA impedirem o acesso do Brasil ao Oceano Pacífico (e à China).
Nada ali se refere exclusivamente ao Paraguai que, apesar de ser nação pequena, localiza-se no coração geopolítico e geoestratégico do continente sul-americano, como já observaram estrategistas brasileiros do século passado. Controlar o Paraguai é fator chave do controle sobre o continente, para os EUA, cuja principal meta é frear o aumento crescente da influência do Brasil, integrante do chamado grupo BRICS, com Rússia, China, Índia e África do Sul.
Recentemente, o Brasil descobriu enormes reservas de petróleo em suas águas, na costa do Atlântico, o que levou o país a melhorar e reforças suas forças navais e aéreas, sobretudo depois de os EUA reativarem a IV Frota, do Atlântico Sul, criada durante a II Guerra Mundial, desativada em 1953 e novamente ativada durante o governo de George W. Bush.
A aproximação entre Brasil, Rússia, China e Índia exige que se estabeleçam novas rotas pelo Pacífico, distantes do Atlântico cada vez mais controlado pela OTAN. O controle político e militar norte-americano sobre o Paraguai é obstáculo considerável no caminho desses interesses do Brasil e, além disso, é passo preliminar nos projetos norte-americanos de constituir um bloco comercial com países seus aliados na América Latina, especialmente México, Panamá (e o canal), Colômbia, Peru, Chile e, agora, o Paraguai. Está sendo construído um verdadeiro “muro do Pacífico”, que visa a cercar o Brasil e impedir que chegue ao Pacífico e que caberá ao Brasil ultrapassar.
O tipo de ‘democracia’ que os EUA desejam...
Ao longo do século 20, a América Latina assistiu a várias tentativas de golpes de estado – civis e militares – orquestrados por EUA, Reino Unido e suas respectivas agências de inteligência, CIA e MI6, que, sistematicamente, orquestraram, financiaram, armaram e promoveram ‘mudanças de regime’ em vários países que resistiam a suas imposições.
Esses golpes de ‘mudança de regime’ instalaram no poder governos pró-EUA que lá permaneceram ao longo de décadas, tendo à frente figuras de fama planetária, como os generais Augusto Pinochet (Chile), Anastasio Somoza (Nicarágua), Aramburu, Onganía e Videla (Argentina), Carlos Andrés Perez (Venezuela), Fulgencio Batista (Cuba), Alfredo Stroessner (Paraguai), dentre muitos outros.
Dividir para governar. Também vale na versão “enfraquecer para governar”. Essa parece ser a pauta fundamental de uma bem provável espécie de ‘primavera latino-americana’, exatamente como também já é pauta hoje da chamada ‘primavera árabe’. É hora de alerta máximo. Há novidades à vista.
Adrian Salbuchi, Russia Today
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